Frequentes quedas de energia em Alexandra causam prejuízos a moradores e comerciantes; população cobra respostas da Copel


Por Luiza Rampelotti Publicado 27/03/2024 às 16h36
Segundo relatos dos moradores, a situação das constantes quedas de energia acontece há anos, mas, há cerca de quatro meses, se intensificou. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
Segundo relatos dos moradores, a situação das constantes quedas de energia acontece há anos, mas, há cerca de quatro meses, se intensificou. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Desde o início do ano, a Câmara de Paranaguá tem promovido debates sobre um problema persistente que assola o bairro de Alexandra: as constantes quedas de energia. A questão ganhou destaque quando o vereador Ezequias Rederd (Podemos), conhecido como Maré, apresentou o Requerimento 0010-2024 solicitando o apoio dos demais parlamentares para convocar Wender Mori, gerente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), a prestar esclarecimentos sobre o fornecimento de energia elétrica em Paranaguá. A convocação busca esclarecer os motivos por trás das frequentes interrupções no fornecimento de energia elétrica no bairro.

Após um processo burocrático na Câmara, que se estendeu desde janeiro até o início de março, o requerimento foi aprovado e encaminhado à Copel. No entanto, desde então, não houve nenhum retorno por parte da empresa à Casa de Leis, deixando os moradores e autoridades locais ainda mais frustrados diante da falta de soluções concretas.

A falta de resposta da Copel e a persistência dos problemas levaram o vereador Manoel Aleixo (PP), morador de Alexandra, a trazer o assunto à tona novamente, quando manifestou sua indignação durante uma sessão na última segunda-feira (18). Em suas palavras, ele expressou o “repúdio e indignação ao serviço prestado pela Copel na região“.

Nós, moradores de Alexandra, estamos sofrendo muito com a falta de energia. Conversei com alguns comerciantes e soube que eles tiveram prejuízos. Até agora, não obtivemos resposta da Copel. Enquanto isso, os moradores continuam sendo prejudicados“, desabafou Aleixo.


Comerciantes no prejuízo


Para investigar mais a fundo a situação dos moradores e comerciantes da região, a equipe do JB Litoral esteve em Alexandra e conversou com diversas pessoas afetadas pela crise energética. Entre elas, Vanderlei Xavier Simões, proprietário do Mercado Sudoeste, que relatou um prejuízo de aproximadamente R$ 7 mil em apenas um mês devido às constantes quedas de energia que danificaram os equipamentos de seu estabelecimento.

Tenho o mercado há nove anos e sofremos com os apagões há anos. Nos últimos quatro meses, as quedas de luz têm sido praticamente diárias. Entramos em contato com a Copel e sempre nos dizem a mesma coisa: que vão melhorar a rede, mas até agora nada“, lamentou Simões.

Ele explicou que as consequências dessas falhas no fornecimento de energia têm sido devastadoras para os comerciantes locais. “Com as quedas de luz, motores queimam e equipamentos são danificados. Já gastei R$ 7 mil em um mês só com reparos. Tive que trocar um motor e um controlador de uma câmara fria e também um controlador de um freezer de iogurte“, revelou.

Vanderlei Xavier Simões, proprietário do Mercado Sudoeste, teve um prejuízo de R$ 7 mil em apenas um mês devido às constantes quedas de energia que danificaram os equipamentos de seu estabelecimento. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
Vanderlei Xavier Simões, proprietário do Mercado Sudoeste, teve um prejuízo de R$ 7 mil em apenas um mês devido às constantes quedas de energia que danificaram os equipamentos de seu estabelecimento. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Outro comerciante afetado é Rogério de Oliveira Lima, proprietário da empresa Oliveira Gás. Ele teve que investir em um gerador de energia há cerca de dois anos para manter seu negócio funcionando.

Há praticamente três anos que enfrentamos os problemas de falta de energia. Não importa a hora do dia, podemos ficar sem eletricidade durante toda a tarde, e isso acontece com frequência. Em 2022, fui obrigado a investir em um gerador de energia para manter meu negócio funcionando“, explicou.

Ele também destacou a frustração em lidar com as justificativas recorrentes da Copel. “A empresa sempre apresenta uma desculpa diferente. Uma hora é roubo de fio, outra hora é um caminhão que bateu em um poste. No entanto, percebemos que, independentemente das condições climáticas – seja chuva, sol ou tempo bom – as quedas de energia persistem. Isso nos leva a duvidar da veracidade das explicações fornecidas pela empresa, já que nunca vemos uma resolução efetiva dos problemas“, disse.

Rogério de Oliveira Lima, proprietário da empresa Oliveira Gás, teve que investir em um gerador de energia há cerca de dois anos para manter seu negócio funcionando. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
Rogério de Oliveira Lima, proprietário da empresa Oliveira Gás, teve que investir em um gerador de energia há cerca de dois anos para manter seu negócio funcionando. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Morador já perdeu geladeira e televisão


Além dos empresários, os moradores também enfrentam consequências negativas devido às frequentes interrupções e variações no fornecimento de energia elétrica. Marcos Augusto Barbosa da Mota, um mecânico local, compartilhou sua experiência, revelando a perda de uma geladeira e uma televisão de 55 polegadas devido a esses problemas.

Já faz um bom tempo que enfrentamos esses apagões, há mais de anos, mas nos últimos quatro meses a situação se tornou ainda mais grave. Como resultado, sofri alguns prejuízos. Atualmente, estou usando uma geladeira emprestada, pois não tive condições de adquirir outra, e minha televisão foi substituída por um pequeno monitor de computador. Investi R$ 3 mil nessa televisão, que havia sido paga à vista, e perdi tudo em um instante“, lamentou.

Ele explicou que quando ocorrem as quedas de energia, estas se manifestam em oscilações constantes, indo e vindo repetidas vezes. Uma das alternativas que ele está considerando é a instalação de um disjuntor de proteção. “No entanto, isso não deveria ser necessário. Devemos receber um serviço de qualidade por parte da Copel. É complicado lidar com essa situação, especialmente quando as contas de luz continuam chegando com valores elevados, entre R$ 200 e R$ 300“, concluiu.

“É complicado lidar com essa situação, especialmente quando as contas de luz continuam chegando com valores elevados, entre R$ 200 e R$ 300", disse o morador Marcos Augusto Barbosa da Mota, que já perdeu uma geladeira e uma TV. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral
“É complicado lidar com essa situação, especialmente quando as contas de luz continuam chegando com valores elevados, entre R$ 200 e R$ 300″, disse o morador Marcos Augusto Barbosa da Mota, que já perdeu uma geladeira e uma TV. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Ao JB Litoral, a Copel informou que “não recebeu até o momento o convite da Câmara, entretanto cabe ressaltar que a empresa mantém relacionamento frequente com os poderes públicos municipais. A empresa esclarece que está analisando o quadro geral do fornecimento em Alexandra, a fim de avaliar a necessidade de tomar medidas em relação à qualidade do fornecimento à região”, disse.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *