APAE não possui fonoaudiólogos por falta de recursos, diz diretora
Assim como a Prefeitura de Morretes, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) também não fornece atendimento de fonoaudiologia aos seus alunos. A instituição, que é mantenedora da Escola Professora Maria Helena Küster Cherobim, tem cerca de 70 estudantes. Por conta da falta de profissional da área, alguns pais, com filhos matriculados no estabelecimento de ensino especial, recorriam à prefeitura, mas a única fonoaudióloga que atendia o órgão foi afastada no início deste ano.
Em maio, o JB Litoral entrevistou duas mães, as quais possuem filhos com necessidades especiais. Elas não quiseram se identificar e desabafaram, diante da situação que enfrentam depois da suspensão das consultas realizadas pela prefeitura. Uma delas está sem acompanhamento para o filho autista; a outra, precisou contratar um plano particular de custo mais baixo, em Antonina, para que o caso da filha não regredisse.
Diante dos fatos, a administração municipal não respondeu aos questionamentos a respeito da situação, mas os pais alegam que a Secretaria Municipal de Saúde diz que não consegue fazer a contratação, de novos profissionais do ramo, por falta de recursos.
Instituição explica falta de fonoaudiólogo
A APAE, que está sem fonoaudiólogo há quase quatro anos, conta com funcionários da área técnica e, os recursos, repassados à instituição de ensino, não contemplam um especialista dessa área. De acordo com a diretora, Gladys Cristina Malucelli, caso haja um aumento no valor do convênio, a prioridade é para a contratação desse profissional. “Já está na pauta para conseguirmos um fonoaudiólogo. Só que não é uma coisa certa, ainda. Nós temos convênio com o Estado, prefeitura e com o SUS. A verba que a APAE de Morretes recebe, no mínimo, é de R$ 5 mil mensais”, disse.
Trabalhando há oitos anos no estabelecimento, ela relatou, ainda, que os outros profissionais, como, assistente social, fisioterapeuta e neurologista, atuam por meio de parceria com o SUS. Conforme ela, além de um acordo com o Sistema Único de Saúde, a escola conta com convênios da prefeitura e do Governo do Estado. Já os fonoaudiólogos, quando trabalhavam na instituição, eram pagos com recursos próprios da APAE.
Profissional explica importância do serviço
Há 28 anos atuando como fonoaudióloga, a Drª Ana Paula Nunes Costa já trabalhou na APAE de Morretes. Ciente de que a instituição de ensino especial está sem esse tipo de profissional, ela destacou a importância de um fonoaudiólogo para esses alunos. Com experiência em Fonoaudiologia Clínica, Educacional Institucional, Pública e na área inovadora da Fonoaudiologia Estética, Nunes caracterizou o ofício como uma profissão que compõem a equipe multidisciplinar da educação e saúde, seja no município ou na APAE.
“Muitos pacientes necessitam de fonoaudióloga por apresentarem comprometimento na fala e linguagem, na produção da voz, na audição ou, ainda, podem apresentar dificuldade na aprendizagem e também nas funções de respiração, mastigação e deglutição. Há uma grande necessidade de atendimento na área pública, pois nem todos os pacientes têm condições de arcar com o atendimento que pode ser a longo prazo e também de extrema importância”, afirmou a Drª Ana Paula.
A fonoaudióloga ressaltou, ainda, que os profissionais dessa especialidade devem integrar a equipe técnica das APAEs, onde, por meio do SUS, é possível prestar atendimento aos alunos e à comunidade, mediante comprovação de diagnóstico de deficiência intelectual associada. De acordo com ela, além da área médica, é necessário o fornecimento desse serviço no ambiente escolar. “São comuns os distúrbios na fala, linguagem, audição e aprendizagem, e todo o cidadão tem direito a ser assistido na área da educação e saúde com a habilitação e reabilitação que a fonoaudiologia oferece. No setor público, há necessidade do atendimento na área da saúde e na área da educação”, concluiu.