Caso Evandro: Grupo de Estudos para investigar torturas é instituído


Por Publicado 15/07/2021 às 20h59 Atualizado 16/02/2024 às 07h41
CASO EVANDRO

O secretário estadual de Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost (PSD) instituiu na tarde de hoje (15) o grupo de estudos que pretende apurar as eventuais torturas que ocorreram nas prisões dos sete acusados de terem matado o menino Evandro Ramos Caetano, crime que ficou conhecido como “Caso Evandro” em 1992.

A decisão de criar um grupo sobre o tema aconteceu após novos áudios, divulgados pela série do GloboPlay “O Caso Evandro” e o podcast “Projetos Humanos: Caso Evandro”, confirmarem as alegações de torturas que os envolvidos já relatavam desde o início do processo. A partir de agora, a comissão terá 60 dias para atuar em três campos: medidas de combate à tortura; políticas de infância, com foco em debates sobre meninos e meninas desaparecidos; e garantir apoio aos entes de crianças e adolescentes desaparecidos, como os familiares do próprio Evandro e de Leandro Bossi, que desapareceu na mesma época no município litorâneo.

Como Secretaria de Justiça, podemos elencar erros do passado para que não se repitam com as crianças e os julgamentos do futuro. Podemos apresentar propostas baseadas nesses erros para que, no futuro, os direitos humanos sejam preservados em todas as esferas”, explica o secretário Ney Leprevost.

O secretário da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost (PSD), não participará do grupo de trabalho, mas compareceu ao primeiro dia da reunião para desejar bom trabalho aos envolvidos. Imagem: Brayan Valêncio

Grupo tem membros da sociedade civil

As ações da comissão serão coordenadas pela chefe do Departamento de Políticas para Criança e Adolescente e do Departamento de Promoção e Defesa dos Direitos Fundamentais e Cidadania da Sejuf, Angela Mendonça. Além do governo do Paraná, também estarão presentes nos encontros, membros do Ministério Público do Paraná, Polícia Científica, Secretaria Estadual de Segurança Pública, Tribunal de Justiça do Paraná, Defensoria Pública do Paraná, Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca) e Conselho Permanente Dos Direitos Humanos (COPEDH-PR).  

A expectativa é que ocorra, ao menos, uma reunião semanal e que na segunda quinzena de setembro as propostas sejam colocadas em um relatório, para que possam ser transformadas em ações concretas, como leis e medidas que vão contra os erros processuais e falhas apontadas no caso de 1992.

“O Caso Evandro trouxe, junto com ele, o coletivo de crianças que vivem essa história. Por isso não estamos tratando do caso em si, mas, a partir do caso, da construção de políticas estruturantes para todas as infâncias. São todas vidas muito importantes sobre as quais não pode haver ponto de interrogação”, diz a coordenadora do grupo de trabalho, Angela Mendonça.

O JB Litoral, em meio aos surgimento de novas provas dos casos de crianças desaparecidas em Guaratuba na década de 90, entrevistou com exclusividade Lucas Bossi, irmão de Leandro Bossi, menino desaparecido que chegou a ser protagonista de um episódio especial na série original GloboPlay.

Por Brayan Valêncio