Comunidades tradicionais de Paranaguá recebem treinamento para uso de algas como fonte de renda


Por Luiza Rampelotti Publicado 27/09/2022 às 15h39 Atualizado 17/02/2024 às 18h10

O projeto IGAU (alga, em tupi guarani), iniciativa do Veleiro ECO, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), será lançado nesta terça-feira (27), no Campus da Unespar, em Paranaguá.

A iniciativa visa demonstrar às comunidades tradicionais de Paranaguá quais as macroalgas marinhas com potencial de uso, e treiná-las quanto às formas de utilização e manufatura de produtos a partir deste recurso natural. O objetivo é promover renda adicional familiar através da comercialização dos artigos, principalmente por meio de mão de obra feminina.

O projeto utilizará o Veleiro ECO, da UFSC, que apoiará todas as atividades de educação ambiental com as crianças, onde será demonstrada a importância ecológica e econômica das algas, um recurso negligenciado e pouco conhecido no Ocidente. A equipe do veleiro também apoiará no treinamento das mulheres das comunidades costeiras sobre os usos potenciais, principalmente das espécies Ulva spp. e Gayralia brasiliensis, ambas algas verdes (Chlorophyta).

Inicialmente, o IGAU vai trabalhar com as comunidades da Ilha Rasa, Guaraqueçaba, Superagui, Ilha do Teixeira e Ilha dos Valadares, e pretende abranger crianças de escolas locais, e treinar no mínimo algumas dezenas de mulheres de cada comunidade.

Algas podem ser utilizadas como fonte de renda

A biomassa de algumas espécies marinhas de algas pode ser aproveitada e usada em processos de biorremediação de águas residuais não tratadas e/ou contaminadas, até a manufatura de diversos produtos, como para a produção de sabonetes e géis corporais. Portanto, as mulheres das comunidades serão treinadas desde o reconhecimento das espécies de alga no meio ambiente, até a produção destes produtos artesanais e veganos.

O projeto utilizará o Veleiro ECO, da UFSC, que apoiará todas as atividades de educação ambiental e treinamentos. Foto: Divulgação

De acordo com a coordenadora do projeto, professora Franciane Pellizzari, outro potencial a ser explorado pela proposta, a partir de biomassa de bancos algais de áreas mais preservadas será o uso comestível, onde as mulheres receberão treinamento para a coleta sustentável, processamento, e fabricação artesanal de compotas e de frondes secas (em “folhas” comestíveis, similares as folhas usadas para preparar sushi).

Para o coordenador do Veleiro ECO, professor Orestes Alarcon, o ECO, primeiro veleiro de pesquisas oceanográficas do Brasil, por meio de pesquisas, estudos e treinamentos, a ação vai contribuir para transformar a vida das comunidades locais e para apresentar soluções para a conservação da natureza.

O projeto IGAU é um dos contemplados pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná, que irão destinar R$ 3,7 milhões em apoio financeiro para 19 soluções inovadoras para desafios do oceano e regiões costeiras do Brasil. O programa tem duração prevista de três anos.

*Com informações da Assessoria de Imprensa