Samae vive nove anos de descaso do Poder Público com a empresa


Por Redação JB Litoral Publicado 27/01/2014 Atualizado 14/02/2024

Um trabalho de quase três horas, foi o que durou a audiência pública realizada no plenário da Câmara Municipal com o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto – Samae de Antonina, sobre o problema da deficiência do abastecimento de água na cidade, agravado no final de 2013.

Para responder aos questionamentos dos vereadores estiveram presentes o Diretor Deoclécio Milezzi e o servidor de carreira, Paulo Broska, mais conhecido por Paulinho da Samae. Não participaram da sessão extraordinária apenas os vereadores Marigel Alves Machado (PSC) e Antonio Yukiyoshi Osaki (PSD), o Tiba. O fato de nenhum representante do Poder Executivo acompanhar a audiência pública foi muito criticada pelos vereadores durante a sessão. “Lamentável a ausência do Poder Executivo que sequer enviou um representante para o ato”, disse o presidente Marcio Hais de Natal Balera (PSD).

A convocação da Samae ocorreu pela grave falta de água que marcou a virada do ano na cidade e diante da preocupação com o carnaval que ocorrerá em março.

Os vereadores cobraram, além do desabastecimento, a demora na reposição de água nas residências e o atendimento aos usuários, quando estes reclamam pela falta de água.

De acordo com Deoclécio é preciso otimizar o trabalho das pessoas na Estação de Tratamento de Água (ETA). Para o diretor é necessário que um funcionário atenda a população por 24 horas, algo que não acontece atualmente. Uma das ações para melhorar este atendimento tomada pela Samae foi a mudança do plantão, que será feito no escritório da empresa. Deoclecio disse ainda que está previsto um investimento de R$ 80 mil em telemetria para este ano e mais R$ 320 mil até o final da atual gestão.

O objetivo é ter telemetria em todas as elevatórias. Também será comprado um conjunto moto bomba no valor de R$ 80 mil para atender a adutora, que vai jogar água na ETA. Uma solução paliativa que está sendo estudada pela Samae é a compra de 500 caixas da água ao custo de R$ 80 para serem vendidas num parcelamento em 10 meses de R$ 8 para as comunidades mais afetadas pelo falta de água.  

O vereador Givanildo questionou o diretor sobre a possibilidade de faltar água no carnaval. Deoclecio adiantou que foi contratado um caminhão pipa que estará a disposição da cidade, como alternativa emergencial, mas que a Samae irá investir no aumento da produção de água para que ela circule com mais velocidade dentro da tubulação.

Privatização da Samae e perda de recursos

Questionado pelo presidente Marcio Balera sobre a questão de recursos, o servidor Paulinho da Samae, disse que desde 2005 a autarquia vem perdendo recursos pela falta de atuação do Poder Executivo. Para o servidor o principal investimento a ser feito na cidade é trazer água para o sistema e investir na captação e construção de reservatórios. Para justificar os problemas ocorridos no final de ano, Paulinho ressaltou que foi algo atípico, porque houve dois rompimentos de adutora no mesmo trecho.

O primeiro ocorreu numa rede de 200 milímetros perto do Takasaki e, três dias após, mais outro rompimento de uma tubulação de 110, desta vez, próximo do supermercado Pague Menos, no bairro do Batel. De acordo com o servidor, o sistema que estava comprometido e piorou com esses rompimentos. Questionado da origem destes rompimentos pelo JB, coube ao diretor Deoclecio fazer este esclarecimento por ter atendidos aos dois casos.

Segundo o diretor, os rompimentos foram feitos pela Secretaria Municipal de Obras ao executar obras nestes lugares.  O servidor disse ainda que a empresa que construiu a obra do novo hospital Silvio Linhares não pagou nenhum centavo da conta de R$ 30 mil de água, com a conivência da prefeitura.

A questão dos comentários sobre a privatização do sistema de abastecimento foi questionada na audiência pública e Deoclecio ressaltou que a Samae não pode ser privatizada e, se depender dos funcionários, ela não será. Ele admite que houve uma conversa neste sentido no início da gestão, mas que hoje não existe mais.

O diretor destacou que atualmente cerca de 70% das casas estão com os hidrômetros parados ou sem hidrômetros na cidade. Porém, ele destacou que a solução definitiva para o problema de água na cidade é a construção de uma adutora nova.

“A atual adutora tem 44 anos e uma dimensão de 200 milímetros e, hoje, não atende mais o município. Já temos a previsão de recursos de quase R$ 9 milhões, o que resolverá pelos próximos 10 anos o problema de água. Com esse dinheiro, além da adutora, iremos investir na substituição das bombas e do quadro de comando de energia, que reduzirá até a nossa conta de energia elétrica. Também está prevista a compra de 4,5 mil novos hidrômetros”, informou Deoclécio.