Lula x Bolsonaro – eleitores falam sobre suas razões de voto e defendem a convivência amigável


Por Luiza Rampelotti Publicado 01/10/2022 às 18h56 Atualizado 17/02/2024 às 18h26

O Brasil vive uma das eleições mais polarizadas desde a redemocratização. Líderes nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) chegam à reta final em um cenário indefinido, que pode ou não ser decidido no primeiro turno.

Os dois candidatos são os protagonistas de um pleito que acentuou a divisão do País e trouxe ao debate público a disputa entre esquerda e direita como poucas vezes se viu. Agora, caberá aos mais de 156,4 milhões de eleitores que vão às urnas em todo Brasil neste domingo (2) decidir qual rumo o Brasil irá tomar.

Apesar de quase metade dos brasileiros ter deixado de falar com amigos ou familiares sobre política para evitar discussões nos últimos meses, como afirma a pesquisa Datafolha, o JB Litoral resolveu mostrar que lados antagônicos podem, sim, conviver respeitosamente.

Petista desde criancinha

O sindicalista Sidnei Fortunato de Souza, o Sidão do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Anexos de Paranaguá (Sindicap), já está decidido e tem buscado virar o voto dos demais parnanguaras – ele é Lula 13. Petista desde criança, influenciado pelo pai, ele conta sobre seus motivos para votar no ex-presidente.

Acredito no Lula porque ele foi o melhor presidente que existiu em todos os tempos, ele foi o melhor para a pobreza. O que nós estamos vivendo não é uma divisão ‘disso’ e ‘daquilo’, estamos vivendo uma divisão de classes. É sobre quem tem e quem não tem. E o Lula foi o presidente daqueles que não têm”, diz.

Sidão relembra alguns dos programas criados no governo do PT, como o Minha Casa, Minha Vida, Programa Universidade para Todos (Prouni), entre outros. “Foi o Lula que permitiu que o pobre tivesse casa própria, acesso à universidade, aumentou o financiamento para a agricultura familiar, para o trabalhador que queria ter seu próprio negócio”, comenta.

Somos todos irmãos”, diz eleitor do PT

Ele também destaca que durante os governos petistas, os salários eram reajustados acima da inflação, algo que não tem acontecido na atual gestão. “As coisas eram mais baratas, todos podiam comer, beber. Nos últimos quatro anos a nossa situação piorou; nós que somos sindicalistas nunca negociamos um salário abaixo da inflação durante o governo PT, agora, nesse governo, não conseguimos chegar nem na inflação. Sou pelo presidente Lula e pelo PT porque acredito que é o partido que melhor representa os pobres, e eu sou pobre, então é o que me representa. Afinal, ele viveu na pele a pobreza e só quem viveu essa situação sabe o que o outro passa; e é por isso que o rico não sabe o que o pobre enfrenta”, diz.

Mesmo com sua convicção a respeito de uma possível melhor gestão realizada por Lula, Sidão faz questão de destacar que isso não significa que aquele que vai votar no outro candidato seja seu inimigo; na verdade, ele define a todos como irmãos. “Deus fez a todos nós. Portanto, acabando essa eleição, nós somos todos irmãos. Não temos que ter desavenças, onde é mulher contra marido, filho contra pai, irmão contra irmão, na igreja também há muita desavença… O meu candidato eu acho que é o melhor – porque é o melhor –, mas isso não significa que eu tenha que polarizar e brigar com aquele que está do outro lado”, completa.

Para bolsonarista, esquerda nunca funcionou

Já o empresário Reilly Agari Algodoal é um dos eleitores que são taxativamente contra o PT nesta eleição. Seu voto é para Bolsonaro 22 e ele expressa isso em seus perfis pessoais.  

Em sua avaliação, o Brasil vive a eleição mais acirrada de todos os tempos e não apenas o povo brasileiro está preocupado, mas também os principais países do Grupo dos 20 (G20). “Celeiro do mundo, se tivermos problemas no Brasil, o mundo inteiro sofrerá”, considera.

Reilly opina que esta eleição não se trata apenas de uma disputa partidária entre esquerda e direita, mas, sim, de um “modelo político que nunca funcionou e é motivo de muito sofrimento nos países onde ainda resiste”.

Muitas pessoas, iludidas pelo ‘canto da sereia’ dos esquerdistas, prometendo casa, comida, vale isso, vale aquilo, migalhas e mais migalhas, direitos sem deveres, só percebem que entraram pelo cano quando, de uma hora para outra, ficam tolhidos de sua liberdade e impedidos de deixar o País. Uma das provas de que a esquerda não funciona foi demonstrada na queda do Muro de Berlim; por um acaso alguém fugiu para o lado da esquerda (oriental)?”, avalia.

Estamos na mesma canoa”, diz eleitor de Bolsonaro

Eleitores de lados opostos apertam as mãos e definem: ‘somos todos irmãos”. Foto: JB Litoral

Para ele, Bolsonaro despontou diante do cenário de insatisfação com a esquerda e se demonstrou um “excelente gestor”. “Ele compôs os melhores ministérios de todos os tempos, indicando seus ministros pelo critério da meritocracia. Conclusão, passamos pela Covid-19; pela campanha dos esquerdopatas do ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’; pela maior crise hídrica de todos os tempos, estamos passando por uma guerra entre Rússia e Ucrânia, e o Brasil está com deflação, o preço dos alimentos caindo, o dólar caindo, o desemprego caindo, o PIB aumentando e as estatais dando lucro. É inegável que estamos no caminho certo”, comenta.

Reilly opina que o atual cenário é bem diferente da administração petista, onde, segundo ele, os ministérios eram feitos de conchavos partidários, escândalos de corrupção etc. “Mas, por outro lado, dos eleitores, vejo pessoas e famílias que querem um futuro melhor e a elas dedico o meu respeito. O importante é que, ao final das eleições, tenhamos a firme convicção de que todos nós estamos na mesma canoa e devemos nos unir para remar em um único sentido. Apertando a mão do meu amigo Cidão, petista de carteirinha, aperto a mão de todos os eleitores de esquerda, centro e de direita do Litoral”, conclui.