Homem vai parar na delegacia por importunação sexual, em Paranaguá; ele havia acabado de sair da cadeia pelo mesmo tipo de crime


Por Flávia Barros Publicado 18/03/2023 às 14h44 Atualizado 18/02/2024 às 07h12

Era um dia de trabalho comum para uma lojista do centro histórico de Paranaguá, até que, no final da manhã dessa sexta-feira (17), um homem entrou no estabelecimento como se fosse cliente. Logo a comerciante percebeu que ele queria outra coisa. Segundo a mulher, de 33 anos, que prefere não ter o nome revelado, o homem começou a falar coisas obscenas enquanto permanecia com uma das mãos dentro da bermuda.

Eu tentei ser o mais profissional possível, disse que sou uma mulher casada, mas, ainda assim, ele continuou e foi chegando cada vez mais perto“, contou em entrevista ao JB Litoral.

A vítima, que foi parar na delegacia bem no dia do aniversário, também disse que só conseguiu pedir ajuda quando percebeu que algo ainda mais grave poderia acontecer.

Ele tirou o órgão para fora da bermuda, me agarrou pelo braço e tentou me puxar. Nesse momento, consegui sair da loja e pedi ajuda“, detalhou.

PRISÃO E SURPRESA

A vítima foi ajudada por pessoas que passavam pela rua, que correram atrás do suspeito e conseguiram detê-lo a poucos metros do local, em uma praça. A Polícia Militar foi chamada e se deparou com Altair Gomes da Cunha, 59 anos. A vítima, que ele havia acabado de importunar sexualmente, foi à praça e o reconheceu. Para a surpresa dela, o agressor levava nas mãos o alvará de soltura expedido no mesmo dia.

Ele confessou que havia acabado de sair da delegacia pelo mesmo tipo de crime. Eu só espero que agora ele continue preso“, falou ao JB Litoral.


HISTÓRICO PROBLEMÁTICO

A reportagem teve acesso a boletins de ocorrência que demonstram que o caso dessa sexta foi, pelo menos, o quarto de importunação sexual cometido por Altair. No primeiro deles, em agosto do ano passado, ele assediou a funcionária de uma loja de utilidades, também no centro histórico. Segundo a vítima relatou à polícia, o homem começou a assediá-la passando as mãos em suas costas e ofereceu dinheiro para que ela saísse com ele. Mesmo com as negativas da mulher, o homem teria passado as mãos em suas partes íntimas, conforme detalha o documento.

Altair voltou a atacar, na última quarta-feira (15). No final da manhã, a Guarda Civil Municipal foi chamada na Arena Albertina Salmon porque ele estava fazendo gestos obscenos. Poucas horas depois, no período da noite, Altair Gomes da Cunha pegou um taxi, cuja motorista também se tratava de uma mulher. De acordo com o relatado e registrado em boletim de ocorrência, Altair começou a fazer propostas de cunho sexual à motorista, enquanto se masturbava. Mesmo nervosa e com medo, a taxista deixou o passageiro no destino e, em seguida, procurou ajuda da polícia. O homem foi preso e solto dois dias depois, quando fez a quarta vítima (pelo menos oficialmente, que notificaram as situações na polícia), no período de sete meses, cuja situação foi detalhada no começo da reportagem.

SERVIDOR AFASTADO

Nos registros constam que Altair Gomes da Cunha é servidor público municipal. Segundo informações obtidas pela reportagem, os problemas de Altair não são recentes. Um outro boletim de ocorrência, de agosto de 2020, consta que ele foi flagrado furtando dentro da garagem da prefeitura e a ação teria sido registradas pelas câmeras de monitoramento do local. A reportagem confirmou que Altair é servidor municipal, mas, segundo consta no portal da Transparência, ele está afastado oficialmente por motivos de saúde (auxílio doença). Ele é servidor concursado desde agosto de 2000 e, atualmente, está lotado na secretaria de obras. A reportagem aguarda retorno da administração para saber quais os problemas de saúde do servidor e de que forma o caso está sendo acompanhado.

*Reportagem de Kaike Mello e Flávia Barros