Copadubo leva colaboradoras para conhecer trabalho do Instituto Peito Aberto; ‘um novo olhar sobre o câncer’


Por Luiza Rampelotti Publicado 27/10/2022 às 13h47 Atualizado 17/02/2024 às 20h17
Copadubo Instituto Peito Aberto

Ter um novo olhar sobre o câncer de mama – esse foi o objetivo da empresa Copadubo ao levar suas cerca de 30 colaboradoras para conhecer o Instituto Peito Aberto, em Paranaguá, na sexta-feira (21). A visita, alusiva ao Outubro Rosa, serviu para falar sobre prevenção e diagnóstico precoce e, também, para conhecer sobre os projetos da entidade e as pacientes atendidas.

A secretária executiva da empresa, Suelen de Morais Araújo, conta que a intenção foi “despertar uma noção do que acontece com o pessoal que faz o tratamento contra o câncer de mama, como é todo o processo desde o início, o diagnóstico, até o tratamento”.

Às vezes, a mulher tem caso na família, ou, se não tem, possui interesse em saber como é o tratamento, como reflete o câncer em casa, como é feito tudo. Foi um evento para elas ficarem mais conscientes e, também, se cuidarem mais”, comenta.

Uma das colaboradas da Copadubo que esteve presente no instituto é Gabriele Tavares Cogrossi. Ela já conhece a doença de perto, pois seu pai faleceu vítima de um câncer no estômago. “Meu pai veio de um lugar bem retirado, não tinha muito acesso à informação e, mesmo que tivesse, homem não tem muito esse cuidado. Ele tinha uma gastrite que foi levando, depois passou a ter uma tosse, achamos que podia ser tuberculose, quando foi mais a fundo, no dia do aniversário dele, ele descobriu que estava com câncer no estômago”, conta.


Experiência própria


Como a descoberta foi tardia, o câncer já tinha se tornado muito agressivo e, em dois meses após o diagnóstico, ele faleceu. Com o caso, Gabriele e sua família passaram a tratar as questões de saúde com mais atenção.

Ficamos assustados porque foi tudo muito rápido. Depois disso começamos a ter mais cuidado, ir com mais frequência ao médico. Então tudo que for relacionado à prevenção, diagnóstico precoce, orientação, é muito importante. Com a empresa promovendo esse tipo de ação de orientação, ficamos mais preparados para, às vezes, ajudar alguém que não está sabendo lidar com a situação, também nos prevenir e ter a possibilidade do diagnóstico precoce”, comenta.


Instituto Peito Aberto


Criado em 2014, o Instituto Peito Aberto é um lugar de acolhimento e fortalecimento para mulheres que receberam o diagnóstico de câncer. Além do apoio emocional, as pacientes também recebem auxílio de profissionais da saúde como fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas, nutricionistas e dentistas, encaminhamento para advogados, entre outros. São cerca de 30 profissionais voluntários que dão suporte à paciente em tratamento e, o melhor, de forma gratuita.

Atualmente, 97 mulheres estão sendo atendidas pelo instituto. Grande parte foi diagnosticada de 2021 para cá, ou seja, durante a pandemia de Covid-19. Além disso, a diretora executiva da entidade, Fabiana Parro, comenta que, cada vez mais, elas têm recebido o diagnóstico mais cedo.

Vimos um aumento grande de mulheres do ano passado para cá, no ‘pós-pandemia’, principalmente de mulheres jovens. Recebemos muitas com menos de 40 anos e esse é mais um motivo para ligarmos o sinal de alerta e falarmos sobre prevenção e diagnóstico precoce”, diz.

Ela explica que quando a paciente chega à entidade, ela primeiramente passa pelo acolhimento, feito por uma voluntária que já passou pela doença; depois, é encaminhada para a assistente social, que entenderá qual a situação da mulher, o que ela precisa, e realiza os encaminhamentos para os projetos desenvolvidos no instituto, de acordo com suas necessidades.

O diagnóstico não é uma sentença de morte, é possível superar”


Temos fisioterapeuta, psicóloga, terapeuta, dentista, nutricionista. E fora isso, a paciente entra no grupo onde fazemos as trocas de experiências, de carona etc. Ela é abraçada num todo para tentar passar por esse momento de forma mais leve”, diz.

Além disto, a organização também realiza oficinas de costura e de confecção de perucas. Na oficina de costura, voluntárias produzem artigos que são vendidos em bazares para a compra do material utilizado na fabricação manual das perucas, as quais são produzidas com cabelos doados por pessoas de todo o Brasil. Após serem finalizadas, as perucas são cedidas para pacientes do instituto e também vendidas, a um preço simbólico, para aqueles que desejarem.

O objetivo do Instituto é auxiliar às mulheres que enfrentam o câncer, na compreensão de que é possível passar pela doença e sobreviver com qualidade de vida, tanto durante o tratamento quanto após. “A gente quer mostrar para as pacientes que o diagnóstico não é uma sentença de morte, que é possível superar”, afirma Fabiana.

Visitas à entidade


A diretora explica que a entidade tem mudado a forma de trabalhar a prevenção contra a doença. Por isso, ao invés de ir até as empresas palestrar, tem buscado trazer as colaboradoras das firmas para conhecer o instituto. Assim, elas conseguem compreender o que acontece com as pacientes com câncer, conhecer a estrutura oferecida, os projetos, e sentir de perto como é o trabalho com alguém que tem a doença. “É uma forma diferente de sensibilizar e alertar para a prevenção e diagnóstico precoce”, comenta.

Fabiana Parro e Mara Baioni - Instituto Peito Aberto
A diretora executiva do instituto, Fabiana Parro, e a diretora comercial, Mara Baioni, recebem as visitantes na entidade. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Mara Baioni, diretora comercial e responsável pelo projeto Madrinha, que trata do recebimento das pacientes quando chegam ao instituto, conta que a aproximação com a entidade ajuda as mulheres a pensarem e trabalharem mais com prevenção. “Ao conhecer o instituto, elas têm um novo olhar sobre o câncer e podem trabalhar mais para um dia não estarem aqui como pacientes, apenas para visitar. Mas, para além disso, elas também podem desejar fazer um trabalho voluntário, doar cabelo, lenços etc. É importante que a população saiba como as coisas acontecem aqui”, diz.

Ela destaca que um dos pontos principais durante a visita é alertar para a importância da realização de atividades físicas. “Um dos fatores de risco para o câncer é o sedentarismo, e queremos tirar elas disso, para que tenham uma qualidade de vida melhor. Não precisa esperar ficar doente para, só então, mudar de vida”, afirma.


Doações


Fabiana explica que os projetos do instituto são totalmente desenvolvidos por voluntários; além disso, a sede, localizada na rua Manoel Bonifácio, 622, Costeira, é cedida pelo Sindicato dos Trabalhadores Marítimos (SETTAPAR) desde 2014.

Temos custos mensais como telefone, internet, contador, produtos para oficinas. Então tudo que gira aqui dentro é feito através de doação, ou as meninas produzem o bazar e vendem os produtos, e também fazemos eventos, rifas. Além disso, temos alguns doadores que nos ajudam mensalmente – Rocha, Bavaresco e a Multitrans”, comenta.

Para quem quiser auxiliar o Instituto Peito Aberto, é possível a realização de doação de cabelo, produtos de higiene, cesta básica, lenços ou, então, dinheiro, através da chave PIX 21.875.101.0001-86 (CNPJ).