Amor, devoção e negócios: Festa Estadual de Nossa Senhora do Rocio é fonte de renda para famílias do Litoral e de fora
Os devotos de Nossa Senhora do Rocio fazem questão de acompanhar a programação religiosa, todos os anos. Mas, além de das procissões, novenas, missas e apresentações, a agenda social da festa é um atrativo à parte. Este ano, cerca de 80 vendedores ambulantes têm na Festa da Padroeira do Paraná uma oportunidade de renda nas barracas de alimentação e dos demais produtos que vendem aos visitantes do Santuário.
Mãe de seis filhos, a cearense Aparecida da Silva Bezerra, 49 anos, mora em Matinhos e vende na Festa do Rocio há 20 anos. Ela já comercializou diversos tipos de produtos e, a exemplo do ano passado, na 211ª Festa do Rocio ela vende peças íntimas e meias. Aparecida conta que o trabalho é pesado, mas que a esperança é ver o movimento aumentar ao longo desta semana.
“Nós abrimos aqui às 9h da manhã e vamos até tarde, mas eu vou dormir em casa todos os dias, saio daqui meia-noite, e volto na manhã seguinte. Nesses primeiros dias o movimento é de começo mesmo de festa, mas a nossa expectativa é de que nesse próximo fim de semana seja bem agitado“, disse a vendedora.
Mas Aparecida tem uma história especial com Paranaguá e Nossa Senhora do Rocio. Além de aproveitar a festa para faturar, ela é devota.
“Há 16 anos eu ainda morava em São Paulo e vinha para cá vender nas feiras e durante a temporada. Em novembro de 2008, durante a Festa do Rocio, eu entrei no Santuário e pedi a Deus e Nossa Senhora do Rocio que preparasse algo para mim e minha família aqui, pois não queria mais voltar para São Paulo. Minhas filhas estavam ficando mocinhas e eu gostei daqui“, contou Aparecida ao JB Litoral.
No mês seguinte, após a festa daquele ano e já trabalhando com vendas na temporada, em Matinhos, Aparecida comunicou ao marido que a família ficaria no Litoral e não voltaria para São Paulo.
“Ele perguntou se eu estava louca e eu disse que não, que Nossa Senhora do Rocio iria preparar o melhor para nós. Alugamos uma casa, logo apareceu um ponto comercial e nós montamos nossa lojinha, onde estamos até hoje. Além do ponto fixo, vendemos nas feiras e a festa do Rocio é sagrada, estamos aqui todos os anos“.
TRÊS DÉCADAS NO ROCIO
Márcia Regina da Mata, 55 anos, vem do interior paulista, da cidade de Fernandópolis, para vender pamonhas, milhos, cocadas e doces caseiros, na praça de alimentação da festa. Junto com o marido, ela continuou o legado dos sogros, que já comercializavam na Festa do Rocio há mais de 30 anos. Com a morte do sogro, Márcia está no 4º ano vendendo na festa da padroeira do Paraná.
“Mantivemos os preços do ano passado. Assim, conseguimos agradar a nossa clientela e também ficamos satisfeitos com as vendas, que já começaram a melhorar, agora que o pessoal recebeu salário e já começou a vir mais para a festa”, comemorou Márcia, que também aprovou a estrutura.
“Esse ano está bem melhor, agora está tudo coberto e não chove nem aqui na praça de alimentação e nem lá nas outras barracas que vendem roupa, está muito bom”, completou.
Márcia e o marido, Antônio Feitosa da Costa, 59 anos, apostam na economia do Litoral todos os anos. Depois da Festa Estadual de Nossa Senhora do Rocio, eles passam a temporada em Praia de Ipanema, em Pontal do Paraná, onde vendem milho há 25 anos. Assim, já formaram os dois filhos, em Farmácia e Enfermagem.
DE TUDO UM POUCO
Ao circular pelas barracas, os visitantes da festa e devotos de Nossa Senhora do Rocio encontram de tudo. Ruan Lucas Oliveira da Silva, 29 anos, vende brinquedos há dois anos. João Nunes dos Santos, 58 anos, comercializa panelas há 12 anos na festa. Os dois não se conheciam, mas têm coisas em comum, além de morarem no interior de São Paulo. Ambos possuem esperança de que as vendas melhorem ao longo dos próximos dias e aprovam as mudanças feitas na organização do espaço, que foram realizadas este ano.
“Está amplo, organizado e bonito. Mas as vendas, em geral, não só aqui, mas em outras festas que fomos ao longo do ano, estão mais desaceleradas. A esperança é que nessa semana as pessoas venham mais sim”, ressaltou o veterano João.