Equipes de varrição 100% femininas melhoram a limpeza urbana e empoderam mulheres de Paranaguá


Por Luiza Rampelotti Publicado 01/04/2024 às 06h05
O prefeito Marcelo Roque conheceu a equipe feminina de varrição da Ilha dos Valadares na última terça-feira (26). Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
O prefeito Marcelo Roque conheceu a equipe feminina de varrição da Ilha dos Valadares na última terça-feira (26). Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Em março, o mundo celebrou o Mês Internacional da Mulher e, em Paranaguá, as comemorações envolveram uma série de atividades ao longo dos dias. No entanto, uma das ações mais significativas para a ocasião foi a inauguração de uma iniciativa inovadora: equipes de varrição compostas exclusivamente por mulheres. Essa proposta, apoiada pela Prefeitura e implementada pela empresa Paviservice Engenharia e Serviços, contratada pelo Poder Municipal para realizar a limpeza urbana do município, trouxe à tona uma nova perspectiva sobre a gestão ambiental e o papel das mulheres no mercado de trabalho.

Em entrevista ao JB Litoral, o secretário municipal de Meio Ambiente de Paranaguá, Diego Delfino, explica os motivos por trás dessa iniciativa. “Nosso objetivo é descentralizar a varrição. Hoje contamos com 34 varredoras, que residem nas regiões que cuidam. Além de desempenharem o papel de varredoras, elas se tornam verdadeiras zeladoras dos bairros, conhecendo os vizinhos e mantendo um contato próximo com eles, o que contribui significativamente para a conservação e limpeza dos espaços públicos”, diz.


Habilidade especial


Isso significa que, em março, 34 mulheres iniciaram o mês em um novo emprego, onde algumas estão trabalhando pela primeira vez. O projeto teve início com a divisão das equipes em três regiões específicas: Ilha dos Valadares, Vila Marinho e Jardim Iguaçu. Segundo Delfino, essa é apenas a primeira fase da ação. “À medida que o projeto se desenvolve, planejamos expandir para abranger todo o município“, garante.

A escolha de equipes totalmente femininas foi baseada na observação do secretário sobre o cuidado e o trato que as mulheres têm com o ambiente e a comunidade local. “Observamos que as mulheres são mais habilidosas em estabelecer e manter um contato respeitoso com os vizinhos, o que é fundamental para questões de educação ambiental, como a separação adequada de resíduos. Essa abordagem tem sido bem-sucedida e demonstra que as mulheres têm uma habilidade especial para esse tipo de interação“, afirma.

As mulheres residem nas regiões que cuidam. Além de desempenharem o papel de varredoras, elas se tornam verdadeiras zeladoras dos bairros. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
As mulheres residem nas regiões que cuidam. Além de desempenharem o papel de varredoras, elas se tornam verdadeiras zeladoras dos bairros. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Mudança de vida


Na Ilha dos Valadares, Ana Paula Honorato do Amaral, moradora local, é uma das novas integrantes da equipe de varrição. Ela compartilha sua experiência com o JB Litoral.

Comecei a trabalhar na equipe de varrição da Paviservice há cerca de um mês. Antes, trabalhava como supervisora de vendas de uma operadora. Troquei de emprego devido às melhores condições oferecidas aqui, como plano de saúde, vale alimentação, entre outros benefícios, o que melhorou o bem-estar da minha família”, diz.

Ana Paula explica que cada varredora trabalha das 6h às 14h em seu próprio setor, cobrindo dois quilômetros e meio, onde realizam a limpeza das ruas, mantendo a higiene. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
Ana Paula explica que cada varredora trabalha das 6h às 14h em seu próprio setor, cobrindo dois quilômetros e meio, onde realizam a limpeza das ruas, mantendo a higiene. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Ana Paula explica que cada varredora trabalha das 6h às 14h em seu próprio setor, cobrindo dois quilômetros e meio, onde realizam a limpeza das ruas, mantendo a higiene. “Os moradores estão bastante satisfeitos. Conversamos com eles, oferecemos orientações, e eles apreciam o nosso trabalho”, conta.

Outra moradora da Ilha dos Valadares, Patrícia Nascimento Amorim, também compartilha sua satisfação em trabalhar perto de sua residência: “Antes de começar aqui, eu era dona de casa. Estou achando ótimo trabalhar agora, especialmente porque tenho crianças pequenas e não posso me afastar muito. Aqui, estamos perto de nossas residências, o que nos permite estar mais próximas e atentas”, diz.

Patrícia é responsável por varrer, recolher o lixo e separar os materiais recicláveis em seu setor, enquanto interage com a população para orientar sobre a separação correta dos resíduos e avaliar a qualidade da limpeza das ruas. “Os moradores estão gostando do serviço, especialmente da separação adequada dos resíduos, o que contribui para a limpeza e melhoria do ambiente em frente às suas casas”, comenta.

"Os moradores estão gostando do serviço, especialmente da separação adequada dos resíduos, o que contribui para a limpeza e melhoria do ambiente em frente às suas casas”, comenta Patrícia. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
“Os moradores estão gostando do serviço, especialmente da separação adequada dos resíduos, o que contribui para a limpeza e melhoria do ambiente em frente às suas casas”, comenta Patrícia. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Primeiro emprego aos 59 anos


Vera Lúcia da Veiga Ribeiro, aos 59 anos, está ingressando no mercado de trabalho pela primeira vez, encontrando assim uma nova perspectiva de vida. “Nunca havia trabalhado antes; é a primeira vez que tenho uma ocupação. Decidi começar para auxiliar meu marido, que, aos 63 anos, já não consegue dar conta sozinho das despesas“, diz.

Morando em um imóvel alugado na Ilha dos Valadares, ela já tem um objetivo definido para seus futuros rendimentos: adquirir uma casa própria. “Com o dinheiro que irei receber mensalmente, pretendo economizar para comprar um imóvel. Sempre fui dona de casa. Agora, com um emprego, ter meu próprio salário é excelente. Com o vale alimentação, consigo abastecer minha geladeira e meu armário”, se emociona.

"Nunca havia trabalhado antes; é a primeira vez que tenho uma ocupação”, conta Vera, de 59 anos, que pretende juntar dinheiro para comprar uma casa própria. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
“Nunca havia trabalhado antes; é a primeira vez que tenho uma ocupação”, conta Vera, de 59 anos, que pretende juntar dinheiro para comprar uma casa própria. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Já Graziele Honorato Felisberto, também moradora da Ilha dos Valadares, ressalta as diferenças entre seu emprego anterior e sua nova posição. Anteriormente, ela trabalhava como atendente de padaria em um minimercado, porém, o local ficava muito distante de sua casa. “Essa oportunidade de emprego foi excelente para mim, pois oferece diversos benefícios e é próximo à minha residência”, diz.

Ela conta que, em seu setor, é responsável por cuidar de todo o seu bairro, realizando a varrição, remoção de vegetação das calçadas, separação dos resíduos e também prestando orientações à população. Além disso, Graziele menciona a receptividade positiva por parte da comunidade, que valoriza o trabalho das varredoras. “As pessoas sempre nos tratam muito bem, nos oferecem água enquanto estamos limpando a frente de suas casas, elogiam bastante nosso trabalho e gostam do nosso uniforme rosa“, conta.

Segundo o secretário Diego Delfino, com essa iniciativa, Paranaguá não apenas aprimora a limpeza urbana, mas também proporciona oportunidades de emprego e valorização das mulheres da comunidade, demonstrando como a igualdade de gênero pode ser promovida em todos os setores da sociedade.

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