SAMU Litoral completa 10 anos; o órgão fez 3.5 milhões de atendimentos ao longo da última década


Por Luiza Rampelotti Publicado 04/07/2022 Atualizado 17/02/2024

Nesta segunda-feira (4), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Litoral completa 10 anos atendendo a todos os 7 municípios da região 24 horas por dia, todos os dias do ano. Ao longo da última década, o órgão informa que realizou em torno de 3.5 milhões de atendimentos à população.

Para homenagear os profissionais que fazem parte do SAMU, a Câmara de Vereadores das sete cidades irá realizar a entrega de Menção Honrosa ao órgão. Quem dá início às homenagens é o Poder Legislativo de Paranaguá, nesta segunda-feira (4), às 17h30.

O SAMU é administrado pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (CISLIPA), com recursos da União, do Estado do Paraná e dos sete municípios consorciados. Desta forma, mantém os 140 funcionários administrativos e técnicos (condutores socorristas, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos) que trabalham incessantemente para prestar atendimento de urgência e emergência com qualidade e eficiência.

A chefe do departamento de enfermagem, Juliane Brenner Vieira, comenta que, seja com sol ou chuva, calor ou frio, o objetivo das equipes é chegar o mais rápido possível ao local da ocorrência para socorrer a vítima, fazer o primeiro atendimento, estabilizar o paciente e transportá-lo ao lugar adequado.

Ela revela que durante o período de baixa temporada no ano, o SAMU Litoral atende cerca de 65 ocorrências ao dia, próximo de 2 mil ao mês, aumentando em mais de 100% a demanda durante a temporada de verão. As urgências podem ser de origem traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica ou de saúde mental. 

Cada um tem seu papel


Juliane destaca que a instituição é composta por vidas que cuidam de outras vidas e que têm um importante papel dentro do sistema e na hora do atendimento.

Um não funciona sem o outro, assim como acontece com nosso corpo. Se fizermos uma comparação, os condutores socorristas seriam os nossos pulmões, pois são eles que dão o fôlego e o tempo de atendimento. Os técnicos de enfermagem seriam os braços e pernas, porque são eles que estão presentes na maioria dos atendimentos. Os médicos seriam o coração, pois eles determinam quem vai atender cada paciente, além de estarem presentes nas situações mais graves. Os enfermeiros são o cérebro, pois são os responsáveis pela organização de todos os serviços e pela equipe da base, além de estarem presentes nos atendimentos mais graves também. Os rádio-operadores seriam o sistema nervoso, aquele que faz a comunicação de tudo com todos. As funcionárias da limpeza seriam os rins, porque garantem a higiene da base e a tornam acolhedora. Já o tórax e a pele seria todo o pessoal administrativo do CISLIPA, porque se eles não conectarem todas as partes e garantirem o bom funcionamento de todos, jamais seria alcançado o maior objetivo, que é o bom atendimento da população”, reflete.

SAMU conta com cerca de 140 funcionários que atendem o Litoral do Paraná. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral


Como foi o início?


O médico plantonista e diretor técnico do SAMU Litoral, João Cláudio Campos Pereira, está no órgão desde o início, há 10 anos. Ele relembra as principais mudanças acontecidas ao longo da última década e que transformaram o atendimento do serviço na região.

O SAMU iniciou de uma forma bastante difícil, dentro das possibilidades que existiam naquele momento, com uma equipe que era nova, de pessoas que foram contratadas para aquele trabalho. Não tínhamos, até então, um concurso, eram só indicações por uma contratação emergencial. Durante o primeiro ano, tivemos diversas dificuldades, inclusive em relação ao pagamento dos próprios trabalhadores, chegou um momento que ficamos sem receber salários, muitas pessoas não conseguiam trabalhar, principalmente para quem tinha somente um emprego”, recorda.

O médico também conta que não havia equipe de suporte adequado no SAMU, por exemplo, quem fizesse a limpeza da base, que fica localizada em Paranaguá, na rua Domingos Peneda. “Chegávamos aqui e a própria equipe das ambulâncias, da remoção, equipe médica lavava a base, nós limpávamos e depois começávamos a atender. É claro que não parávamos mesmo nesse momento de higienização, mas tínhamos que fazer uma força tarefa entre os trabalhadores da base”, comenta.


