De Paranaguá para o mundo: Nia França é a promessa da literatura jovem brasileira


Por Luiza Rampelotti Publicado 10/10/2024 às 13h10

Aos 19 anos, Nia França viu seu sonho de infância se tornar realidade ao publicar seu primeiro livro, “Irmandade dos Sem Futuro”. Nascida e criada em Paranaguá, ela é escritora de fantasia e romance, estudante de Letras e Jornalismo, e atua como redatora de moda e cinema. A parnanguara que, desde os 9 anos, escreve como uma forma de refúgio, se destaca como uma das promessas da literatura jovem nacional.

A autora, que começou sua trajetória literária escrevendo cadernos de 200 páginas, revela o encantamento que sentia ao se dedicar à escrita ainda na infância. “Sempre que eu ficava de castigo, não era algo ruim para mim, porque era quando eu pegava os cadernos e ficava escrevendo“, conta ao JB Litoral. Esses primeiros textos, que atualmente se transformam em livros, marcam o início de uma carreira promissora. “No total, acho que já escrevi uns 14 cadernos inteiros, e agora eles estão se transformando em livros físicos, o que me enche de orgulho“, afirma.

A transição da adolescente que escrevia em cadernos para a autora publicada foi um processo desafiador. Nia conta que, quando publicou seu primeiro livro, não compreendia totalmente a magnitude de sua escolha. “Eu tinha 19 anos, tinha acabado de sair da adolescência, e a história que eu queria transformar em livro físico me levou a um caminho que eu sonhava desde criança. Na época, eu nem tinha Instagram e não tinha noção de como o marketing literário funcionaria. Mas, felizmente, as coisas deram certo“, relembra. Ela destaca o esforço que envolveu a divulgação do livro, especialmente considerando que, na época, ela ainda era desconhecida no meio literário.

Reconhecimento nacional

Com seu primeiro trabalho, Nia ganhou reconhecimento nacional quando a revista “Toda Teen” destacou sua obra como uma novidade importante na literatura jovem. Ela também conquistou prêmios como o Concurso Litoral com Arte, na categoria conto.

Mas sua carreira não parou por aí. Em outubro deste ano, ela lançou seu segundo livro, “Código das Sombras”, uma obra de fantasia sobrenatural que visa conquistar o público adolescente e jovem adulto. “O livro fala sobre criaturas com poderes mentais que drenam energia humana, como vampiros energéticos. Tem uma mitologia própria e é parte de uma saga com quatro livros“, explica, deixando claro que o primeiro volume da saga será fundamental para a construção do sucesso de toda a série.

O processo criativo de Nia é guiado pela sua vasta imaginação e pelo amor por outras formas de arte. “Eu sou obcecada pelo que faço. A maioria das minhas ideias vem de outros tipos de arte que consumo. Música, cinema, quadrinhos… Esses elementos criam novos insights e me inspiram“, conta. Além disso, ela destaca que situações cotidianas também podem servir como fonte de inspiração.

A recepção do público tem sido, segundo Nia, uma das maiores surpresas de sua trajetória. “Minha maioria de leitores está fora da minha cidade natal. O que é engraçado, porque sempre que vejo fotos dos meus livros ou mensagens de leitores nas redes sociais, sinto uma conexão muito especial. Muitas das minhas melhores amigas foram leitoras do meu primeiro livro“, revela. A autora também já teve sua obra destaque em jornais locais e em revistas nacionais, o que gerou uma repercussão positiva, mesmo quando estava começando.

Os desafios de ser uma jovem autora no mercado literário

No entanto, Nia reconhece que, como jovem autora, enfrentou desafios específicos no mercado literário, como o estigma que recai sobre escritores mais jovens, principalmente mulheres. “Como jovem, você precisa se provar o triplo, especialmente se está escrevendo sobre temas que são considerados mais consumidos pelo público jovem e feminino“, explica. Porém, ela acredita que, atualmente, o espaço para novos escritores no Brasil, especialmente com o uso das redes sociais, se ampliou. “Existem mais oportunidades, mas também mais desafios. As redes sociais são essenciais para quem quer crescer na carreira, mas exigem constância“, observa.

A autora compartilha ainda um importante conselho para os jovens escritores que estão começando. “Tenham foco e constância. A escrita é uma profissão e, como qualquer outra, exige dedicação. Não basta sonhar, é preciso agir“.

Quando questionada sobre o que espera que seus leitores levem consigo após a leitura de seus livros, Nia é enfática. “Espero que levem a magia. Não a magia no sentido fantástico, mas aquela sensação que sentimos quando terminamos uma obra boa, quando sentimos que vale a pena viver e sonhar. Meus personagens costumam ser diferentes, excêntricos, e eu espero que os leitores se sintam representados, que vejam que é bom ser diferente e sonhar grande“, conclui.

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