Vacinar crianças é seguro e salva vidas, diz pediatra sobre nova etapa da imunização contra a Covid-19


Por Publicado 25/01/2022 às 09h00 Atualizado 17/02/2024 às 00h29

Começou, nesta semana, a imunização de crianças de 5 a 11 anos por todo o litoral, com doses da Pfizer. E a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou, para esta semana igualmente, a utilização da CoronaVac no público de 6 a 17 anos. O objetivo é aumentar o contingente de população vacinada no país e diminuir o risco de a infecção viral evoluir para casos graves também nas pessoas mais jovens.

O JB Litoral acompanhou o início da campanha entre os pequenos nas 7 cidades da região e, para tirar dúvidas sobre o processo de proteção, a pediatra Rita de Cássia Estanislau Rodrigues, de Guaratuba, que conta com residência em pediatria pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e enfermagem de saúde pública pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conversou com a reportagem.

A pediatra explica que a vacinação é um processo histórico e que a forma de organização para imunizar todo o país tem quase meio século. “O Programa Nacional de Imunizações (PNI) acaba de comemorar 48 anos. Criado em 18 de setembro de 1973 e institucionalizado em 1975, por meio da Lei 6.259, de 30 de outubro, o programa foi formulado com os objetivos de coordenar, garantir a continuidade e ampliar a abrangência das ações de vacinação”, diz.

Sobre como a vacinação funciona, a especialista afirma que as vacinas são substâncias produzidas para incentivar nosso corpo a produzir respostas imunológicas e que o principal objetivo é proteger as pessoas de uma ou mais doenças. “Para isso, o agente infeccioso é inserido no organismo de forma menos agressiva. Isso significa que ele é incapaz de se tornar uma patologia. Sua presença no corpo serve, somente, para que sejamos capazes de produzir os anticorpos necessários para combatê-lo”, explica.

A unidade está recebendo um grande número de pacientes, mas não há mortes registradas na cidade por Covid-19. Foto: JB Litoral


Necessária para o bem coletivo

No primeiro momento, a produção acontece devagar, de acordo com Cássia. Mas, além dos anticorpos, o organismo cria células de memória que, se forem expostas à mesma infecção, estarão aptas para criar um campo de defesa rapidamente. Quando as pessoas se vacinam, ajudam toda a comunidade a diminuir os casos de determinada doença. A doutora reforça que as campanhas de vacinação brasileiras, por exemplo, resultaram na eliminação da varíola, em 1973, e da poliomielite, em 1989.

Sobre a importância de se vacinar, a pediatra que está acompanhando de perto o aumento dos casos de procura médica em Guaratuba, diz que o desenvolvimento do sistema imunológico humano começa ainda na gestação. “Os recém-nascidos são frágeis e estão suscetíveis a doenças e infecções. Consequentemente, é preciso ajudar o organismo a evoluir em busca de proteção. Quanto antes a criança ficar imune, melhor para a sua saúde. Até os 10 anos, vacinas e reforços são aplicados para combater distúrbios que podem aparecer devido à exposição nas escolas”, diz a doutora enquanto reforça que as crianças precisam estar imunes contra as várias doenças que já existem vacinas distribuídas.

O Ministério da Saúde fornece, para cada idade, as doses de imunização necessárias. Entre os adolescentes, as principais recomendações são contra a meningite meningocócica e o vírus HPV. Ao longo da vida, a importância da vacina não diminui. Adultos e idosos precisam, igualmente, de proteção. Seu lugar de moradia, idade e histórico são levados em consideração quando o assunto é vacinação”, diz a pediatra ao falar que mesmo quem tem mais idade, precisa ficar atento a sua caderneta vacinal.

Benefícios são inestimáveis

As vacinas podem causar efeitos colaterais leves, afinal, uma matéria estranha está sendo injetado no corpo humano. Mas, essas reações são comuns e históricas, como é o caso do imunizante contra a Rotavírus e a tetravalente, que podem causar alguns sintomas simples, igualmente como ocorre no caso dos imunizantes contra a Covid-19. Além disso, vale lembrar que a CoronaVac foi considerada o imunizante com menores efeitos entre as vacinas distribuídas no Brasil e a Pfizer tem uma dosagem diferente para o público pediátrico, tudo para garantir os benefícios muito maiores em relação aos malefícios que uma aplicação pode causar na pessoa protegida.

Cássia Estanislau Rodrigues reforça que todas as informações foram confirmadas em artigos científicos internacionais que garantem a segurança, necessidade e benefícios das vacinas. Por isso, é importante que a população entenda que não está sujeita a vacinas experimentais ou com a eficácia sem comprovação, já que os imunizantes aprovados no país passam por rígidas medidas de segurança e conseguem a sua autorização após garantir que trará benefícios individuais e coletivos.

Então, é importante que assim como os adultos, as crianças possam se proteger e construir uma imunidade coletiva contra doenças que estão na sociedade, como é o caso da Covid-19 e que pode se transformar numa endemia sazonal, como a gripe, já que mesmo no momento em que o Brasil bate recordes de contaminações, os números de mortes estão no patamar mais baixo dos últimos 2 anos.

A especialista reforça que, em caso de dúvidas, é importante procurar profissionais da saúde e que é válido realizar um check-up anual com auxílio médico para manter a qualidade de vida. “Informe-se e cuide-se”, conclui.