Busca e apreensão contra ex-prefeito amplia suspeição sobre eleições em Itapoá
A Polícia Civil de Santa Catarina realizou uma operação de busca e apreensão em Itapoá, na última terça-feira (24), na casa de Wilson José Júnior, ex-servidor da Prefeitura e marketeiro vinculado à campanha do ex-prefeito Jeferson Rubens Garcia (MDB), o Jefinho Garcia, atual candidato à chefe do Executivo no município. Wilson é investigado por suspeitas de crimes eleitorais, além de produção e disseminação de desinformação durante as eleições municipais de 2024.
A reportagem teve acesso à íntegra da investigação. De acordo com a sentença proferida pela 105ª Zona Eleitoral de Joinville, Jefinho, que foi prefeito de setembro de 2022 a agosto de 2024, teria utilizado dinheiro público e servidores municipais para benefício próprio, isso porque publicou em suas próprias redes conteúdos produzidos pela gestão da cidade e teria sido responsável por organizar meios de produzir notícias falsas para atacar adversários.
Em um trecho da denúncia, que foi protocolada pela Coligação Itapoá Merece Mais, que é encabeçada pelo candidato Tiago de Oliveira (PL), é apontado que a utilização da estrutura municipal para benefício próprio ganhou corpo no ano passado. “isso passou a ser feito de forma reiterada a partir do final de 2023 e, especialmente, a partir do início de 2024, com o nítido objetivo de dar maior visibilidade ao agente público utilizando-se da máquina pública para favorecê-lo futuramente nas Eleições Municipais de 2024, quando concorreria para a reeleição”, diz a acusação.
Com base nas alegações e na busca e apreensão, a Justiça Eleitoral entendeu que o candidato estaria suprimindo os materiais para “acobertar” conduta ilícita. “Assim, acolho o pedido de quebra de sigilo telemático/telefônico que deve estar corroborado como a presença de indícios de ilícito e reconhecida a necessidade da prova para dar seguimento às investigações. Registro, entretanto, que o acesso aos dados constantes dos telefones celulares não se equipara à quebra de sigilo de dados móveis ou à interceptação telefônica, merecendo especial análise na forma da exceção”, determina a sentença.
Entenda o caso
A ação desencadeada no dia 24 de setembro é um desdobramento de investigações que começaram após a apreensão de computadores que pertenciam à Secretaria de Turismo e Cultura de Itapoá, onde Wilson atuava, no final de agosto. As denúncias apontam que esses computadores continham indícios da criação de notícias falsas com o objetivo de influenciar as eleições municipais, atacando especialmente o candidato a prefeito Tiago de Oliveira.
Os materiais apreendidos devem passar por análise da equipe de peritos, que busca identificar provas da participação de Wilson em uma suposta rede de desinformação.
De acordo com o andamento do processo, caso a participação ativa seja comprovada, pode resultar em prejuízo irreparável para as eleições em 6 de outubro, principalmente por expor um esquema de uso indevido da máquina pública para benefício próprio, além de prejudicar adversários políticos, o que resultaria em uma interferência e influência ilegal do processo eleitoral.