“Somos conscientes dos ônus que o porto traz, por isso, estamos fazendo os investimentos necessários”, diz diretor empresarial da Portos do Paraná


Por Redação Publicado 29/06/2022 Atualizado 17/02/2024

Na semana passada (20), a empresa pública Portos do Paraná divulgou que investiu quase R$ 80 milhões em obras urbanas voltadas para o Litoral desde 2019. As melhorias aconteceram em Paranaguá, Antonina e ilhas da região, e incluem a construção de um viaduto, recuperação de ruas e novos trapiches.

O JB Litoral conversou com o diretor empresarial da Portos, André Pioli, sobre os investimentos. Confira a entrevista:

JB Litoral – A comunidade sempre ouviu falar que a Portos do Paraná não pode investir em obras que não estejam relacionadas ao próprio complexo portuário. Como foi possível realizar as melhorias na ordem de R$ 80 milhões nos últimos anos?


Logo que assumimos a empresa pública, no início de 2019, o governador Ratinho Junior nos chamou e disse que gostaria de ter um porto que não olhasse apenas para a operação portuária, mas, também, para a cidade. E assim fizemos desde o primeiro momento, quando pagamos, em 2019, R$ 25 milhões de taxa de alvará de localização que eram devidos ao município de Paranaguá há anos e, de lá para cá, são mais R$ 4 milhões todos os anos. Esses valores são investidos em saúde, educação, segurança pública. Além disso, também fizemos algumas obras, mas, como se sabe, não podemos, pela Lei dos Portos (12.815/2013), investir o dinheiro arrecadado dos portos nas cidades, porém, conseguimos fazer com que a Portos do Paraná pudesse investir nos acessos ao porto, que é a rua por onde chegam os caminhões, e no canal, no mar, por onde chegam os navios. Tudo isso liberado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), que é o órgão regulador.

JB Litoral – E quais foram as principais obras realizadas e como elas melhoraram a vida da população em geral?


André Pioli – Fizemos a avenida Bento Rocha, em Paranaguá, por inteira. Ela já havia sido concretada em outras gestões, porém, a obra não durou porque não foi feita a rede fluvial e, por isso, quebrou inteira. Desta vez, refizemos ela completamente, com a rede fluvial e demais necessidades. Foram R$ 14 milhões investidos.

Também construímos o viaduto Nelson Buffara, na BR-277. Antes dele, era um caos o trânsito naquela região e após sua inauguração melhorou bastante. Foram gastos outros R$ 13 milhões. Sobre sua manutenção, a Portos do Paraná fez esse investimento, mas a rodovia é de responsabilidade do Governo Federal neste momento, e será de responsabilidade da próxima concessão de pedágio que irá entrar, acredito, até o final deste ano. Já foi colocada como regra para a próxima concessão que seja feita a avenida Ayrton Senna por inteira, ou seja, eles terão que cuidar desde a entrada da cidade até a entrada do porto, que é o quilômetro zero.

Também estamos fazendo 14 trapiches nas comunidades marítimas da região. Fizemos 2 na Ilha do Mel, 5 estão em andamento e outros 7 em processo de licitação. Esses trapiches irão ajudar a vida dos moradores dessas ilhas. Essas obras são uma compensação ambiental pela dragagem e derrocagem que fizemos. Muitas coisas estão sendo feitas para que a vida da população fique diferente.


JB Litoral – Os novos trapiches feitos pela Portos do Paraná na Ilha do Mel contribuem muito para o turismo e moradores do local. Isso levanta um questionamento sobre os trapiches da nossa cidade, sede da empresa pública, que não estão em boas condições. Qual foi o critério de escolha de localidade para a construção desses equipamentos?


André Pioli – Neste momento, estamos fazendo dois na Ilha dos Valadares – um perto da ponte e outro dentro de um bairro. Não podemos fazer outros trapiches, os que estamos construindo são frutos de imposição de lei, uma compensação ambiental pelo processo de dragagem e derrocagem. Essa obrigação se estende desde 2009 e estamos realizando agora. Outras gestões enrolaram, nós resolvemos, e estamos fazendo os 14 que o IBAMA apresentou os locais onde deveriam ser feitos.


JB Litoral – Os investimentos citados são milionários, porém os lucros gerados pela Portos do Paraná também são significativos. Prova são os sucessivos recordes alcançados e a alta de 146,6% na Variação do Lucro Operacional da empresa, na comparação entre 2021 e 2020. Desta forma, você avalia como suficientes as benfeitorias realizadas em detrimento dos ônus causados pela atividade portuária?


André Pioli – É um novo tempo, de política que é feita com grandiosidade, não é mais o tempo em que ela era feita com mediocridade, que as pessoas e os gestores driblavam a legislação para fugir de suas responsabilidades. Os Portos do Paraná estão em Paranaguá, Antonina, no Litoral, contribuem muito no desenvolvimento de emprego, geração de renda, mas também trazem ônus para as cidades. Somos conscientes das sujeiras que os caminhões trazem, do trânsito que deixa de fluir por conta dos trens que entram e saem, e que existe uma necessidade grande de investimentos nos municípios.

Estamos fazendo os investimentos necessários, gostaríamos de fazer muito mais, porém somos regulados por uma Lei dos Portos que não permite, mas tudo o que conseguimos estamos fazendo. E os recordes continuam sendo batidos, empregos gerados, são mais de 30 mil pessoas que trabalham no complexo portuário, a economia da nossa cidade é portuária, os empregos no comércio também são frutos do dinheiro que circula por conta do porto.