Grande evento com arrecadação em novembro, mas despesas o ano inteiro: como o Santuário de Nossa Senhora do Rocio se mantém?
A conta que não fecha no final do mês, as despesas inesperadas com um cano que estoura, um chuveiro que queima, uma doença repentina. Situações comuns na vida de qualquer pessoa. Agora, imagine lidar com esses imprevistos em um imóvel gigantesco, com 104 anos de construção. Esse é o dia a dia do Santuário de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá.
Com 12 funcionários diretos e as despesas com manutenção predial, contas de água e luz, entre outros gastos, os custos para manter a casa da padroeira do Paraná são altos. Para arcar com todos eles, a receita gerada com as festividades de aniversário de Nossa Senhora do Rocio, durante o mês de novembro, não é suficiente. Segundo o reitor do santuário, padre Dirson Gonçalves, várias outras fontes de arrecadação de recursos são organizadas.
“O nosso coração financeiro durante o ano é a campanha Filhos da Senhora do Rocio. Não temos dízimo porque não somos paróquia, mas temos essa campanha, que é uma forma de os devotos se associarem a ela. Assim, todo mês, esse devoto recebe em casa a revista do Santuário com um boleto em branco, em que ele colabora com aquilo que pode”, explica Dirson em conversa com o JB Litoral.
Mas para que as despesas sejam arcadas, a quantidade de associados precisaria aumentar.
“Precisamos muito de mais pessoas. Hoje nós temos 2.600 associados. A maior parte é daqui do Paraná, depois temos pessoas do estado de Mato Grosso do Sul, em seguida São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Também estamos começando a ter alguns do Nordeste, mas a gente precisa muito mais, porque é isso que mantém o Santuário”, reforça o padre.
CAMPANHAS E FESTAS
Dirson Gonçalves também conta como são feitas outras atividades para suplementar os valores necessários para manter o santuário.
“Também fazemos parcerias, recebemos doações e fazemos festas e eventos esporádicos ao longo do ano. A exemplo da festa junina, a festa das mães, que fizemos a primeira este ano e vamos voltar a realizar em 2025, com shows e barracas. São formas de movimentarmos o Santuário e trazermos recursos”, conta.
Além dos 12 colaboradores que trabalham no santuário, cujas famílias dependem desse salário, padre Dirson ressalta que as despesas são altas devido às dimensões do local e que, em algumas áreas, é preciso contar com prestadores de serviço.
“Temos o gasto de água, que é alto, pois a estrutura é muito grande. Energia reduziu, pois investimos na energia solar. Como a estrutura é muito antiga – a igreja tem 104 anos – é necessário sempre fazer manutenção, seja no salão, na sala de catequese, na casa ou, ainda, nas atividades de evangelização. Nós não temos voluntários para algumas áreas e eu gosto de profissionalizar. Por exemplo, a comunicação, nós temos uma empresa que cuida dessa parte. Então, tudo isso é investimento”, detalha.
ORGANIZAÇÃO DA MAIOR FESTA
Em paralelo a todos os trabalhos realizados ao longo do ano e dos eventos de menor porte, a preparação para a grande festa de Nossa Senhora do Rocio é feita durante meses e envolve cerca de 500 pessoas, grande parte de voluntários. Um exemplo das atividades que eles desempenham é a recepção aos romeiros.
“Eles nos ligam para avisar quando chegam. A previsão é que cheguem mais de 100 ônibus. Então, os direcionamos para o pátio de caminhões e damos as orientações sobre alimentação. Os voluntários do restaurante, que fica no salão do Rocio, também ajudam na organização dos banheiros. Tudo é organizado por nós, exceto a parte de dormir, que fica por conta dos próprios devotos”, finaliza Gonçalves.