Usuários de drogas e proliferação de mosquito em colégio colocam em risco a saúde e segurança dos frequentadores da região


Por Redação Publicado 10/04/2021 Atualizado 16/02/2024
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As condições de abandono do Colégio Estadual Estados Unidos da América, reveladas na última edição do JB Litoral, levaram vizinhos e vereadores a se pronunciarem sobre o assunto, cobrando medidas a serem tomadas pelos órgãos públicos.

Na semana passada, a reportagem retornou ao local e coletou relatos de medo e preocupação. Segundo informações, o antigo colégio estaria funcionando como uma espécie de “condomínio” para usuários de drogas, inclusive com aluguel de quartos e até lista de espera. Mesmo com um posto da 1ª Companhia de Polícia Militar na esquina, a situação não intimida os ocupantes do local que se encontra fechado.

Moradores, funcionários e comerciantes da área contam que há diversas mulheres morando no prédio de propriedade do Governo do Paraná, inclusive oferecendo serviços sexuais para motoristas, que passam na região no período noturno. Muitas vezes, o próprio colégio é usado para práticas sexuais. Durante o dia, é comum que os usuários de drogas saiam pelas ruas do bairro pedindo dinheiro ou buscando trabalhos, como varrer os caminhões estacionados e calçadas dos poucos moradores, em troca de qualquer valor. Mas, também, há relatos que alguns são violentos com quem passa ou estaciona nas imediações. São comuns os casos de motoristas que, por não conhecerem bem a região, foram assaltados. Um traficante seria o controlador do aluguel dos quartos.

Desde que o estabelecimento de ensino foi fechado, em janeiro de 2018, o comércio local passou a sofrer invasões e saques. Um desses empreendimentos sofreu dois grandes ataques durante a madrugada, nos últimos anos, e a suspeita é de que esses indivíduos tenham praticado os crimes. O clima de apreensão é tão grande que funcionários de empresas da região evitam ficar até mais tarde no trabalho para não cruzarem, à noite, com os usuários, durante a volta para casa.

Vizinhos afirmam que alguns frequentadores têm família, mas, em momentos de recaída, acabam voltando para o “condomínio”, como o local ficou conhecido.

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Usuários de drogas aproveitam o descaso e ocupam as salas de aula do prédio público. Foto/JB Litoral


Lixo e dengue


Na primeira vistoria ao colégio fechado, a equipe do JB Litoral encontrou muito lixo, fezes e roupas em varais improvisados. Também havia usuários de drogas nus dormindo nas antigas salas de aula. O vereador Renan Brito (Podemos), que era um dos visitantes, afirma sentir “tristeza ao ver um grande espaço público servindo apenas para juntar sujeira e criadouro de mosquito da dengue”. Ele pretende sugerir, ao governo estadual, que o prédio seja oferecido para uma empresa privada, devido à localização estratégica próxima ao porto, em troca da construção de uma nova escola em uma região mais apropriada.

O vereador Oséias Bisson (Podemos) também esteve na visita e diz esperar uma providência do Estado. “O extinto Colégio Estados Unidos da América é uma construção abandonada, com lixo espalhado por todo canto, com inúmeros locais com acúmulo de água parada, propício para a proliferação de insetos, inclusive o Aedes aegypti. O que me cabe como vereador é pedir providências junto ao governo estadual, para que esses problemas venham a ser sanados no menor tempo possível”, declarou.

A preocupação com a dengue procede. Em apenas uma semana de março, 256 pessoas foram diagnosticadas com a doença em Paranaguá, número que representa quase a metade do acumulado entre agosto de 2020 e o mês passado, situação que colocou a cidade na bandeira marrom do governo estadual. Com o aumento da incidência de casos, o acúmulo de água parada no prédio abandonado se torna um perigo para toda a cidade, por ser propício para a proliferação do mosquito. A Secretaria Municipal da Saúde (SEMSA) não respondeu os questionamentos sobre a limpeza e higienização do local.

Secretaria de Segurança Pública não explica


Conforme informado pelo Núcleo Regional de Educação (NRE), o prédio foi repassado para a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP) principalmente por estar próximo ao Batalhão da Polícia Militar, mas, pela segunda semana seguida, a SESP não informou os motivos de ter assumido o terreno, quais os planos para o prédio e o porquê de ele estar em situação de abandono. As tentativas de contato com o posto da Polícia Militar que fica na esquina da escola também não vingaram. Os números de telefone, que constam nos sites oficiais, ou dão sinal de ocupado ou chamam até cair na caixa-postal.

A vereadora Vandecy Dutra (PP) enviou, no dia 25 de março, ao presidente da Câmara dos Vereadores de Paranaguá, vereador Fábio Santos (PSDB), um requerimento apontando como “deplorável” as condições do prédio público e pedindo explicações e resolução do problema ao governo estadual, para as Secretarias de Saúde, de Segurança e de Educação, e também para o governo municipal, especialmente para a Secretaria de Saúde. “Esta instalação, de responsabilidade do Governo do Estado, está servindo para práticas de ilicitudes mais diversas, propagação de doenças como a Dengue, Zika e Chikungunya, tudo isso tendo em vista que estamos vivendo num estado em que a saúde pública está colapsada, então a necessidade de intervenção no local é urgente e imediata”, diz o texto. O requerimento foi lido em plenário e deve entrar em pauta nos próximos dias.