80 anos depois, mais de 30 mil pessoas já passaram pelo Lar de Idosos


Por Luiza Rampelotti Publicado 09/03/2020 às 17h04 Atualizado 15/02/2024 às 08h26

Neste sábado (14), o Lar de Idosos Perseverança comemora 80 anos de existência em Paranaguá. De lá para cá, cerca de 30 mil pessoas já passaram pela instituição que não possui fins lucrativos. A festa acontece no domingo (15), a partir do meio dia, com um almoço que está sendo vendido a R$ 40 (inclui churrasco e acompanhamento). Além disso, duas bandas estarão tocando durante o evento: a Pior Que Dor de Dente e Mitzrael.  

O presidente Térbio convida toda a população para participar da comemoração, no dia 15, a partir do meio-dia.

O presidente Térbio da Silva explica que os ingressos para o churrasco estão sendo vendidos na própria instituição, até a data da festa. Mas, no mesmo dia, o Lar promoverá um “parabéns” aberto à comunidade, a partir das 15h, com bolo e música ao vivo. “O parabéns será às 16h e a gente convida toda a população para que venha abraçar o lar e os idosos”, diz.

Atualmente, o local abriga 57 idosos, sendo 29 homens e 28 mulheres. Em sua maioria, não têm nenhum tipo de acompanhamento familiar rotineiro. “Eles realmente ficam bastante sozinhos, sem visitas da família”, conta Térbio.

Porém, apesar da falta da família, os moradores contam com visitas diárias de diversos voluntários, uma vez que de segunda a sexta-feira são realizados projetos sociais no local. Além disso, diariamente realizam atividades físicas, mentais e de convivência social com o corpo técnico da instituição. “Eles têm acesso à terapia ocupacional, à fisioterapia e ao médico. A gente preza para que os idosos tenham movimentação e convivência social, pelo menos, com os colegas de lar”, explica o presidente.

A assistente social Manoela Velomin conta que entre os anos de 2018 e 2019, o Lar de Idosos Perseverança passou por um crescimento na entrada de pessoas na instituição.  “A gente teve um pico de entrada. Foram 14 novos idosos em 2018 e 16 em 2019. Agora, em 2020, já temos seis novos acolhidos”, informa.

Regularização documental e financeira

Segundo Térbio, a maioria dos que vivem no asilo eram moradores de rua. “Eles vieram para cá há muito tempo, por meio dos aparelhos da prefeitura, como o CREAS, o CRAS, Centro Pop e entre outros. Então a gente acolhe essas pessoas, realiza toda a documentação deles, cuida deles. Isso faz parte do convênio que temos com a prefeitura”, informa.

O Lar de Idosos auxilia, ainda, os moradores na busca pelo recebimento de algum benefício financeiro junto ao Governo, bem como na regularização documental. “Além da questão do benefício financeiro, a gente faz toda a regularização documental deles, porque muitos não têm identidade, CPF, título de eleitor, carteirinha do SUS e outros”, Manoela. 

São 38 funcionários que fazem o lar funcionar e os idosos serem acolhidos da melhor forma

Os 38 funcionários da instituição realizam o trabalho. Destes, 28 fazem parte do quadro técnico, pagos por meio do convênio realizado com a prefeitura, e 10 funcionários são da parte operacional, como as áreas de limpeza, cozinha, lavanderia e manutenção, esses pagos pela própria instituição. Além disso, ainda existem três estagiários para auxiliar os profissionais.

A gente não visa lucrar, sobrevivemos por meio de doações, de uma parte da pensão dos idosos que moram aqui e do convênio com a prefeitura. Então, precisamos muito de doações materiais. Por exemplo, temos 31 usuários de fralda, que utilizam diariamente, e 33 acamados, que são dependentes totais. Mas, além do material, a gente precisa de doação de tempo, que as pessoas venham até aqui para conversar com os idosos, para ouvi-los, que é algo muito importante e falta bastante”, diz Manoela.

Moradora mais antiga

Dona Cezarina é a moradora mais antiga do asilo, ela já está no local há 25 anos

A Dona Cezarina Batista, de 70 anos, é a moradora mais antiga do lar, ela vive no local há 25 anos. Natural de Jacarezinho (PR), é paraplégica desde o nascimento e relembra que veio para Paranaguá junto com seu pai. “Meu pai me trouxe para cá de mudança. Eu nunca andei na minha vida, já nasci com problema na perna. Mas eu sou feliz assim”, diz. Apesar das dificuldades, ela não se deixa abater.

Dona Cezarina nunca casou e não teve filhos. “Nunca casei, graças a Deus”, comenta em meio a sorrisos. Durante o tempo em que vive no lar, ela passou a se dedicar à costura. Faz capas de almofada, fuxico, e outros tipos de costura, além de, até mesmo, ensinar ao pessoal que vai até lá para visitá-la. “A coisa que eu mais gosto de fazer é costurar”, conta.