5º Afoxé acontece no 1º domingo de fevereiro; expectativa é de reunir mil pessoas


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/01/2023 às 13h45 Atualizado 18/02/2024 às 02h28

O 5º Afoxé Filhos de Iemanjá já tem data para acontecer: é no dia 5 de fevereiro, um domingo, em Paranaguá. Anualmente, o evento atrai devotos de Iemanjá, povos de terreiros, religiosos de matriz africana, simpatizantes, capoeiristas, entre outros.

Considerado um ato cívico cultural/religioso, o primeiro Afoxé realizado em Paranaguá foi em 2019, quando 800 pessoas se reuniram em cortejo pelas ruas da cidade, com encerramento em frente à estátua de Iemanjá. Já em 2021 e 2022, devido à pandemia de coronavírus, foram realizadas apenas apresentações online.

Para este ano, o evento retorna com força total, com concentração e saída em frente à Igreja São Benedito, às 17h, e paradas na Igreja Matriz, no Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, no Pelourinho e na estátua de Iemanjá, à beira do Rio Itiberê, na rua da Praia.

Ao longo da caminhada, os participantes seguem com canções populares que lembram e remetem aos acontecimentos da história. O presidente da Associação Cristã de Estudos da Fraternidade Irmanada (ACEFI), Lederson Souza, idealizador e organizador do evento, destaca a importância de se manter viva a tradição das religiões de matrizes africanas.

Resgate da história

O evento atrai devotos de Iemanjá, povos de terreiros, religiosos de matriz africana, simpatizantes, capoeiristas, entre outros. Foto: Divulgação

O objetivo é resgatar a história escravocrata de Paranaguá, ressaltando os pontos turísticos e a história peculiar de cada local onde acontecem as paradas, com homenagens, atos de orações, benzimentos, rezas, e louvores através de cantigas. Um dos momentos mais importantes do Afoxé acontece em frente ao Pelourinho, um dos poucos ainda erigidos no país, onde há uma lavação com água de cheiro, orações e cantos em homenagens aos antepassados e momento de silêncio pelos que se foram”, diz Lederson.

Para a 5ª edição, o idealizador conta que são esperadas cerca de mil pessoas de todas as religiões e movimentos. “O evento já acontece em outros estados, em alguns há mais de 100 anos, como na Bahia. A ideia é mostrar à população a magia e o encanto que atrai as pessoas a conhecer os rituais de umbanda e de matriz africana, como o candomblé”, explica.

Ele convida todos os parnanguaras, dirigentes de barracão, ilês, terreiros de candomblé, tendas e casas de oração. Para participar, é necessário usar roupas brancas; o uso de vestimentas ou roupas africanas também é permitido.

O 5º Afoxé conta com o auxílio do produtor musical Fernando Lobo, do cineasta Tiago Nascimento, da agência Contteúdo, e apoio da Guarda Civil Municipal e Secretaria Municipal de Turismo.

Bandeira de paz

O presidente da ACEFI afirma que está orgulhoso de continuar levando uma bandeira de paz, cultura e amor à Paranaguá. “É o berço da civilização paranaense, porém é escravagista em sua história, tendo dois pelourinhos. Muitos navios negreiros aqui atracaram e muitos escravos passaram por nossa cidade, que era provida de um mercado de escravos significativo para a época”, diz ele.

O evento tem seu fundamento dentro dos cultos de matrizes africanas, sendo cheio de magias ritualísticas, danças tribais e específicas do culto, embaladas pelos sons dos atabaques, agogôs e de vários outros instrumentos de percussão, com cantigas em yorubas (língua africana), como também canções contemporâneas.

A mistura de raças e cultura é fato no Brasil, o país foi povoado por essa miscigenação. Natural, agora, seria se todos respeitassem cada religião, cada crença, cor e raça, assim, naturalmente, seríamos realmente um povo feliz e de paz”, conclui Lederson.