UFPR desenvolve repelente contra o mosquito responsável pela dengue, zica e chikungunya


Por Redação JB Litoral Publicado 14/12/2020 às 11h23 Atualizado 15/02/2024 às 17h54

Por Ricardo Vieira

O mais conhecido transmissor de doenças endêmicas do Brasil, o mosquito Aedes aegypti, ganhou um adversário de peso. Uma nova substância, em processo de patente pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), cria um método inédito para repelir o mosquito com base na própria estratégia evolutiva da espécie. “Eles seriam bloqueadores, entram em contato com os receptores do mosquito, interagem quimicamente com eles e bloqueiam, não permitem que as moléculas, que nós exalamos, consigam interagir com os receptores do mosquito, impedindo que eles nos encontrem”, explica o professor Francisco de Assis Marques, do Laboratório de Ecologia Química e Síntese de Produtos Naturais (Lecosin) da UFPR.

De acordo com o pesquisador, isso significa a criação de uma estrutura química com efeito repelente ao mosquito para uso massivo. Segundo testes em laboratório, ele funciona com alta eficiência por cerca de dez horas, tempo que equivale à promessa de um produto de longa duração que já está no mercado brasileiro.

Testes comprovaram a eficácia do novo repelente (divulgação: UFPR)

“O repelente é mais uma ferramenta para reduzir o impacto da dengue”, afirma Marques, que também destaca que o combate ao mosquito transmissor precisa de medidas amplas e contínuas de saúde pública ao longo do ano, não apenas durante os surtos.

Um diferencial do repelente da UFPR é a não utilização de solventes, pelo menos na primeira etapa de produção. Eles podem causar reações na pele, além de encarecer o produto. “Estamos trabalhando para eliminar solventes também na segunda etapa da síntese do repelente. Se conseguirmos será fenomenal. Porque isso significa a perspectiva de um produto de alta eficiência, natural, porque é feito de uma substância que o corpo humano produz, biodegradável, disponível, de custo baixo e feito com reações químicas de baixo passivo ambiental”, avalia Marques. Por conta dessas características, a UFPR depositou o pedido de patente da química verde.

Também participam dos estudos a doutoranda Nayana Cristina da Silva Santos e a mestranda Rita de Cássia Baiak.

Luta contra o surto, em meio à pandemia

Além dos cuidados rigorosos e de isolamento social, para evitar o contágio do novo coronavírus, moradores de Paranaguá precisam ficar atentos a um velho conhecido, o mosquito da Dengue.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a cidade com 153 mil habitantes, é um dos municípios do Estado com maior incidência de casos confirmados, desde agosto, quando teve início o ano epidemiológico 2020/2021, são153 pessoas infectadas, e desse total, 150 são casos autóctones, ou seja, foram contraídos na própria região.

O aumento maior foi no final de agosto e começo de setembro, onde havia 61 casos e passou para 139. Depois disso, entrou em estabilidade”, explica Ivana Belmonte, coordenadora do Centro de Vigilância Ambiental da SESA.

Em 2015, o município entrou, pela primeira vez, na lista de cidades com epidemia de dengue. Entre agosto e dezembro desse ano, foram 491 casos confirmados. No período epidemiológico, 2015/2016, 31 pessoas morreram com a doença em Paranaguá.

Os outros seis municípios do litoral, apesar de terem notificações, ainda não registraram confirmações da dengue. Mas com a chegada do verão, a preocupação aumenta e as medidas preventivas são essenciais. “A gente sabe que existe a possibilidade de virem pessoas de regiões onde a circulação da dengue é maior e que pode agravar a situação do litoral. Na operação Verão Maior, vamos fazer trabalhos educativos junto à população, para que tomem todos os cuidados de prevenção, não só com a Covid, mas também com os imóveis no Litoral”, ressalta Ivana.

Denúncia de focos nas casas

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o clima abafado e com chuvas é mais propício para a proliferação do mosquito, por isso, a participação da população é fundamental para evitar possíveis focos em residências, já que a maioria dos criadouros está dentro das casas, em pratos de vasos, garrafas, calhas, entre outros recipientes que acumulam água.

Locais que acumulam água podem virar criadouros do mosquito (Foto: Venilton Küchler/AEN)

É muito importante que o cidadão sempre verifique sua casa, evitando locais que possam reter água, contendo o acúmulo de lixo e denunciando locais com possíveis criadouros.  

As denúncias podem ser feitas para o Setor da Dengue, pelo telefone 3420-2810 e pela Ouvidoria da Saúde, no número 3420-2806. Ainda de acordo com o órgão de saúde, os pacientes com sintomas de dengue estão sendo atendidos, independente da pandemia da Covid-19.