Verão será quente, chuvoso e com temporais frequentes


Por Redação JB Litoral Publicado 21/12/2015 às 10h00 Atualizado 14/02/2024 às 11h28

O verão começa oficialmente à 1h48 desta terça-feira (22) e vai até a 1h30 do dia 20 de março de 2016. Segundo a previsão do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), a estação tende a ser quente, chuvosa e marcada por temporais devido a influência de El Niño, que vem forte desde a primavera. Os prognósticos demonstram que esse fenômeno permanecerá ativo até o outono.

“A tendência do comportamento da atmosfera indica que neste verão as temperaturas serão bastante elevadas e as chuvas ficarão acima da média, devendo ocorrer temporais com frequência em todas as regiões paranaenses”, informa o meteorologista Cezar Duquia. Segundo ele, a instabilidade no ambiente atmosférico, que combina temperaturas altas e chuvas, favorece a formação e o desenvolvimento de eventos severos, como tempestades e temporais. “Caso as chuvas venham a coincidir com o período de maior aquecimento, é natural que as médias das temperaturas máximas locais diminuam”, explica Duquia.

Durante a primavera, a temperatura da superfície do mar ficou bem acima da média climatológica, ultrapassando 29 graus Celsius. Em 2015 as temperaturas médias extrapolaram a tendência em todas as regiões do Paraná. Até o momento, o ano mais quente no Estado foi 2002, com temperatura média variando de 18,4ºC nas áreas mais frias do Sul a 22,7ºC no Oeste. A máxima absoluta foi registrada no Oeste: 40,1ºC.

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe) divulgou previsão de chuvas intensas no Sul do Brasil neste verão. Os valores devem ficar acima da média em 50%, na média em 30% e abaixo da média em apenas 20% da região.

AGRICULTURA – “As perspectivas são de excelentes safras em todo o Paraná”, afirma o pesquisador de agrometeorologia Paulo Caramori.

As chuvas frequentes podem causar algumas dificuldades no período de colheita, principalmente nas operações mecanizadas, como a aplicação de defensivos agrícolas. “Os agricultores devem estar atentos às previsões e fazer bom aproveitamento dos períodos de estiagem para executar as operações em suas propriedades”, recomenda o pesquisador.

“Os cuidados com a manutenção dos terraços devem ser redobrados devido às chuvas intensas e volumosas previstas para o verão”, alerta Caramori. Segundo ele, a umidade e as altas temperaturas favorecem a proliferação de pragas, doenças e ervas invasoras.

Já para as lavouras perenes e pastagens, a situação é excepcional. “As condições de vegetação são próximas do potencial das espécies, desde que seja feita a condução agronômica adequada”, observa.

Na análise do pesquisador, apesar das chuvas frequentes, a safra de verão se desenvolve bem. Em alguns períodos, principalmente em novembro, o elevado número de dias consecutivos com chuvas reduziu a quantidade de insolação, com alguns casos de estiolamento das plantas devido à baixa luminosidade.

Em dezembro, as chuvas vêm sendo intercaladas com períodos de sol, o que contribui para regularizar o desenvolvimento das lavouras.

DEFESA CIVIL – Considerando as previsões de que o Paraná será atingido por tempestades e inundações, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil disponibiliza a ferramenta Plano de Contingência Online para que as coordenadorias municipais possam mapear as áreas de atenção, cadastrar abrigos e demais recursos para atendimento da população.

Ao receber os alertas do Simepar, o plantão da Defesa Civil entra em estado de atenção. Dependendo da evolução do fenômeno climático, são adotados procedimentos para minimizar efeitos. As coordenadorias municipais são acionadas e têm como prioridade a segurança da população em situação de risco.

A população também deve estar preparada, mantendo-se informada sobre medidas de segurança e autoproteção em caso de tempestades com raios, inundações e ventanias. A página da Defesa Civil na Internet tem dicas: www.defesacivil.pr.gov.br.

METODOLOGIA – Para realizar as previsões, o Simepar dispõe de equipamentos e sistemas computacionais inteligentes de alto desempenho que captam, recepcionam, processam e disseminam dados e informações em tempo real.

Uma rede formada por estações meteorológicas de superfície, sistemas de detecção de descargas atmosféricas, radares e satélites de alta resolução capta e transmite dados automaticamente a um centro operacional de funcionamento ininterrupto.

A tendência climática para este verão considera ainda a previsão consensual lançada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e Centro Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com a participação dos centros estaduais de meteorologia. Está baseada na análise conjunta das condições oceânicas e atmosféricas e dos modelos dinâmicos e estatísticos de previsão climática sazonal.

EL NIÑO – O fenômeno climático El Niño caracteriza-se pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Oriental e Central.

É configurado quando a elevação da temperatura ultrapassa a média em 0,5 grau e permanece acima desse patamar nos meses seguintes.

As águas aquecidas se estendem nas proximidades da linha do Equador. Tufões e furacões só podem se formar quando a temperatura da superfície do mar exceder 27,8 graus.

Em sua versão clássica, El Niño dura aproximadamente 12 meses. O aumento no calor sensível e nos fluxos de vapor d´água da superfície oceânica para a atmosfera sobre as águas quentes provoca mudanças em escalas regional e global, com impactos nas condições meteorológicas e climáticas em várias partes do mundo. No Brasil, El Niño provoca alterações nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste.