Retrospectiva: evolução dos casos de Covid-19 e dos decretos no litoral


Por Redação JB Litoral Publicado 29/12/2020 Atualizado 15/02/2024

Por Amanda Yargas  

No início da pandemia, o litoral teve um crescimento no número de casos de COVID-19 mais moderado. Medidas restritivas foram adotadas. Na metade do ano, a aceleração acentuada da disseminação do coronavírus acarretou que o Governo Estadual incluísse o Litoral entre as Regionais de Saúde que deveriam seguir uma quarentena restritiva.

As cidades tomaram providências para barrar ou diminuir o interesse de turistas. Mas o segundo semestre trouxe o desgaste das medidas de proteção, o foco na retomada econômica, com a reabertura para turistas, pessoas que nem sempre respeitaram decretos locais, e o estouro no número de casos.

O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, fez um apelo ao bom senso dos paranaenses para que não se dirijam ao litoral no fim de ano. No entanto, a curva de casos e mortes da região mostra que momentos de flexibilização resultaram em aumento mais intenso dos casos.  

MARÇO 

Primeiro caso confirmado no Litoral em Matinhos  

O paciente foi da cidade de Matinhos, já veio do exterior infectado e ficou internado em isolamento no Hospital Regional do Litoral (HRL). Ele tinha procurado atendimento médico 5 dias antes na UPA e foi transferido para o HRL. As 17 pessoas que tiveram contato com ele foram isoladas e receberam acompanhamento. 

Foto: Prefeitura de Paranaguá  

A prefeitura de Paranaguá determinou Toque de Recolher entre 22h e 6h. Uso de máscara passa a ser obrigatório em táxis e carros de aplicativos. O decreto previa multa de R$ 956,57, em caso de descumprimento.  

ABRIL 

A cidade de Matinhos interdita acesso as suas praias, assim como em Guaratuba e decreto determina multa de mil reais para quem descumpra a medida. Durante o ano, essa decisão foi tomada, principalmente, durante os feriados, para evitar aglomerações.  

Nesse mês a COVID-19 faz a primeira vítima fatal no litoral, um homem de 63 anos que estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Regional do Litoral. 

Sai o primeiro Informe Epidemiológico completo da Secretaria de Estado da Saúde. Naquele momento, a 1ª Regional de Saúde de Paranaguá tinha um coeficiente de incidência de 4, dado na proporção por 100 mil habitantes. A Regional estava em 12º lugar no ranking de incidência da doença em relação a outras Regionais, com pouco mais da metade do coeficiente estadual, que era de 7,3.  

MAIO 

Boletim epidemiológico passa a ter o coeficiente de mortalidade por Regional de Saúde e a de Paranaguá já aparece com coeficiente de mortalidade de 1,3 óbitos/100 mil habitantes, maior do que o Estadual, que era de 1,1. A regional estava em sexto lugar na taxa de mortalidade da doença entre as regionais.  

Nesse mês a última cidade sem registros de COVID-19, Antonina, confirma primeiro caso da doença.  

JUNHO 

Foto: Divulgação/ Prefeitura de Pontal do Paraná

Pontal do Paraná e Matinhos instalam barreiras sanitárias para feriado de Corpus Christi. A ideia era evitar que turistas aumentassem a disseminação do vírus na região. A entrada era permitida com comprovante de residência, de trabalho ou em situação de emergência. 

Paranaguá inaugura hospital de campanha para atendimento à COVID-19, montado junto a um anexo do Centro de Diagnóstico João Paulo II, o local contava com 10 leitos de enfermaria e com espaço para até 30.  

