“Temos muito trabalho pela frente”, diz Izaias Júnior, futuro presidente da Estiva


Por Publicado 28/10/2020 às 09h13 Atualizado 15/02/2024 às 16h50
Izaías Junior conta que está tentando negociar com o Sindop desde 25 de maio de 2021.

Fundado em 1903, o Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva) é um dos primeiros do país, e os estivadores são a classe de Trabalhador Portuário Avulso (TPA) mais antiga de Paranaguá.

A partir do dia 1º de janeiro de 2021, os 1.153 associados registrados terão uma nova diretoria. Eleita com 521 votos, a chapa 4 venceu, em segundo turno, na eleição que aconteceu no dia 18 deste mês.

O presidente eleito, Izaias Vicente da Silva Júnior, 47 anos, é estivador desde 1991, e contou ao JB Litoral a respeito de sua resistência ao desafio de seguir o legado do seu pai, Izaias Vicente da Silva, que presidiu a categoria durante muito tempo. “Já participei de uma eleição, como candidato a secretário. Durante muito tempo resisti dar continuidade a esse legado do meu pai, não por medo ou por qualquer outra coisa, mas por saber da tamanha responsabilidade que é, mas, hoje, me sinto preparado pra isso”, disse.

Ele agradece o apoio da sua esposa, Joseli da Silva, e do seu filho, Izaias Vicente da Silva Neto. (Foto: arquivo pessoal)

Filho do sindicalista Izaias Vicente da Silva, que conquistou muitas melhorias para a classe, também presidiu o sindicato no passado, Júnior diz que aceitou o desafio em função da atual situação do estivador. “Devido a atual situação que se encontra o estivador, sem nenhum respaldo no porão do navio, assim como, o nosso sindicato perdendo a sua tão histórica representatividade, fui impelido a aceitar o legado que meu pai me deixou e deixar de ser apenas um herdeiro dos sentimentos e princípios dele, para ser, também, um dos seus sucessores. E estou muito feliz em ter conseguido. Sei que eu e minha equipe vamos honrar o nome dele e toda a família estivadora”, relatou.

Fundamental para a movimentação do Porto de Paranaguá, ele fala, com orgulho, da classe. “O Sindicato da Estiva é o segundo maior sindicato do Brasil. Então, sem dúvida, é uma categoria muito relevante para o nosso Porto. Já que estamos habilitados e qualificados para fazer as operações a bordo dos navios com qualidade, segurança e a garantia de que o armador vai transportar a carga dele com maior agilidade e sem avaria. Aproveito para parabenizar a todos os Estivadores, bem como, todos os TPAs não só de Paranaguá, como de todo o nosso Brasil, que mesmo durante a pandemia mantiveram e mantêm o funcionamento pleno de todos os nossos Portos”.

Campanha e futuros projetos

Chapa 4 assumirá no dia 1º de janeiro de 2021 (Foto: reprodução)

A diretoria eleita disputou a eleição com outras cinco chapas. Para Izaias, devido à pandemia, a campanha deste ano foi incomum. “Acredito que foi uma campanha atípica. Optamos por não ter comitê, por dois principais motivos: a pandemia (evitar aglomeração durante a campanha) e pelo fato do nosso orçamento não ser suficiente para adquirir esse instrumento de campanha. Optamos, também, por não aceitar as inúmeras propostas que recebemos de financiamento ao longo dela”.

Nosso planejamento foi focar nas visitas, indo até a casa dos estivadores, apresentando as nossas propostas e, principalmente, nos porões dos navios, esses dois itens foram os nossos principais instrumentos de campanha”, contou.

Além disso, segundo o presidente, não houve benefícios em troca de votos. “Já nos dias de votação optamos por não ir buscar ou levar os estivadores em casa, para que não se sentissem pressionados. Ou seja, não oferecemos nada a eles, além do nosso compromisso em trabalhar pela classe estivadora a partir do dia 1º de janeiro de 2021. Quisemos, desde o início, mostrar como será a nossa gestão. Então, os 521 votos que tivemos foram pela consciência e confiança que esses estivadores depositaram em nós. Pois os deixamos livres para escolherem, esse é um ponto importante. E, felizmente, nos escolheram. E viva a democracia!”, ressaltou. Em relação ao futuro, ele diz que há muito o que fazer. “Temos vários projetos e, sendo assim, muito trabalho pela frente. Mas de início, marcar uma assembleia para alteração do estatuto extinguindo a reeleição, bem como ajustar o processo eleitoral, que o nosso estatuto está bem defasado. Estabelecer uma comissão para esse processo, a fim de que nas próximas tenhamos uma eleição com mais igualdade entre os candidatos, em que o presidente e diretores não favoreçam e nem atuem como cabo eleitoral de nenhuma das chapas, já que esse não é o papel de nenhum deles. Precisamos ter um sindicato que não atue com desigualdade em nenhum processo”, completou.