Secretaria Municipal de Inclusão de Paranaguá promove desenvolvimento pessoal por meio de música, teatro e esportes

De retraídos a confiantes: oficinas da SEMI revelam o potencial de crianças e jovens com deficiência


Por Luiza Rampelotti Publicado 29/07/2024 às 16h33
autismo
Mais de 180 pessoas, semanalmente, participam das oficinas na SEMI, e encontram no local um espaço acolhedor. Foto: Juan Lima/JB Litoral

Desde a criação da Secretaria Municipal de Inclusão (SEMI), as iniciativas promovidas pela pasta têm conferido um novo significado à inclusão social em Paranaguá. Com oficinas de musicoterapia, teatro, capoeira e futebol, crianças, adolescentes, jovens e adultos com deficiências estão encontrando uma válvula de escape e também um espaço de transformação e desenvolvimento pessoal.

Na SEMI, a superação quebra barreiras e abre portas para um mundo de possibilidades. Mais de 180 pessoas, semanalmente, encontram no local um espaço acolhedor para trilhar um caminho de crescimento e autoconhecimento.

A secretária municipal de Inclusão Social, Camila Leite, lembra do início do projeto das oficinas, em 2023. “Quando as oficinas começaram, muitas crianças e adolescentes chegavam aqui retraídas, inseguras, sem saber como se comunicar. O bullying e a falta de autoestima eram marcas profundas em suas vidas”, diz.

No entanto, a transformação é visível a cada dia. “Hoje, a alegria contagia o ambiente. Eles se abraçam, conversam, riem, cantam, dançam, e o brilho nos olhos deles é a prova da superação. Ver esse desenvolvimento, essa conquista da autoestima e da autonomia, é a maior recompensa para nós“, conta.

Ela destaca que as oficinas são uma poderosa ferramenta terapêutica. “Eles formam grupos, fazem amizades. Trabalhamos aspectos como socialização, superação da vergonha, combate à depressão e ansiedade, e também a habilidade de falar em público, que é uma das maiores dificuldades deles”, explica Camila Leite.


A música como terapia

A musicoterapia é uma das atividades mais populares, conduzida pelo musicoterapeuta Thauy Cabral. “A música é um elemento constante na vida das crianças. Utilizamos esse vínculo para trabalhar a imaginação, as relações interpessoais e a comunicação. A musicoterapia ajuda na expressão corporal e combate a timidez, oferecendo estímulos essenciais, especialmente para crianças autistas”, afirma.

Ele observa a interação entre os alunos. “Ver uma criança que antes se fechava em si mesma, agora se expressando com a música, cantando, tocando instrumentos, interagindo com os colegas, é realmente emocionante. A música tem o poder de despertar a criatividade, melhorar a comunicação e fortalecer a autoestima. É uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento integral da pessoa“, destaca.

O musicoterapeuta destaca que o acesso gratuito a essas atividades é um alívio para muitas famílias que enfrentam dificuldades financeiras. “Hoje, mais de 80 crianças participam das oficinas de musicalização, o que é muito importante, já que muitas terapias são inacessíveis devido ao custo elevado. Estarmos oferecendo esse serviço de maneira pública e gratuita para a população de Paranaguá é uma conquista e um orgulho”, destaca Thauy.

A musicoterapia é conduzida pelo musicoterapeuta Thauy Cabral. Foto: Juan Lima/JB Litoral
A musicoterapia é conduzida pelo musicoterapeuta Thauy Cabral. Foto: Juan Lima/JB Litoral

Atendimento insubstituível


As histórias dos participantes das oficinas demonstram o impacto positivo das iniciativas. Igor Fernando dos Santos, um jovem autista de 18 anos, fala com entusiasmo sobre sua experiência. “Minha rotina é corrida, mas quando venho para a musicoterapia, me sinto à vontade, faço novos amigos, melhoro minha fala e meu desenvolvimento. É muito bom e legal”, conta.

Tatiana Lopes, mãe de Daniel, de 7 anos, diagnosticado com autismo e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), destaca a importância das atividades para o desenvolvimento do filho. “Daniel participa das terapias do Centro de Autismo, das oficinas de musicoterapia e futebol, e vai começar a equoterapia. Essas atividades são fundamentais para a interação e socialização dele. Desde 2017, quando foi criado o Centro Municipal de Avaliação Especializada (CMAE), temos acesso a serviços essenciais. Em 2020, com a abertura do Centro de Autismo, também passamos a utilizar os serviços. Mas desde o ano passado, com a criação da Secretaria, a inclusão em Paranaguá deu um salto enorme. Não encontramos esse atendimento em outro lugar”, afirma Tatiana, ressaltando o apoio contínuo para a evolução de seu filho.

Tatiana observa que o progresso de Daniel é notável. “Ele está formando frases, interagindo com outras crianças, brincando e dançando em festas. Pouco a pouco, tudo contribui para um benefício maior no futuro. Meu marido e eu não voltamos para o Rio de Janeiro porque o atendimento que o Daniel tem aqui é insubstituível. A Secretaria de Inclusão e o Centro de Autismo são um alívio e uma bênção para nós”, se emociona.

Tatiana Lopes, mãe de Daniel, de 7 anos, diagnosticado com autismo TDAH, destaca a importância das atividades para o desenvolvimento do filho. Foto: Juan Lima/JB Litoral
Tatiana Lopes, mãe de Daniel, de 7 anos, diagnosticado com autismo TDAH, destaca a importância das atividades para o desenvolvimento do filho. Foto: Juan Lima/JB Litoral

Inclusão e acolhimento


Glaziara Cordeiro Banques da Silva, mãe de Júlia, de 7 anos, diagnosticada com TDAH, compartilha sua experiência de acolhimento e apoio. “Descobrimos o TDAH há três anos. Desde o ano passado, recebemos o apoio da Secretaria de Inclusão. A Júlia participa das oficinas de musicoterapia e melhorou significativamente. Ela lida melhor com barulhos altos, participa de teatros na igreja e interage mais com outras crianças”, relata Glaziara.

Para ela, a secretaria representa uma verdadeira rede de apoio. “A Secretaria de Inclusão é como uma mãe para nós, oferecendo acolhimento não só para as crianças, mas também para os pais. Muitas vezes, ao trazerem seus filhos, os pais também descobrem diagnósticos próprios. É uma inclusão da família como um todo”, explica.

Júlia, por sua vez, fala sobre sua experiência com brilho nos olhos. “Acho muito legal e divertido. Estou aprendendo música, os ritmos, e também converso mais com os amigos. Fico com menos vergonha”, diz a menina, que hoje participa de atividades que antes a intimidavam.

Glaziara Cordeiro Banques da Silva, mãe de Júlia, de 7 anos, diagnosticada com TDAH, compartilha sua experiência de acolhimento e apoio. Foto: Juan Lima/JB Litoral
Glaziara Cordeiro Banques da Silva, mãe de Júlia, de 7 anos, diagnosticada com TDAH, compartilha sua experiência de acolhimento e apoio. Foto: Juan Lima/JB Litoral

Um compromisso com a transformação


Camila Leite destaca que a Secretaria Municipal de Inclusão Social de Paranaguá tem um compromisso inabalável com o acolhimento. “As oficinas de música, teatro, capoeira e futebol não apenas proporcionam atividades recreativas, mas também oferecem um espaço seguro para o desenvolvimento emocional e social dos participantes. A transformação testemunhada nas vidas dessas crianças e adolescentes é uma prova do impacto positivo dessas iniciativas, ressaltando a importância de um apoio inclusivo e acessível para todas as famílias da cidade”, finaliza.

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