Afogamentos quase triplicam no Litoral; bombeiros explicam como as alterações na orla de Matinhos impactam nos números e de que forma banhistas podem se precaver


Por Redação Publicado 18/01/2024 às 22h20 Atualizado 06/02/2024 às 15h03
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Muitas notícias de afogamentos, várias delas com desfecho trágico e vidas perdidas. Infelizmente essa tem sido a realidade desde o início da temporada 2023/2024. De 16 de dezembro do ano passado até a última quinta, 11 de janeiro, o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) realizou 1.097 salvamentos, sendo 992 resgates e 105 afogamentos, dos quais 5 pessoas morreram. Quando comparado ao mesmo período da temporada de 2022/2023, o crescimento foi de 2,76 vezes na quantidade de afogamentos, com o registro de 38 casos; e de 43% no número de resgates, uma vez que nos primeiros 25 dias da temporada passada foram realizados 764 salvamentos. O número de vítimas fatais saltou de 3 para 5. 

A Capitã Débora Kolossoskei, do CBMPR, explica sobre a diferença entre afogamento e salvamento. “Os salvamentos são um somatório dos resgates, que são os casos em que há dificuldade em sair da água, mas sem aspiração de líquido pela vítima, e dos afogamentos, quando há aspiração de líquido por vias aéreas da vítima”, diz ao JB Litoral.

Para reforçar os atendimentos, número de bombeiros militares atuando na Operação Verão subiu de 600 para 800 nesta temporada. Foto: AEN


Mudanças na orla x mais afogamentos 


A reportagem também conversou com a tenente do CBMPR, Ana Paula Turra. A oficial detalha de que forma as mudanças na orla de Matinhos impactam no crescimento dos atendimentos realizados pelos bombeiros. 

As condições naturais já oferecem os riscos por si. Então, temos a questão de buracos, valas, balões, correntes marítimas. Tudo isso é um fator natural. Com a modificação da nossa orla também tivemos algumas alterações e, na maioria das vezes, esses riscos não são perceptíveis a olho nu”, afirma.

Então, a pessoa que não conhece não consegue identificar um buraco, uma corrente de retorno, por exemplo, e ela acaba não tendo muito essa referência do que está sempre ali, abaixo d’água. Por isso, é importante que as pessoas evitem entrar na água próximo às novas estruturas, como os espigões”, complementa a tenente.

Sinalizando as alterações da maré


De forma geral, Ana Paula afirma que é preciso se atentar sobre as mudanças diárias provocadas pelas alterações na maré. “Essa mudança acontece diariamente, então a pessoa, às vezes, chega num dia e tem uma placa de perigo que identifica ali um buraco, por exemplo. E no outro dia esse buraco já não está mais ali, ele está numa outra região. Dessa forma, verificamos que muitas pessoas ainda não se atentam ou, talvez, não se preocupam”, avalia.

Ficar atento à sinalização colocada diariamente pelos guarda-vidas e conversar com eles são as atitudes recomendadas por Turra. “Os banhistas não dão a devida importância às sinalizações que são feitas pelos guarda-vidas, as orientações e as advertências. Então, reforçamos esse cuidado que as pessoas têm que ter: chegarem na praia e procurarem os guarda-vidas para conversarem sobre o melhor local para entrar no mar e, assim, ter esse banho de mar mais seguro, fazendo a sua parte”, orienta a tenente Ana Paula Turra.

 Insistência em áreas perigosas


O maior desafio do Corpo de Bombeiros ainda é em relação às pessoas que ficam fora das áreas protegidas. “Aquelas pessoas acabam escolhendo se banhar ali, numa área não delimitada pelas bandeiras vermelha e amarela. Elas assumem o risco de que, caso sofram um afogamento, até que alguém visualize aquela situação, até que alguém acione socorro especializado, demore um tempo a mais”, explica Ana Paula.

Para dar conta da maior demanda de pessoas circulando nas praias, o efetivo dos socorristas também foi ampliado. “Temos um aumento de efetivo de 600 bombeiros militares e, esse ano, nós temos 800 profissionais trabalhando”, detalha.

Mas a tenente reforça: as escolhas certas dos banhistas é que podem evitar grande parte dos incidentes. “Oferecemos os postos de guarda-vidas, nós temos nossos equipamentos, nossas viaturas, moto aquática, de salvamento, temos também aeronave que faz os patrulhamentos e as viaturas que fazem as rondas pela areia, mas a gente precisa mesmo é que a população faça sua parte e procure sempre a faixa protegida por guarda-vidas, para que elas tenham esse banho de mar mais seguro”, finaliza.

Por Flávia Barros e Luiza Rampelotti