Trabalhadores da linha de frente do Hospital Regional do Litoral têm salários atrasados em plena pandemia


Por Redação Publicado 29/01/2021 Atualizado 15/02/2024
HOSPITAL REGIONAL

Por Marinna Protasiewytch

A pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, evidenciou algumas funções de profissionais da saúde e mostrou, em muitos casos, a sua real importância. Hoje, para um diagnóstico mais preciso da doença para a realização do tratamento, médicos fazem exames de Raio-x para identificar as lesões no pulmão dos pacientes e assim promover a ação mais eficaz.

Porém, mesmo sabendo da importância de profissionais da radiologia, o Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá, vive um momento de descaso. A reportagem do JB Litoral apurou que aproximadamente 20 funcionários terceirizados, mas essenciais ao funcionamento dos atendimentos, estão sem receber seus salários desde o ano passado.

Com contrato pela empresa CliniRadi, os técnicos em radiologia vivem momentos de desespero, pois além de estarem na linha de frente de combate à Covid-19 estão sem dinheiro para atender suas necessidades básicas. “A gente está cobrando o hospital desde sempre, desde novembro estamos sem receber, passamos natal e ano novo sem dinheiro. A empresa não recebe do FUNEAS e não tem caixa para adiantar para nós, enquanto isso tem gente perdendo veículo porque não quita a parcela e nós estamos pagando praticamente para trabalhar”, afirmou um funcionário que não quis ser identificado com medo de represálias.

A Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Paraná (Funeas) informou, por meio de nota que “os pagamentos referentes aos meses de novembro e dezembro passam por auditoria dos órgãos de controle do Estado, a Procuradoria Geral do Estado e a Controladoria Geral do Estado, procedimento padrão para encerramento do contrato. Os pagamentos estão sendo realizados de forma sistemática aos prestadores de serviço até a quitação de todos os contratos”.

A reportagem procurou também o diretor geral do Hospital Regional do Litoral, Giovani Souza que afirmou que “esse é um assunto da área econômica e financeiro da Funeas [responsáveis pelos contratos de empresas terceirizadas], e que cabe à empresa [CliniRadi] encontrar uma forma de pagar os funcionários até a devida regularização [dos débitos por parte do poder público]”. Ainda segundo o médico responsável pelo hospital, os serviços continuam sendo realizados normalmente pelos funcionários, mesmo com salários atrasados.

A empresa CliniRadi Prestadora de Serviços de Radiologia não atendeu aos telefonemas e nem retornou nos pedidos de informação do JB Litoral enviado por e-mail.

Pagamento

Ao analisar o descritivo de transparência do Funeas, foi possível constatar que no dia 8 de dezembro de 2020 a empresa CliniRadi Prestadora de Serviços de Radiologia recebeu da fundação R$ 53.186,62. No entanto, no mês de novembro não foram encontrados repasses do Funeas à prestadora de serviço. A fundação admitiu que estão sendo realizadas auditorias no contrato e que isso acarreta em atraso nos pagamentos, mas que as empresas devem ter fluxo de caixa para realizar a quitação de débitos com os funcionários em dia.

Na quinta-feira (28), os técnicos receberam o pagamento de salários referentes ao mês de novembro. Porém, os trabalhadores seguem sem a quitação dos valores de dezembro e janeiro, que deveriam ser pagos sempre até o quinto dia útil de cada mês. “

Diferença salarial

Além dos prejuízos com atrasos nos pagamentos, os técnicos terceirizados ainda convivem com a discrepância salarial para a mesma função. Concursados do estado, segundo o portal da transparência, recebem em média R$3.600,00, enquanto os trabalhadores de empresas terceiras ganham em média R$1.600,00. “Nós realizamos a mesma função, só que recebemos salários atrasados sempre, não temos FGTS, férias, 13° e nem insalubridade de 40%, como os concursados”, revelou uma trabalhadora que preferiu o anonimato.