Concurso público foi o divisor de águas


Ele ainda revela que, naquela época, em 2012, a questão de comunicação entre as equipes também era bastante complicada. Segundo o médico, o sistema de comunicação das viaturas era bastante falho, não havia rádio instalado em todas as viaturas, e o contato era feito por walk-talks, que tem alcance baixo, e por telefone.

Além disso, não tinha o sistema integrado, digital e de computação que temos hoje, toda a ocorrência era apresentada em papel, então o papel era a única coisa que tínhamos para escrever. Não havia gravações telefônicas, não tínhamos nenhum tipo de suporte para informática, por exemplo”, conta.

Apesar de todas as dificuldades iniciais, que se mantiveram por alguns anos, o médico João Cláudio tem orgulho em dizer que a equipe era extremamente unida. “Foi uma equipe que fez com que a gente continuasse o trabalho, mesmo às vezes fazendo vários dias de plantões seguidos sem ir para casa porque não tinha ninguém para assumir. Fizemos isso durante um tempo”, relembra.

A equipe continuou trabalhando de forma reduzida até 2014, quando o CISLIPA lançou o primeiro concurso público para contratação de médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, rádio-operadores, condutores socorristas e equipe de suporte para o SAMU. “A partir daí se inicia uma nova fase dentro do SAMU”, destaca o médico.


Equipamentos de trabalho


Até então, o SAMU tinha apenas uma viatura disponível para cada município e, em Paranaguá, eram duas. Vale destacar que cada cidade é responsável pelos custos de suas próprias ambulâncias.

As viaturas eram básicas, compostas por um condutor socorrista e um técnico de enfermagem, chamadas de Brava. Existia somente uma viatura avançada, que incluía médico, enfermeiro e condutor socorrista, chamadas de Alfa.

Mas com o início da pandemia, em março de 2020, o órgão percebeu a necessidade de mais uma viatura Alfa, que ficou baseada em Matinhos por, aproximadamente, dois anos. No momento, ela não está em funcionamento por falta de equipe, mas o médico afirma que já foi aberto um Processo Seletivo Simplificado (PSS) para contratação de pessoal.

Momentaneamente, temos uma viatura avançada e uma segunda viatura básica em Morretes. Na realidade, essas ambulâncias não nos pertencem, são veículos que vieram para suprir a demanda das rodovias com a saída da concessionária Ecovia, com recurso do governo estadual”, explica.


Aumento de recursos no verão


João Cláudio conta que, com o passar dos anos, as peculiaridades do Litoral passaram a ser observadas. Ele fala, especificamente, sobre a população flutuante da região litorânea, que chega a aumentar a quantidade de pessoas durante a temporada de verão em até nove vezes.

Médico João Cláudio Campos Pereira está no SAMU desde o início do órgão no Litoral e relembra as mudanças que ocorreram nos últimos anos. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

Não podemos dizer que nosso número total de habitantes é o número de atendimentos que temos, pelo contrário, a população flutuante durante a Operação Verão é realmente muito grande e nos traz muita dificuldade de organização. Passamos de 300 mil habitantes para quase 3 milhões”, diz.

Por esse motivo, durante a Operação Verão, há um acréscimo de profissionais e recursos enviados pelo Estado para que seja possível continuar os atendimentos. Desta forma, o médico explica que nos meses de dezembro a março o SAMU conta com mais 1 médico, mais 1 rádio-operador, mais 1 técnico de regulação médica e mais viaturas disponíveis. Além disso, também há a disponibilização de um helicóptero e mais 3 viaturas avançadas.

Atualmente, a equipe do SAMU Litoral conta com 14 médicos; 4 enfermeiros; 54 técnicos de enfermagem; 29 condutores socorristas, além dos funcionários administrativos e de suporte. No entanto, existem outros 15 colaboradores em Guaratuba, que prestam serviço para o SAMU, mas são funcionários do Poder Municipal.

Acompanhe, na próxima semana (11), a continuação da série de reportagens especiais sobre os 10 anos do SAMU Litoral.