Um parnanguara de coração à frente do maior porto graneleiro da América Latina


Por Redação JB Litoral Publicado 29/01/2019 Atualizado 15/02/2024

Apesar de poucos veículos noticiarem sua relação com Paranaguá, o novo Diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Luiz Fernando Garcia da Silva, conhece muito bem a cidade mãe do Paraná.

Sua história na APPA começou em 2009, a convite da Diretora Administrativa e Financeira à época, Maria Angélica Lobo Leomil, que encontrou eco na gestão do superintendente Daniel Lucio de Souza, onde se dedicou, até 2015, à área financeira e de arrendamentos portuários. Em 2010, após um ano entre idas e vindas diárias da Capital, escolheu a cidade como residência, junto à sua esposa e dois filhos, de 04 e 10 anos.

Santista de nascimento, em 2015 passou a integrar a Secretaria Nacional de Políticas Portuárias, quando retornou a Santos (SP) para coordenar o grupo de trabalho que estudou a solução para o problema de dragagem do porto daquela cidade. Em 2018, assumiu a presidência da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Mesmo trabalhando fora, sua família continuou morando na cidade que ele escolheu para viver e criar os filhos.

Com um carinho natural de parnanguara, o Presidente pretende realizar uma gestão em que a comunidade esteja cada vez mais próxima do porto, entendendo o ônus e se beneficiando do bônus que a movimentação portuária gera. “O Governador Ratinho Júnior determinou que o porto olhe mais para a cidade, e que se tenha um estudo jurídico para examinar a possibilidade de a gente criar um fundo de compensação para o litoral. Que esse fundo seja um fomentador de investimentos para a região”, conta.

Foco é a infraestrutura

Segundo ele, um dos objetivos desta nova administração é que a população entenda melhor o porto, principalmente visualizando ações concretas. “A gente vai ter um olhar muito especial com a cidade, ela estará integrada em todo o nosso planejamento. Temos diversos projetos estruturantes para que a comunidade seja beneficiada e que o porto minimize o ônus de toda a movimentação”, afirma.

Além disto, ele afirma que está focado em ações de infraestrutura, como a reestruturação da Avenida Ayrton Senna, e que o Governo do Estado apoiará estes projetos. “O Governador garantiu que o foco será a área de infraestrutura e que irá apoiar financeiramente obras estruturantes que o porto não tenha condição de arcar. Esse auxílio é muito importante para realizarmos as melhorias necessárias à comunidade”, diz.

Dragagem nos portos

Mesmo o grupo de transição da equipe de Ratinho Júnior (PSD) sugerir a não assinatura do contrato de dragagem de manutenção do Porto de Paranaguá e Antonina, a ex-Governadora Cida Borghetti (PP) não atendeu e fechou o contrato milionário, no valor de R$ 408 milhões, em dezembro do ano passado, que prevê a realização das obras ao longo dos próximos cinco anos.

No entendimento da equipe do Governador, trata-se de um gasto muito alto, autorizado no apagar das luzes da gestão e com indícios de ser decisão atropelada, o que levou a atual diretoria a rever todo o procedimento. Segundo Luiz Fernando, o processo já está sendo avaliado para que haja um melhor entendimento, pela atual gestão, sobre como foi feito.

“Estamos tranquilos porque temos uma janela ambiental em nossa licença operacional. Só podemos voltar a dragar no final de março, então temos todo esse tempo para avaliar melhor. Em nenhum momento questionamos a lisura do processo, mas é natural devido ao volume de recurso financeiro a ser comprometido”, explica.

Ele afirma que nos próximos 20 dias o relatório de avaliação deve estar pronto. Sobre a suspensão do contrato, ele diz que “depende muito da avaliação técnica e jurídica que está sendo feita”.

Porto de Antonina deve receber indústrias

Sobre o porto público de Antonina, Barão de Teffé, Luiz declara que foi muito importante para o Estado e para o Brasil, porém, suas condições físicas impedem que haja uma reativação na questão operacional. “Há uma limitação de calado, limitação ambiental, e é cheio de pedras no caminho até lá. O progresso impede que se utilize este terminal para uma exploração operacional”, afirma.

Entretanto, o Presidente comunica que outras fontes de receita podem ser geradas no local. “Por exemplo, foi licitado uma indústria metalmecânica para atuar naquele espaço, mas por um problema ambiental ainda não foi instalada. Esta é uma atividade classificada como não operacional, mas que gera receita e emprego para a população. O ideal é que a gente busque outros tipos de empreendimento nesta linha, para que aquele local passe a beneficiar a população”, diz.

Ele confirma que o contrato com a indústria metalmecânica já está firmado e só não houve a instalação devido a uma questão ambiental. “Acredito que se resolva logo”, garante.

Atraso nas nomeações

As nomeações dos cargos de diretoria da APPA demoraram mais que o esperado. Somente a partir de 15 de janeiro estas funções começaram a ser oficializadas e publicadas, tendo seus representantes empossados na APPA. No entanto, ainda existem cargos sem nomeação, como o da Diretoria Jurídica, de Operação e de Engenharia e Manutenção.

De acordo com o Presidente, os nomes para estas funções já estão definidos e devem ser anunciados ainda esta semana. “São pessoas com experiência, já foram escolhidas, mas a nomeação ainda está em tramitação burocrática”, esclarece.

Ele afirma que o atraso não gerou impacto no trabalho portuário, pois os funcionários da casa estão realizando os serviços. “A gente não teve nenhum prejuízo, ainda, pela falta da nomeação”, declara.

Porto de Paranaguá é exemplo

Entre o período de sua passagem pelo porto e o seu retorno, Luiz afirma que muitas melhorias aconteceram. “A APPA teve uma ação de gestão muito forte das equipes anteriores. Quando eu entrei, a gente fazia nove mil horas extras por mês, hoje são 50 por ano. Todo mundo reconhece que o Porto de Paranaguá é exemplo para o país, de gestão e de operação moderna”, declara.

Ele informa que existem melhorias a serem feitas, mas que muitas já aconteceram, que acabam não sendo vistas diretamente mas têm reflexo importante para o produtor, que tem custo menor, garantindo a competitividade do porto.

Estive em Santos no ano passado e posso falar que o porto de lá é o que Paranaguá era há sete anos. Estamos muito à frente na questão de gestão. Eu tenho condições de sentar e não ficar preocupado com o passado, posso olhar para a frente, para o futuro. Isso dá tranquilidade e uma expectativa muito boa para que as ações aconteçam”, garante.

Em relação à comunidade de Paranaguá e litoral, o Presidente declara que o objetivo da gestão é dar condições para que a região tenha desenvolvimento econômico e social. “Não só Paranaguá, mas Antonina e litoral, por meio de realizações de grandes obras, devido à geração de empregos e bem-estar social para todos, queremos que a população tenha benefícios. O porto estando bem, junto à cidade, tem reflexo no povo, com novos empregos, arrecadação melhor da Prefeitura, o que gera condições de oferecer infraestrutura”, conclui.