Câmara de Vereadores pede instalação de Centro de Reabilitação em Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 21/08/2022 às 00h06 Atualizado 17/02/2024 às 15h36

Na terça-feira (9), a Câmara de Vereadores de Paranaguá enviou ao prefeito Marcelo Roque (Podemos) o Requerimento nº 0255/2022, que pede a realização de estudos para construção de um Centro de Reabilitação para dependentes químicos e alcoólicos no Município.

O autor da solicitação foi o vereador Oseias Bisson (Podemos), em 21 de junho, e o documento foi aprovado pela Casa de Leis na segunda-feira (8). Segundo o parlamentar, caso a implantação do Centro de Reabilitação seja possível, o local deverá atender aos pacientes através de uma abordagem humana, com profissionais especializados.

O intuito é que durante o tratamento esses profissionais conduzam o paciente à superação de seu vício, para que possam retornar ao convívio familiar e social de forma íntegra e promissora. O objetivo é resgatar a dignidade, autoestima, valores familiares e a qualidade de vida do dependente”, comenta Bisson.

Ele destaca que é crescente o número da dependência química e alcoólica em todo o mundo e que em Paranaguá não é diferente. A solicitação ao Executivo foi pensada para criar uma ação direcionada que reabilite essas pessoas.

Além do Centro de Recuperação, também são necessárias ações preventivas por outras esferas sociais, direcionadas para o desenvolvimento humano e saudável de nossos munícipes”, diz.

O vereador comenta que os dados da dependência química e alcoólica no Município não são fáceis de serem obtidos, uma vez que existem muitos dependentes não declarados. “São trabalhadores, profissionais das mais diversas áreas, pais e mães de família que escondem o vício. Além disso, os dependentes de álcool, por exemplo, não se consideram dependentes químicos”.

De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Falanga, existe a possibilidade de a Prefeitura atender ao requerimento e construir um Centro de Reabilitação na cidade. “Estamos na fase dos estudos para viabilizar o projeto, mas ainda depende de muita coisa para dar certo”, revela.

Em 2020, duas pessoas por dia morreram devido às drogas

O Paraná registrou em 2020, primeiro ano da pandemia do novo coronavírus (Covid-19),um expressivo aumento nas mortes causadas pelo uso de substâncias psicotrópicas. Segundo dados extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, houve um crescimento de 13,6% nos óbitos de paranaenses relacionados ao consumo de álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas, alcançando-se um recorde na série histórica iniciada em 1996.

Naquele ano, foram registrados 801 falecimentos no Estado decorrentes de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool, opiáceos, canabinoides, sedativos e hipnóticos, cocaína, alucinógenos, fumo, solventes voláteis e outras drogas lícitas ou ilícitas (ou mesmo o uso de múltiplas drogas de forma concomitante).

Já no período de 2016 a 2020, foram registradas 3.519 mortes, o que representa cerca de duas ocorrências por dia. As drogas que mais apareceram associadas como causa de óbito foram o álcool (com 2.538 notificações ou 71,8% do total de falecimentos desse tipo), o fumo (725 óbitos ou 20,5%) e a cocaína (75 ou 2,1%), enquanto os transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas foram associados a 181 falecimentos (5,12% do total de registros).

Além disso, estudos recentes têm constatado que o consumo de drogas vem aumentando no Brasil e no mundo. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2020, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), revelou que cerca de 269 milhões de pessoas no mundo usaram drogas só no ano de 2018, verificando-se um aumento de 30% em comparação com 2009.

Aumento do consumo durante a pandemia

Estudos feitos no Brasil também mostram que o aumento do consumo de álcool, entre outras drogas, tem se agravado no contexto da pandemia de Covid-19. Um exemplo disso é uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em conjunto com outras instituições, a qual verificou que dos 3.633 participantes, 30% relataram aumento no consumo de álcool e outras substâncias no contexto pandêmico.

No país, inclusive, o tratamento da dependência em álcool e outras drogas pode ser feito na rede pública de saúde, através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD).

*Com informações do Bem Paraná