Você sabia que no inverno o risco de infarto pode ser até 30% maior do que em outras épocas do ano? “Um dos principais motivos é porque o frio faz com que seja necessária uma vasoconstrição, que reduz o fluxo sanguíneo, provocando um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio no organismo”, explica o Dr. João Cláudio Campos Pereira, diretor técnico e plantonista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) Litoral.
O médico esclarece que os vasos sanguíneos têm a capacidade de se dilatar e se contrair e que, no inverno, as pessoas fazem a contração dos mesmos para compensar o frio externo, direcionando o fluxo sanguíneo para os órgãos mais importantes – coração e cérebro. No entanto, se há algum vaso com predisposição para o infarto, por exemplo, isto é, já com placas ateroscleróticas, ou seja, que já tem um entupimento prévio parcial, a vasoconstrição pode fazer com que o entupimento se transforme em uma obstrução total, ocasionando a doença.
No ano passado, nos meses de verão/outono, entre março e abril, o SAMU registrou 728 casos de infarto. Já no inverno, entre junho e julho, ocorreram 1035 ocorrências, um aumento de 42%. Neste ano, apenas no mês de junho, até sexta-feira (24), o órgão já havia atendido 612 pacientes infartados no Litoral, uma média de 25 pacientes por dia.
Maior parte dos infartos acontece na madrugada
Outro dado curioso é que a maior parte dessas ocorrências acontecem no período da madrugada, a partir das 3h às 6h da manhã. “É porque nesse momento é quando temos a maior liberação das catecolaminas endógenas, isto é, substâncias produzidas no corpo como, por exemplo, a adrenalina, que atuam também na vasoconstrição. Essas substâncias aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, fazendo com que o vaso contraia e ocorra o infarto”, explica Dr. João Cláudio.
É que durante a contração dos vasos existe uma maior possibilidade de instabilidade das placas de ateroma (de gordura) e, caso elas se rompam, a gordura acaba entrando na corrente sanguínea, desenvolvendo o processo de coagulação que é responsável pelo infarto.
“Para facilitar: a maior incidência de infartos é na madrugada porque é quando liberamos substâncias que contraem os vasos e essa contração tem tendência muito forte de pegar pessoas que já tem predisposição ao infarto”, comenta o médico.
No entanto, não são todos que precisam se preocupar com a situação. O doutor garante que a doença não vai acontecer em pessoas que não tem predisposição, a não ser em casos raros.
Como prevenir?
Ele ainda comenta que a predisposição à doença acontece por vários motivos, entre eles sexo, idade, hábitos de vida e questões genéticas. O infarto acontece, geralmente, em pessoas que são sedentárias, fumam cigarro, bebem álcool em excesso e têm uma alimentação inadequada – rica em gorduras e com exagero de carboidratos.
“Existem diversos tipos de substâncias que nos fazem mal e essa nossa vida atual, de cidade grande, vida corrida, associada a situações de estresse no dia a dia, excesso de trabalho, pouco sono, diminuição do sistema imunológico, tudo isso altera o nosso equilíbrio e também acaba predispondo a esse tipo de doença, tantos as cerebrovasculares quanto às cardiovasculares, como infartos e AVC”, informa.
Por isso, para evitar essas doenças, o médico destaca algumas recomendações importantes, como realizar check-up cardiológico anualmente, praticar atividade física, consumir alimentos saudáveis, controlar a obesidade, abandonar o cigarro e diminuir o consumo de álcool.
Os principais sintomas de um infarto são: dor no peito, que pode ser irradiada para o braço, normalmente, esquerdo. Há também possibilidade de tontura, náuseas e suor intenso, mas há casos em que o episódio ocorre de forma silenciosa e atípica, principalmente nos subgrupos: diabéticos, mulheres e idosos.
Confira um vídeo explicativo com dicas para evitar o infarto e derrame: