Instituto Peito Aberto: nove anos de amor e esperança para mulheres em luta contra o câncer


Por Luiza Rampelotti Publicado 13/06/2023 às 16h22 Atualizado 18/02/2024 às 14h10

Neste mês, o Instituto Peito Aberto, em Paranaguá, completa nove anos de existência, representando um farol de esperança para mais de 300 mulheres que enfrentaram o diagnóstico devastador do câncer. Desde sua oficialização, em 6 de junho de 2014, o local tem oferecido suporte emocional e uma rede de cuidados profissionais para mulheres em tratamento, gratuitamente.

Com uma equipe dedicada de 37 profissionais voluntários, o Instituto Peito Aberto vai além do apoio emocional, fornecendo assistência de saúde multidisciplinar, que inclui fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, dentistas e encaminhamento para advogados. Além disso, são oferecidos serviços terapêuticos como aulas de dança, pilates, remada e massoterapia. A filosofia é clara: promover um ambiente de cura e bem-estar integral para as pacientes.

A idealizadora do Instituto, Fabiana Parro, expressa sua gratidão ao refletir sobre os nove anos de trabalho incansável. “É um grande prazer chegar a essa marca junto com uma equipe que abraçou essa causa e faz a diferença na vida de tantas mulheres. Sabemos que há muito a ser feito, pois a cada ano mais mulheres são diagnosticadas, e o que mais nos preocupa é que esse diagnóstico ocorre em pacientes cada vez mais jovens. Por isso, trabalhamos em duas frentes: acolher as mulheres diagnosticadas e promover a prevenção para alcançarmos diagnósticos precoces, o que aumenta significativamente as chances de cura da doença“, revela Fabiana ao JB Litoral.

106 mulheres são atendidas atualmente

Atualmente, o Instituto Peito Aberto atende 106 mulheres e suas famílias, proporcionando suporte técnico e psicológico durante o tratamento oncológico. O caminho começa com o apoio da assistente social e a conexão com uma ex-paciente, que estabelece um vínculo especial, demonstrando que é possível superar a doença. Em seguida, as pacientes são cadastradas e encaminhadas para os projetos que melhor atendem às suas necessidades, com os profissionais especializados disponíveis.

Fabiana Parro Instituto Peito Aberto
Após vencer um câncer de mama, em 2012, Fabiana Parro decidiu criar o Instituto para ajudar outras mulheres. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Além dos cuidados médicos e psicológicos, o Instituto realiza oficinas de costura e confecção de perucas. Com a ajuda de voluntárias, são produzidos artigos vendidos para financiar o material utilizado na fabricação manual das perucas, que são feitas com cabelos doados de pessoas de todo o Brasil.

Ao longo dos últimos nove anos, mais de 350 perucas já foram entregues para pacientes em todo o país, proporcionando um grande impulso à autoestima das mulheres em tratamento. “Os projetos das perucas e dos lenços valorizam muito a mulher. Nosso objetivo é elevar a autoestima dela, para que ela possa enfrentar o tratamento da forma mais tranquila possível. Queremos fortalecer essas mulheres para que elas possam dizer, no futuro: eu venci!“, ressalta Fabiana.

Mulheres que enfrentam o câncer de mama ou qualquer outro tipo de câncer podem obter as perucas produzidas e doadas pelo Instituto. Atualmente, existem mais de 300 perucas disponíveis em seu banco de reservas. Fabiana convida todas as mulheres que estão passando por esse desafio a entrar em contato e escolher a peruca que mais lhes agrada.

Muito mais que assistencialismo

A entidade, declarada de Utilidade Pública pelo Município em 2018, tem como objetivo principal mostrar às pacientes que é possível enfrentar a doença e sobreviver com qualidade de vida, tanto durante o tratamento quanto após. O diferencial do Instituto Peito Aberto é oferecer um suporte mais qualificado, indo além do simples assistencialismo. “Nosso acolhimento e atendimento são realizados por profissionais da área da saúde, para garantir uma recuperação mais rápida para essas mulheres“, afirma Fabiana.

O Instituto Peito Aberto é mantido através de doações e do trabalho voluntário de pessoas comprometidas com a causa. Além disso, conta com parcerias estabelecidas com empresas locais em Paranaguá, que apoiam a missão da instituição.

Experiência própria

A criação do Instituto Peito Aberto se deu devido à experiência própria de Fabiana, que enfrentou câncer de mama em 2012 e, então, decidiu dedicar-se a ajudar outras mulheres a superarem o diagnóstico doloroso. “Recebi um tratamento diferenciado durante o meu processo de cura, e agora meu objetivo é proporcionar a outras mulheres a mesma qualidade que eu tive“, declara Fabiana.

Uma das barreiras que muitas mulheres enfrentavam é a dificuldade de acesso ao tratamento médico devido à falta de recursos para viajar até Curitiba, que era o local mais próximo para receber tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até 2020. “Quando essas pacientes não conseguiam seguir o tratamento, começamos a observar sequelas. Foi então que decidimos atuar durante o processo de tratamento, oferecendo suporte técnico especializado. Comprovamos que, dessa forma, essas mulheres se recuperam mais rapidamente e podem retomar suas vidas normais, incluindo retornar ao trabalho. Queremos que essas mulheres possam voltar à sua rotina o mais rápido possível“, explica Fabiana.

Felizmente, o cenário mudou e, desde 2020, Paranaguá conta com a Unidade Avançada do Hospital Erasto Gaertner, que oferece tratamento oncológico para pacientes residentes no município e região litorânea, reduzindo as dificuldades de locomoção. Essa nova unidade reduziu significativamente as dificuldades de locomoção e ampliou o acesso ao tratamento, proporcionando uma esperança renovada para as mulheres que enfrentam essa doença tão desafiadora.

Atualmente, o Instituto Peito Aberto atende 106 mulheres e suas famílias, proporcionando suporte técnico e psicológico durante o tratamento oncológico. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral