Em “A vampira de Paranaguá”, escritora explora realidade alternativa para as mulheres


Por Denise Becker Publicado 29/08/2022 às 13h48 Atualizado 17/02/2024 às 16h08

A professora e escritora Angélica Ripari lança o segundo livro no dia 3 de setembro (sábado), em Paranaguá. A obra ‘A vampira de Paranaguá’ será distribuída gratuitamente a partir das 16 horas, na Casa Santo Antônio, localizada na Rua XV de novembro, 92, no Centro.

Neste segundo trabalho, a autora buscou inspiração em ‘O vampiro de Curitiba’, do escritor curitibano Dalton Trevisan, um dos mais importantes escritores da ficção brasileira contemporânea. Ela conta que o livro de Trevisan, publicado em 1965, é um dos seus favoritos.

Em “A vampira de Paranaguá”, Angélica trouxe uma outra perspectiva referente às ações do ‘vampiro de Curitiba’. A obra busca explorar como uma das vítimas do vampiro repete as ações de seu algoz.

No livro de Trevisan há um ‘herói’ que trata as suas relações com as mulheres como uma caça. Todas elas estão disponíveis, e até se oferecendo para serem caçadas. Ele fica ali, avaliando e medindo elas, provocando e sugerindo que está sendo provocado, agindo agressivamente em vários momentos, mas tudo dentro da margem de uma realidade perversa”, resume Ripari.

Mestre em ciências sociais e professora de sociologia da rede pública do Paraná, a autora ressalta que começou a produção há mais ou menos um ano, em meio à pandemia. “Quando li o livro do Trevisan pela primeira vez, achei que era uma crítica que quebrava as regras, que expõe com realismo. Anos depois resolvi ler novamente e me incomodou muito essa narrativa, que se porta como uma crítica, mas que reforça determinados comportamentos. E que em momento algum há uma perspectiva da mulher, ela é passiva, tem que aceitar esse ‘heroísmo’, e como a leitora deve apenas reavivar aquela ameaça constante”, reforça.

Ela revela que em seu livro, a personagem principal é Rita – o mesmo nome de uma das vítimas do vampiro de Curitiba. A história se desenrola mostrando a mulher na caça por homens, tratando todos como algo a ser atacado, como se eles estivessem pedindo para ser a próxima presa.

A ideia é continuar a história sobre essa mulher em um outro livro”, comenta a autora.

A primeira obra assinada por Angélica Riparia foi ‘Mestre Zeca – fandango pra não morrer’, além de alguns projetos culturais. A obra ‘A vampira de Paranaguá’ é apoiada pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secultur), com recursos da Lei Aldir Blanc. O livro tem ilustrações da artista Juliana Gatto e é editado pelo Balanço da Canoa.