Após incendiar casa da ex, em Matinhos, homem é preso em flagrante com faca de açougueiro


Por Luiza Rampelotti Publicado 17/10/2022 às 16h33 Atualizado 17/02/2024 às 19h32

Um homem inconformado com o fim do relacionamento e que decide agredir a ex-companheira. Um roteiro tão comum que já não há nenhuma surpresa na notícia, além da revolta e o sentimento de insegurança e impunidade.

A situação se repetiu na madrugada de sábado (15), em Matinhos, e além da agressão física, o rapaz também resolveu incendiar a residência em que a ex-namorada vivia. Felizmente, a mulher não estava na casa durante o ato criminoso e está viva, diferentemente de tantas outras que são mortas por homens que se consideravam seus donos.

O caso aconteceu com Karla Regiane Zeferino, de 45 anos, que há sete meses estava namorando com Renner Aparecido Rosa, de 26. Ela conta que há alguns dias havia terminado o relacionamento e bloqueado o rapaz, mas quando chegou em casa, na última quinta-feira (13), ele estava em seu portão.

Karla pediu para Renner ir embora, contudo, ele não foi. Na sexta-feira (14), os dois saíram com uma amiga, Maria Jorgina Ribeiro.

Renner tem 26 anos e é natural de Nova Fátima (PR). Ele possui indicativo criminal. Foto: Reprodução/Facebook

Convidei ela para sair e ele foi junto. Ele estava muito estranho. Quando saímos de lá, ele começou a oprimir ela, falando que ela era dele, que não iria terminar, porque ele não aceitava. Quando chegamos em outro local, o Renner começou a ameaçá-la, dizendo que se ela terminasse, iria tacar fogo na casa dela. Mesmo assim, levamos ele na casa dela para buscar as coisas dele e, na hora de sair, o Renner avisou que colocaria fogo em tudo. Só que não achamos que ele teria coragem, e saímos de lá”, conta Maria.

Ameaça de morte e suicídio

Poucos minutos depois de as mulheres saírem da residência, que fica também no local de trabalho de Karla – zeladora do prédio, o homem foi até um posto de combustíveis, comprou gasolina, voltou à casa, arrombou a porta e ateou fogo no local, fugindo em seguida com uma bicicleta roubada da ex.

Karla conta que chegou na casa 10 minutos antes do Corpo de Bombeiros e tentou entrar na residência, mas foi impedida. Quando os bombeiros chegaram, o fogo já havia consumido o local. Ela perdeu tudo.

A mulher fez um Boletim de Ocorrência contra Renner, no qual afirmou que foi agredida fisicamente por ele, com uma mordida no rosto, antes dele colocar fogo na casa. “Ele não aceita a separação e constantemente faz ameaças dizendo que irá me matar e depois se matar”, disse aos policiais.

Já no domingo (16), denúncias anônimas levaram a Polícia Militar até o ‘esconderijo’ de Renner, que estava se abrigando em um comércio vazio no balneário Ipanema, em Pontal do Paraná. Quando os militares chegaram, encontraram o homem com uma faca de açougueiro, juntamente com a bainha e o amolador, dentro da mochila.

Ele contou que após uma briga com Karla, “em um ato contínuo de fúria e descontrole emocional, foi até um posto de gasolina, comprou combustível e retornou à residência e tocou fogo na mesma, se evadindo logo após”. Com a confissão, o suspeito de violência doméstica foi encaminhado à delegacia de Matinhos e ficou preso em flagrante.

Protesto a favor das mulheres

Karla, à esquerda na frente, de calça marrom, participou de um ato pedindo a prisão preventiva de Renner. Foto: Reprodução/Facebook

No mesmo dia da prisão, Karla, Maria Jorgina e outras mulheres se reuniram em frente à delegacia para realizar um protesto contra Renner. Na manifestação, elas pediam pela prisão preventiva do homem.

Prenderam ele, mas me falaram que ele poderia sair da cadeia hoje (17). Vão soltar ele e eu que vou ter que ficar presa dentro de casa, com medo? Eu perdi tudo, estou apenas com a roupa do corpo”, diz Karla.

Ela ainda conta que está se sentindo culpada e envergonhada pela situação. “Não está escrito na testa do homem se ele é bom ou não. Agora que eu estou descobrindo tudo, eu não sabia que ele tinha antecedentes criminais, por exemplo”, comenta.

Agora, Karla está realizando uma vaquinha virtual com o intuito de recomeçar a vida, já que todos os móveis, eletrodomésticos, roupas, calçados e até documentos foram consumidos pelo fogo. Quem quiser ajudá-la, pode fazer a doação clicando aqui. Ou, então, direto pelo PIX 3217753@vakinha.com.br.

Quem puder ajudar com doações de calçados, roupas e/ou alimentos, pode falar direto com Karla pelo telefone (41) 99949-4525.

Prisões anteriores

Renner é natural de Nova Fátima (PR) e em 2015 foi preso pela primeira vez. Ele tinha 19 anos quando foi encontrado pela PM com 9 gramas de maconha.

Em 2016, ele foi denunciado após bater e ameaçar pessoas que estavam reunidas em uma praça. Um dos rapazes que ele agrediu contou à polícia que Renner quebrou uma garrafa e ameaçou cortar seu pescoço. Os meninos estavam juntos com uma ex-namorada de Renner.

Já em 2018, aos 21 anos, ele foi preso por direção perigosa de motocicleta. Ele estava bêbado e não possuía carteira de habilitação.

O JB Litoral entrou em contato com o delegado Nilson Diniz, que realizou a prisão em flagrante de Renner por lesão corporal e incêndio criminoso, questionando a respeito da possibilidade de soltura de Renner. “Ele foi preso em flagrante e continua preso. Acabou de sair a decisão judicial decretando a prisão preventiva, ele não será solto”, informou.

Casa da vítima ficou completamente destruída. Ela perdeu tudo. Foto: Reprodução/Facebook