Rumo vai comprar 5 mil vagões high tech, para acelerar a descarga


Por Redação Publicado 25/03/2021 às 20h38 Atualizado 16/02/2024 às 05h32
trem, rumo


Por Katia Brembatti

O pacote de investimentos que mudará as características do transporte ferroviário em Paranaguá nos próximos anos inclui a compra de um conjunto de vagões adaptados para agilizar o desembarque de grãos no porto. A Rumo, concessionária dos ramais férreos da Malha Sul, desenvolveu um modelo de vagões que transporta 37% a mais de carga e descarrega em bem menos tempo. Com um sistema pneumático, a descarga que hoje leva 18 minutos em média por vagão passará a ser feita em 1 a 2 minutos. Assim, a operação portuária será muito mais rápida e eficiente.

Israel Castro e Souza, diretor da Execução Sul da Rumo, comenta que a compra dos vagões faz parte de um projeto muito maior, que envolveu obras na Serra do Mar para aumento de capacidade de tráfego, ajustes no sistema de recebimento das composições em Paranaguá e várias ações futuras, que estão em desenvolvimento, como o projeto do Moegão. A empresa também conta com a renovação da concessão da Malha Sul, já em tratativas adiantadas com o governo federal.

Foto/divulgação


Protótipos

Atualmente, o transporte de grãos do Norte do Paraná em direção ao porto de Paranaguá – e também a São Francisco do Sul – é feito por 2,5 mil vagões com capacidade de 80 toneladas cada. Eles têm portas laterais, com necessidade de abertura manual, resultando numa descarga demorada. Ao perceber que precisava de equipamentos para modernizar a operação, a empresa desenhou um modelo adaptado às suas necessidades e buscou fabricantes capazes de construí-lo. Dois protótipos foram desenvolvidos e estão rodando na malha da Rumo, em fase de testes.

Os novos vagões têm capacidade para 110 toneladas e um padrão de abertura por baixo, que escoa toda a carga rapidamente. A Rumo pretende comprar 5 mil vagões e estima que as duas fabricantes levariam de dois a três anos para a entrega total. O investimento é estimado em R$ 150 milhões. A empresa também está em fase de implantação de um sistema de gestão portuária, com leitura de tags e automatização, que deve ser entregue ainda neste ano. O controle tecnológico permitirá rastrear a situação de toda a frota em tempo real.

O diretor da Execução Sul da Rumo explica que o compra dos vagões está aliada à busca por mais capacidade de carga e mais eficiência – diante da constatação da baixíssima velocidade de descarga dos equipamentos atuais. Ele relata ainda que os modelos desenvolvidos já foram homologados e patenteados e que a empresa está agora mapeando a necessidade de ajustes pontuais em terminais. A estimativa é de que a nova frota esteja rodando no momento em que entrar em operação o novo Moegão, obra que deve estar pronta em 2024. Serão três moegas, funcionando em três linhas independentes, cada uma para produtos diferentes, e com capacidade de 60 vagões cada. A moega atual recebe até 100 vagões por dia, mas com o Moegão chegará até a 500. Segundo Israel Castro e Souza, a aquisição dos vagões adaptados será o último estágio do projeto de aumento de capacidade de operação ferroviária da Rumo no porto de Paranaguá.


Menos interferências no trânsito

Atualmente, não só na chegada à Paranaguá, mas também nas manobras perto do porto, o tráfego de trens complica a circulação de pessoas e veículos na cidade. A situação se agravou nos últimos dois anos, depois que a Rumo fez obras na estrada de ferro da Serra do Mar e passou a conseguir descer com composições maiores. Antes, o trecho precisava ser feito com até 48 vagões e agora é possível transitar com até 130. Esses conjuntos maiores representaram também aumento na demora em cruzamentos e, principalmente, de tempo de manobra, já que para fazer a descarga no porto as composições precisam ser divididas em partes menores.

A obra do Moegão deve funcionar também como forma de reduzir os impactos no trânsito da cidade. O número de interferências deve cair dos atuais 53 para, no máximo, 12. Além disso, depois da chegada ao porto, não haverá mais a necessidade de “fatiamento” das composições, diminuindo o tempo de manobra. Com todas essas adaptações e investimentos, a Rumo espera aumentar o transporte ferroviário na região portuária, que hoje está em 25% das cargas e pode chegar a 50% quando as obras estiverem prontas.