Secretaria de Educação paga R$ 652 por conserto de ventilador em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 22/05/2015 às 19h29 Atualizado 14/02/2024 às 07h52

Uma nova denúncia anônima, desta vez, com envio de farta documentação enviada ao JB mostra que a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação em Tempo Integral (Semedi), em 2014, pagou até R$ 652,80 pelo conserto de ventilador de parede nas escolas municipais de Paranaguá. 

Um valor que pode ser considerado bastante elevado levando em conta o preço do equipamento no mercado. Em uma busca simples na internet é possível encontrar ventiladores de parede, no modelo usado nas escolas municipais, com preço a partir de R$ 200, quase o preço que a secretaria de Educação paga de mão de obra por ventilador, R$ 179,84.

De acordo com as notas fiscais enviadas ao JB, todas com carimbos da escola e assinatura de servidores comprovando a execução do serviço, trata-se da empresa Multibras S.A. Eletrodomésticos, localizada na Rua Maneco Viana, n° 393, Sala 2, que conta com o serviço autorizado da Refrigeração Asteca.

Entre os valores mais elevados das notas fiscais, que variam de R$ 300 a R$ 652, existe a prestação de serviço de consertos de aparelhos de ar condicionado. Todas as notas foram confeccionadas através de processo de emissão eletrônica, entretanto, muitas delas foram complementadas com valores e serviços escritos a mão e, algumas tiveram o valor total registrado de forma eletrônica riscado e alterado de forma manual. É o caso da nota de maior valor, R$ 652,80, de um reparo feito em um ventilador de teto da escola municipal Professora Edinéa Marize Marques Garcia no Jardim Samambaia. Foram cobrados R$ 99,90 por um capacitor, R$ 66,58 por uma chave ON/OFF, duas mãos de obra por R$ 359,68, duas manutenções preventivas por R$ 96,64 e mais R$ 30 de rolamento. Este último item assim como o preço final na nota foram escritos a mão. Uma funcionária de nome Adriane foi quem assinou a nota fiscal. Na mesma escola, a instalação de um ventilador de parede também teve a nota fiscal “complementada” a mão, mesmo tendo o preço do serviço. Além do valor da instalação discriminado de forma eletrônica no valor de R$ 92,33 que batia com o total final da nota fiscal, foi incluída a cobrança de R$ 30 de material elétrico e mão de obra elétrica de R$ 60 fazendo o preço final, que foi riscado a caneta, saltar para R$ 182,53.

Cobrança esquisita na instalação de SPLIT

Outra situação que também chama a atenção, ainda na mesma escola, foi a instalação de um condicionador de ar, cuja nota fiscal traz o valor do serviço de R$ 365,63 discriminado na nota eletrônica. Entretanto, abaixo foi escrito a palavra “elétrica” e cobrado um valor de R$ 600, fazendo a nota saltar para R$ 965,53. A servidora que assinou a nota fiscal, comprovando a execução do serviço, Aline Tagliari, foi procurada pelo JB através da rede social e não soube dizer a quem cabe questionar o valor do trabalho executado. Segundo Aline, quando a diretora não está na escola, alguém da equipe assina as notas e que não cabe a ela essa verificação. Ela limitou-se a informar que “cabe à diretora e a coordenadora conferir se o serviço foi feito e quantos equipamentos foram consertados”

A reportagem do JB foi até o endereço que consta na nota fiscal e não encontrou o número 393 na Rua Maneco Viana e tampouco a empresa Multibras. Da mesma forma, numa pesquisa feita no Portal da Transparência não existe nenhum pagamento feito a esta empresa em 2014, somente para a Refrigeração Asteca, que já teve endereço naquela via pública, porém, no número 383, conforme pesquisa feita na internet. Atualmente a Asteca está localizada na Rua dos Expedicionários, próximo ao endereço que consta na nota.
Ainda no Portal da Transparência, o JB encontrou oito valores em favor da Asteca ao longo de 2014 que totalizaram exatos R$ 435.292,17.
O JB dará sequência nesta denúncia com novas notas fiscais e entrará em contato com a empresa e a secretária de Educação para que esclareçam a situação da empresa e os valores cobrados por estes serviços.