JULHO 

Foto: Prefeitura de Paranaguá  

Decreto Estadual inclui Regional do Litoral nas medidas restritivas contra o avanço da doença. A duplicação do número de casos registrados em uma semana e lotação de 95% dos leitos destinados à COVID-19 leva o Governo Estadual a estender o decreto que determinava o fechamento de atividades não essenciais por 14 dias. Além disso, horário e capacidade de atendimento reduzida para o comércio, fechamento aos domingos, atendimento no balcão ou por delivery nos estabelecimentos gastronômicos, serviços de transporte funcionando apenas para atender trabalhadores dos serviços essenciais, entre outras medidas. O decreto começou a valer no mesmo mês que voltaram a ser instaladas barreiras sanitárias de acesso em várias cidades.  

A Regional Paranaguá tem o maior coeficiente de mortalidade no Paraná. 21,5 óbitos por 100 mil habitantes, liderança mantida até o final do mês, após ser ultrapassada pela Regional Metropolitana de Curitiba. 

AGOSTO 

Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral  

Regional Paranaguá tem o maior coeficiente de incidência no Paraná com 1266 infectados por 100 mil habitantes. Ela ocupou essa posição até início de setembro e depois seria ultrapassada pela Regional de Foz do Iguaçu. Situação que se manteve até o encerramento desta edição.  

Em Morretes, o setor de turismo é reaberto com restrições e para entrar na cidade era preciso se cadastrar pela internet. A capacidade máxima era de 3770 visitantes.  

SETEMBRO 

O feriado prolongado da Independência do Brasil, nas cidades do litoral, teve restrições aos visitantes com Guaratuba proibindo a circulação no calçadão, na faixa de areia e o banho de mar nos feriados e finais de semana. A prefeitura realizou blitz sanitárias em diversas partes da cidade com a Polícia Militar. 

Em Matinhos, editou novo decreto, liberando o acesso e a utilização dos calçadões, do mirante (Pico de Matinhos) e das faixas de areia e praias do município, somente para a prática de atividades físicas individuais. Restaurantes, lanchonetes e supermercados foram liberados no fim de semana, com a obrigação de seguir regras de horário, distanciamento e higienização. Comércio de ambulantes na areia, aglomeração de pessoas e a prática de esportes em duplas ou coletivos foram proibidos.  

Somente em Pontal do Paraná que não houve qualquer restrição de acesso no feriado, mas o município manteve Toque de Recolher da meia-noite às 5h do dia seguinte, mas proibiu festas e abertura de casas noturnas. 

OUTUBRO 

Dificuldade de controle faz Guaratuba reabrir praias e o feriado de Nossa Senhora Aparecida mostrou dificuldade do Poder Público em controlar o acesso à faixa de areia.  

NOVEMBRO 

O feriado de Finados, primeiro na era da COVID-19, marcou a dor de 183 famílias de Paranaguá, que tiveram parentes que faleceram por conta da doença.  

Nesse mês a prefeitura de Paranaguá reforça medidas contra o novo coronavírus junto a permissionários e proprietários de bares e lanchonetes, como a utilização de máscaras, o distanciamento social e a higienização. 

Com um novo registro em Antonina, o litoral chega a 200 mortes e com outra morte, em Paranaguá, a cidade marca sua 100ª vítima da doença.  

DEZEMBRO 

As sete cidades do litoral cancelam queima de fogos no Réveillon, numa decisão tomada pela Associação dos Municípios do Litoral do Paraná, para desincentivar a circulação de turistas na virada do ano.  

O Estado anuncia mais leitos para a COVID-19 e apela que paranaenses não viajem às praias. Neste mês foram ativados mais 15 leitos de enfermaria e 5 de UTI, no Hospital Regional do Litoral. A capacidade do sistema de atendimento está no limite e o Governo Estadual orientou que pessoas não viajem para a região evitando, assim, o estrangulamento do sistema. 

E o Governo Estadual lança Operação Verão Consciente, em substituição da Operação Verão, com as Polícias Militar e Civil, o Corpo de Bombeiros e as equipes de profissionais da educação física trabalhando para garantir o cumprimento do decreto restritivo, com Toque de Recolher, Lei Seca e proibição de encontros com mais de 10 pessoas.