Atendimento inclusivo e humanizado: servidores de Pontal do Paraná aprendem Língua Brasileira de Sinais


Por Flávia Barros Publicado 06/09/2024 às 13h50

Proporcionar um atendimento inclusivo e humanizado às pessoas com surdez em toda a rede municipal. Essa é a proposta do projeto iniciado no último mês de julho, em Pontal do Paraná.

Com aulas semanais de Língua Brasileira de Sinais (Libras), servidores municipais de todos os setores, que interagem com a população, frequentam o curso, que acontece às segundas e quartas-feiras, com turmas de 25 e 30 servidores, respectivamente.

A capacitação é conduzida pela professora Érica de Souza. Com formação em Letras e Libras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), ela é servidora concursada, lotada na área administrativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos.

Além do meu trabalho aqui na Prefeitura, atuo como Tradutora e Intérprete de Libras na UFPR Litoral. Então, solicitaram que eu desenvolvesse esse projeto para ensinar Libras aos servidores municipais para um atendimento humanizado e inclusivo às pessoas surdas”, contou Érica ao JB Litoral.

A capacitação

Quando o projeto ficou pronto, foram abertas as inscrições para que os servidores interessados em aprender Libras se inscrevessem. As aulas semanais têm duração de duas horas e o primeiro ciclo, com a capacitação básica, será concluído em novembro.

No mês de novembro ele se encerra, pois é um curso de 40 horas no qual eles vão receber o certificado. Mas incentivo a seguirem estudando, avançando, pois, Libras é uma língua difícil e o processo de aprendizagem é como aprender outras línguas mesmo, como inglês e francês”, disse a professora.

Érica conta com o auxílio de um estagiário, que é surdo. “O José é um rapaz muito inteligente, estudante de Pedagogia e me auxilia no curso de Libras”, afirmou a servidora.

Participam das primeiras turmas servidores que atuam em áreas como Saúde, Trabalho, Assistência Social, CRAS, Vigilância Sanitária, Secretaria de Direitos Humanos, Habitação, IPTU, Cadastro Único, Guarda Civil Municipal, entre outras.

O projeto também inclui um suporte adicional: enquanto os funcionários estão aprendendo Libras, caso encontrem dificuldades para atender um surdo e não consigam se comunicar, eles podem fazer uma videochamada para mim. Estarei disponível para ajudar. Dessa forma, os servidores garantem um atendimento mais humanizado e o surdo se sente adequadamente assistido”, pontuou Érica.

Também para a comunidade

Às segundas e quartas-feiras, as aulas para os servidores acontecem no Centro de Capacitação, em Praia de Leste, das 8h às 10h. Já nas tardes de quarta-feira, das 14h às 15h30, as aulas de Libras são ministradas na Subprefeitura de Pontal do Sul, voltadas aos 24 moradores que se inscreveram. Novas turmas devem ser abertas para o primeiro semestre de 2025.

Outros atendimentos

Além das aulas aos servidores e voltadas à comunidade, Érica faz atendimentos a surdos de todos os perfis. Um dos trabalhos mais impactantes é feito na Comunidade Indígena Guavirá Ty, no balneário Shangri-lá. Lá, ela oferece aulas de Libras e de língua portuguesa, promovendo a inclusão e o acesso à comunicação para essa população.

Ronildo tem 21 anos e é surdo. A Secretaria de Direitos Humanos esteve na comunidade e conversamos com a família. Ele não sabia nada de Libras, então estamos ensinando para ele e para o pai”, finalizou a professora.

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