Delegada de Matinhos divulga detalhes do caso de feminicídio cometido na noite de quarta-feira (17)


Por Diogo Monteiro Publicado 19/08/2022 às 10h58 Atualizado 17/02/2024 às 15h28

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu, nesta quinta-feira (18), o homem que assassinou a esposa na noite de quarta-feira (17), no bairro Bom Retiro, em Matinhos. Segundo o laudo pericial, Josué José da Silva, de 45 anos, teria esganado Claudete Alves, de 55 anos, até a morte.

Com o sentimento de culpa e o objetivo de tirar a própria vida, armado com uma faca o homem investiu contra os policiais que foram atender a ocorrência. Para revidar a agressão, os militares efetuaram um único disparo contra o autor, que, após ser ferido, largou a faca e precisou ser encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Praia Grande, sendo transferido para o Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá. Ele foi preso em seguida.

A delegada Sâmia Côser falou sobre o caso no qual a PCPR levantou as primeiras informações e conseguiu obter detalhes que auxiliaram na conclusão do crime. “Nós recebemos um acionamento feito pela Polícia Militar, informando que no bairro Bom Retiro havia feminicídio. Após conversarmos com os militares, ouvimos os vizinhos, as testemunhas e familiares, verificamos que a vítima e o agressor tinham um relacionamento há aproximadamente 12 anos e que estavam em fase de separação, inclusive estariam separados de corpos, mesmo embora morassem na mesma casa. O autor do crime disse que estava desempregado e a vítima com pena dessa situação, por ele não ter para onde ir, acabou permitindo-o a ficar na casa dela”, comentou.

Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Paranaguá, a causa da morte de Claudete foi por asfixia. De acordo com a delegada, o autor confessou que investiu contra a vítima após perceber que a separação do casal não teria mais volta. “De acordo com o autor do crime, após uma crise de ciúmes infundada, ou seja, sem motivo aparente, ele sentiu que realmente o relacionamento teria acabado e que a vítima havia decidido pela separação, então ele a matou esganada e confessou que com as duas mãos ele matou a vítima. Assim que percebeu o que tinha feito, ele passou a gritar pedindo ajuda para os vizinhos para que eles acionassem o SAMU e a polícia. Ele relatou que gritou por bastante tempo, até que uma vizinha ouviu e fez o acionamento das equipes de emergência”, disse Sâmia.

Investiu contra a PM para que fosse morto

Assim que os investigadores conversaram com os militares, os policiais confirmaram que Josué estava sentado em posse de uma faca e, assim que a equipe iniciou a abordagem, ele investiu contra os policiais tentando agredi-los. O autor confirmou as informações e disse que por se sentir culpado pelo ato, tentou fazer com que os policiais o matassem. “Logo em seguida, a PM chegou no local e encontrou o autor com uma faca na mão e assim que ordenaram diversas vezes para que ele largasse a faca, o autor investiu contra a equipe policial onde precisou ser contido pelos militares com um disparo. Durante o seu depoimento, o autor relatou que investiu contra os policiais na intenção de que os militares atirassem para matá-lo, por estar se sentindo muito culpado pelo que tinha acontecido. Inclusive, ele disse que pegou essa faca e realizou alguns cortes pelo corpo, mas faltou coragem de tirar a própria vida”.

Bom relacionamento entre eles

Com a chegada dos familiares e em conversa com os vizinhos, foi observado que o casal nunca demonstrou brigas ou agressões que pudessem ter um final tão trágico. De acordo com a delegada, os vizinhos e familiares demonstraram muita surpresa em relação ao crime, já que eles tinham um bom relacionamento entre si. “Em conversa com vizinhos e familiares da vítima e, em consulta ao sistema de segurança, não haviam registros de violência entre o casal e eles se mostraram muito surpresos com o que havia acontecido. Segundo os vizinhos, mesmo com o processo de separação, a vítima e o autor tinham um bom relacionamento e nunca tinham demonstrado que poderiam praticar atos de maior gravidade”.
 

Sem indicativo criminal


Sâmia destacou que o casal não tinha passagens ou haviam registrado ocorrências de agressões, confirmando o que foi dito pela família e vizinhos.Nem a vítima e nem o autor tinham antecedentes criminais e nem eram envolvidos com nenhum tipo de criminalidade ou envolvimento com drogas”, destacou.

Josué foi preso e encaminhado para o sistema prisional e o flagrante foi encaminhado para o Judiciário, para que ele responda pelo crime de feminicídio e por ter resistido a prisão investindo contra a PM. A conclusão do inquérito será realizada após a apresentação dos laudos finais de necropsia.

O sepultamento de Claudete Alves aconteceu nesta quinta-feira (18), no cemitério Jardim Eterno, em Paranaguá, e foi marcado por muita comoção.