Salas de aula tiram o perigo dos estudantes da Ilha do Teixeira de estudar em Paranaguá


Por Redação Publicado 13/12/2021 às 06h00 Atualizado 16/02/2024 às 21h22

Duas salas de aula foram entregues na Escola Estadual de Campo da Ilha do Teixeira, na sexta-feira (10), em Paranaguá. A construção resultou da parceria público/privada entre o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (FUNDEPAR), Núcleo Regional de Educação (NRE), prefeitura de Paranaguá e a empresa Cattalini Terminais Marítimos, por meio do Programa de Responsabilidade Socioambiental.

Os ilhéus terão a oportunidade de concluir o ensino fundamental na própria localidade, sem enfrentar longas distâncias. A obra beneficiará os alunos dos multianos, sistema educacional implantado nas ilhas, do 6º, 7º e 8º, no período da tarde. Durante a cerimônia, o representante do NRE, Adauto Santana, revelou planos de levar o ensino médio para a ilha, “o próximo ponto é também oferecer o ensino médio, o processo já está em curso e a diretora da escola [Rosângela Vieira] já entrou com um pedido”, comenta o assistente técnico do núcleo.

Presente na inauguração das salas, a secretária de Educação, Tenile Xavier, ressaltou a importância da construção dos espaços. “Cada ilha tem suas dificuldades e aqui não é diferente. O espaço não comportava os alunos da rede estadual e municipal. As duas novas salas vêm para não criar o desgaste de esperar uma aula acabar e a outra começar”, diz a servidora. Ela representou o prefeito Marcelo Roque (PODEMOS), na ocasião.

O esforço uniu a própria comunidade para erguer a construção de madeira itaúba, um material resistente que durará por décadas. Planejado inicialmente em alvenaria, o projeto passou por mudanças devido à impossibilidade de usar tijolos pelo cuidado em preservar a fauna da região.

Na solenidade, o controller da Cattalini Terminais Marítimos, Fábio Martins Jorge, enfatizou a interlocução do trabalho em conjunto. “Há três anos a professora Selma veio até nós comentar sobre os problemas vividos por esses estudantes. Depois das conversas, a FUNDEPAR veio com o projeto, a Cattalini que deu os materiais e a prefeitura cedeu o terreno para a construção”, diz o funcionário.

A professora Selma Camargo Meira, que comandou o NRE de Paranaguá na gestão do governador Beto Richa, ganhou uma placa homenageando o trabalho de promover a educação nas comunidades afastadas. A docente entrou na profissão dando aulas às crianças da Ilha de Eufrasina e sempre focou a atenção aos ilhéus. “Se pudesse, comprava um barco para andar pelas ilhas do tanto que eu gosto de ajudá-los. E conhecendo essas regiões entendemos suas necessidades”, exalta a professora.

As grandes distâncias são alguns fatores da evasão escolar presenciada no sistema escolar brasileiro. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estimam que 5 milhões de crianças estão fora das salas de aula. Com a pandemia, o número aumentou 5% no ensino fundamental e 10% no ensino médio.

Entre as dificuldades vividas pelos jovens da Ilha do Teixeira estão o grande índice de animais peçonhentos, que traz um risco enorme a todos. “Como podíamos estudar só à noite, sempre tinha o risco de pisar numa cobra, o que fazia a gente ter muito medo. Agora é muito bom ter uma escola própria, porque assim temos o nosso espaço para estudar”, comenta a estudante Maria Gabriella Xavier, de 12 anos.