Um terço da Câmara Municipal de Guaratuba vai ser composta por mulheres


Por Redação JB Litoral Publicado 04/12/2020 Atualizado 15/02/2024

Por Ricardo Vieira

Nos sete municípios que compõem o Litoral paranaense, 16 mulheres foram eleitas no pleito do último dia 15 de novembro. Guaraqueçaba é a única prefeitura que vai ser comandada por uma mulher a partir de 2021, Lilian Ramos Narloch (PSC) foi eleita com 36,21% dos votos, é a segunda vez que ela assume a prefeitura. “Fiquei muito feliz com o resultado, é um trabalho que comecei em 2012 e a população voltou a confiar novamente”, ressalta a prefeita eleita.

Outras duas candidatas foram escolhidas pelo voto para o Poder Executivo, mas como vice-prefeitas. Em Antonina, Rosane (PSL), e em Pontal do Paraná, a vice é a professora Patrícia, do MDB. Outras 14 mulheres vão assumir cadeiras nas câmaras municipais.

Um levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, apesar dos partidos políticos cumprirem a cota de 30% das candidaturas reservadas para mulheres, o resultado final ainda está abaixo do esperado.

Fonte: TSE

Na cidade de Guaratuba, mais de 1/3 das 13 cadeiras disponíveis na Câmara Municipal serão ocupadas por mulheres, cinco se elegeram. Situação bem diferente de Paranaguá, onde apenas uma candidata foi eleita. O mesmo aconteceu em Matinhos e Antonina. Em Pontal do Paraná e Guaraqueçaba, duas vereadoras garantem a representatividade feminina nas casas legislativas.

Minoria na política

Mesmo representando mais de 50% da população e do eleitorado, as mulheres ainda são a minoria na política. Segundo a procuradora Regional Eleitoral, Dra. Eloísa Helena Machado, falta ainda seriedade por parte dos partidos políticos. “Assim como somos metade da população mundial, precisamos ter metade dos espaços, pelo menos. Na política, isso está sendo divulgado há muito tempo, a lei de cotas já existe há mais de 10 anos. Se os partidos tivessem adotado o cumprimento da lei de cotas com seriedade, provavelmente já teríamos, hoje, 30% de mulheres eleitas e não só candidatas”, informa.

Dra. Eloísa Helena Machado – procuradora Regional Eleitoral

Ainda de acordo com a procuradora, os partidos políticos deveriam investir mais em suas candidatas. “Atribuo aos partidos políticos de trazerem essas mulheres, de politizarem as suas candidatas, darem cursos. Não adianta só fazer o cumprimento das cotas no papel. Um certo partido tem dez candidatos, ele coloca sete homens e apenas três nomes de mulheres. Elas não são candidatas efetivamente, estão ali meramente para o partido cumprir a cota. E é isso que a gente precisa mudar e, na verdade está mudando”, comenta.

Zero Voto

As candidaturas efetivadas apenas “no papel”, para cumprir a cota de 30%, podem ser consideradas como crime eleitoral. Um levantamento feito pelo Jornal Estadão revela que, das 173 mil mulheres que disputaram o cargo de vereador no dia 15 de novembro, 6.372 tiveram apenas um ou nenhum voto, o que levanta suspeita de que essas candidatas tenham sido usadas para os partidos cumprirem a cota e poderem driblar a lei eleitoral. Parte dessas candidatas receberam dinheiro público do fundo eleitoral para custear a campanha. “Se ficar comprovado que houve fraude, as consequências eleitorais são grandes. Existe uma ação de impugnação de mandato eletivo, que pode ser movida mesmo depois da diplomação do candidato. Se um partido registrou candidaturas somente para cumprir a cota, o Ministério Público vai investigar e se ficar comprovado, todos os envolvidos, até mesmo os eleitos podem perder o mandato”, explica a procuradora Regional Eleitoral, Dra. Eloísa Helena Machado.

Em Paranaguá, por exemplo, dos 29 candidatos que não tiveram votos, nem mesmo o deles na eleição deste ano, 21 são candidaturas de mulheres e três delas são suplentes nos partidos PTC, PSL e PSDB, que elegeram vereadores homens.