Servidora municipal, que exerce cargo em Curitiba, continua recebendo da prefeitura


Por Redação JB Litoral Publicado 12/04/2017 às 15h32 Atualizado 14/02/2024 às 18h02

Grave denúncia repassada por servidor municipal, que prefere não se identificar, traz evidência de que uma servidora municipal recebe dos cofres da prefeitura há mais de uma década, sem cumprir seu expediente em Paranaguá, uma vez que exerce cargo comissionado no Governo do Estado, desde 2003, em Curitiba.

De posse da informação, a reportagem acessou o Portal da Transparência do município e constatou que a farmacêutica bioquímica, Gheisa Regina Plaisant da Paz e Silva, recebeu normalmente os salários de janeiro, fevereiro e março neste ano. Somados os três meses, os salários ultrapassam de R$ 14 mil, recebendo, inclusive, direitos trabalhistas como “adicional de insalubridade” e “gratificação por tempo de serviço”, mesmo não estando na cidade.

 

Rendimento na SEMSAP inclui insalubridade e adicional por tempo de serviço.

Lotada na Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) sob a matrícula 3812, a servidora cumpre carga horária na Secretaria de Estado da Saúde (SESA), mais precisamente no CEMEPAR, onde exerce o cargo de Chefe da Divisão de Assistência Farmacêutica na Alta Complexidade do Centro de Medicamentos do Paraná (CEMEPAR), a servidora consegue um rendimento maior na prefeitura, onde não atua que o recebido no CEMEPAR por cessão.

 

Salários recebido da cessão no CEMEPAR de 2015 até fevereiro deste ano.

Procurada pela reportagem que enviou cinco questionamentos a respeito do assunto, a prefeitura informou que ela foi “formalmente cedida pela Administração Municipal ao Estado por meio da Portaria do ano 2014”. Disse ainda que o “Estado do Paraná solicitou prorrogação da cessão por meio do Memorando 986/2015 e depois pelo Memorando 47/2016 da Diretoria da CEMEPAR, na Secretaria de Estado da Saúde”.

 A prefeitura destacou que no “início de 2017 a Secretaria de Recursos Humanos requisitou o retorno imediato da servidora que voltou as suas funções e, desde março, encontra-se em afastamento pela perícia médica ocupacional”. Entretanto, estas informações não são confirmadas pela servidora que, procurada pelo JB deu uma versão totalmente diferente da que foi repassada pela prefeitura.

 

Lapso de tempo de 11 anos

A servidora disse que é concursada e faz parte do quadro de carreira desde 1995, mas que exerce o cargo comissionado desde a sua cessão em 2003. Ou seja, há 14 anos e não desde 2014, como disse a prefeitura. Ela confirmou apenas a informação do pedido de licença de saúde para cuidar de familiar a partir do dia 13 de março, mas que até esta data, trabalhou normalmente onde é lotada por cessão. Chamou à atenção, ainda, a informação de Gheisa de que sua frequência é enviada mensalmente à Secretaria Municipal de Saúde, que mostrou desconhecimento da situação da servidora num lapso de tempo de 11 anos. Ela encerrou sua manifestação sugerindo que maiores informações fossem obtidas diretamente com o setor de Recursos Humanos da prefeitura, que disse ter requisitado o retorno da servidora no início de 2017, o que não aconteceu. A reportagem questionou ainda onde a servidora exercia sua função e qual é seu expediente de trabalho, mas não houve resposta a estas perguntas no retorno feito pela prefeitura.

Gheisa disse que é concursada e faz parte do quadro de carreira desde 1995, mas que exerce o cargo comissionado desde a sua cessão em 2003. Ou seja, há 14 anos e não desde 2014, como disse a prefeitura.

Cinco gestões e esposa do 1º secretário de saúde de Roque

De acordo com a informação de Gheisa Silva, sua permanência no cargo em comissão no CEMEPAR já passou por cinco gestões municipais, começando pelo Ex-prefeito Mário Manoel das Dores Roque (2000 a 2004), passando pelas duas gestões de José Baka Filho (2005 a 2008 e 2009 a 2012), a dos Ex-prefeitos, Mário Roque e Edison de Oliveira Kersten (2013 a 2016) e continua na atual gestão de Marcelo Elias Roque. Entretanto, o JB não teve como confirmar se a farmacêutica bioquímica recebeu cumulativamente seus dois salários, da prefeitura e do CEMEPAR, em todo este período, uma vez, que o Portal da Transparência do município traz apenas os comprovantes de pagamentos dos três últimos meses deste ano. Curiosamente, vale destacar ainda que, a servidora é esposa de Wolnei Bonotto, o primeiro Secretário de Saúde do Ex-prefeito Mário Roque. Ele comandou a pasta no período de 1997 a 2003, justamente o ano em que Gheisa afirma ter iniciado sua cessão no CEMEPAR.