Vereadores querem auxílio financeiro e psicológico para filhos de mulheres vítimas de feminicídio em Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 23/05/2022 às 06h53 Atualizado 17/02/2024 às 09h06
Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Os vereadores Junior Leite (PSC) e Renan Britto (Pode) estão atuando em conjunto no intuito de garantir que Paranaguá atenda, com políticas públicas, os filhos menores de idade de mulheres vítimas de feminicídio. Na sessão legislativa de terça-feira (17), eles apresentaram um requerimento, que foi aprovado por unanimidade, solicitando ao prefeito Marcelo Roque (Pode) a realização de um estudo de viabilidade sobre a possibilidade de o Município oferecer a essas crianças e adolescentes auxílios financeiro e psicológico.

A ideia surgiu após uma reunião entre os vereadores, na própria Câmara, para debater propostas que ajudem a atenuar as consequências do crime de feminicídio em uma família. “A nossa intenção é pedir um estudo de viabilidade por parte do Poder Executivo sobre esta questão, uma vez que, nos casos de feminicídio, a mãe, que infelizmente foi acometida pela covardia de um homem, quase sempre tinha a função de cuidar dos filhos e zelar pelo seu bem-estar emocional e financeiro. Por isso, uma das consequências imediatas de um feminicídio é o desamparo dos filhos menores na questão financeira e psicológica, situações que entendemos que o Poder Público poderia atenuar”, disseram os propositores do requerimento.

Renan Britto e Junior Leite são os propositores do requerimento que solicita ao prefeito o estudo de viabilidade para a criação de um projeto que viabilize os auxílios. Foto: Câmara de Paranaguá

“O município não aceitará nenhum tipo de violência contra a mulher”

De acordo com Renan Britto, o auxílio financeiro, acompanhamento psicológico e educacional por parte do município tem por objetivo assegurar proteção integral às crianças e adolescentes que ficaram sem as mães. “Também entendemos que é fundamental a implementação de políticas públicas que demonstram que o município não admitirá nenhum tipo de violência contra a mulher, com o amparo, não somente às vítimas, mas também a seus filhos e dependentes, os quais sofrem indiretamente a violência”, comenta.

Já Junior Leite torce para que o prefeito consiga elaborar um projeto de lei que viabilize os serviços citados. “A gente torce para que o prefeito, que está sensível às questões relativas à assistência social, consiga elaborar uma renda e apoio psicológico a essas vítimas indiretas do crime, e que seja possível formalizar o projeto legal e financeiramente”, disse.

Ele ainda comenta sobre a quantidade de casos de feminicídio em Paranaguá. “Gostaria de não estar propondo esse tipo de proposição na Casa, porém, convivemos com isso diariamente. Muitas já são as vítimas que estão com seus avôs e parentes mais próximos, devido aos crimes que já aconteceram”, destaca.

Feminicídios em Paranaguá

A violência, em suas diferentes formas, segue como um dos principais obstáculos ao empoderamento feminino. É necessário desenvolver políticas públicas capazes de preservar e garantir condições básicas de vida para meninas e mulheres, livres da violência endêmica que continua a atingi-las.

Exemplos dessa violência não faltam. Em Paranaguá, só em 2017, Odete dos Santos, de 52 anos, e Renata Lopes Cordeiro, de 24, tiveram suas vidas interrompidas pelos companheiros. Ana Paula Fernandes, de 31 anos, e Janaína Cristina de Oliveira de Melo, de 22, foram mortas em 2018. Já Steffany Caroline da Silva, 25, foi assassinada pelo namorado em 2020.

O último exemplo, em Paranaguá, aconteceu em março de 2021, quando Karine Rodrigues Lourenço, de 19 anos, foi assassinada pelo seu ex-namorado com um golpe de faca porque ele não aceitava o fim do relacionamento.

Nos últimos cinco anos, seis mulheres foram mortas por aqueles que diziam amá-las: seus companheiros. Todas eram mães, filhas, irmãs, netas e amigas de alguém.