Mãe, atleta, guerreira: moradora de Pontal do Paraná se prepara para luta no MFC-1, em Porto Alegre
Mulheres são multitarefas, e Mayara Rodriguez é o exemplo perfeito disso. Aos 27 anos, ela equilibra a vida de mãe de três filhas, esposa e comerciante em Pontal do Paraná, sem deixar de brilhar em uma nova paixão: o MMA. Com uma carreira que começou há pouco tempo, mas já promete grandes conquistas, a atleta se prepara para enfrentar o primeiro grande desafio de sua trajetória esportiva no Mercosul Fighting Championship, que acontecerá no próximo domingo (29), em Porto Alegre (RS).
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Início nas artes marciais
Natural de Curitiba, Mayara começou a praticar luta olímpica aos oito anos, mas se afastou das artes marciais após o fechamento da academia em que treinava. Ao se mudar para Pontal do Paraná, ela reencontrou seu amor pelo esporte há cerca de um ano, quando começou a treinar Kickboxing e Muay Thai. Inicialmente, seu objetivo era apenas praticar por hobby, mas rapidamente despertou o desejo de competir. “Depois de dois meses treinando, fiz minha primeira luta no Muay Thai e venci por pontos. Desde então, não parei mais”, conta ao JB Litoral.
Em sua recente carreira, a atleta já conquistou dois cinturões no kickboxing e acumulou mais de 10 medalhas em competições de Muay Thai. Pouco tempo atrás, em julho, ela fez sua estreia no MMA, participando do Crossroads in the Fight, em Curitiba, e está determinada a continuar nessa nova modalidade.
Preparação para a luta
A preparação para a luta no Mercosul Fighting Championship envolve um treinamento intenso e uma dieta rigorosa. Mayara começou sua preparação pesando 62 kg e precisa chegar a 52 kg até o dia da luta. “Minha preparação está intensa. Acredito que será uma boa luta, e meu objetivo é dar o meu melhor e ter um bom desempenho”, diz.
Ela também destaca o apoio que recebeu da Prefeitura de Pontal do Paraná, que lhe concedeu um auxílio para ajudar com os custos da viagem ao Rio Grande do Sul. Além disso, conta com uma parceria com um fornecedor de suplementos que a auxilia em sua preparação.
“Dentro desse período que estou lutando, esta foi a primeira vez que recebi algum apoio do Poder Público e isso me ajuda e incentiva muito”, conta a atleta.
Rotina diária
A rotina de Mayara é um verdadeiro exercício de equilíbrio entre as responsabilidades familiares e a dedicação aos treinos de MMA. Ela acorda cedo para treinar antes de ir para o trabalho, busca as filhas na escola e, ao retornar, se prepara para mais uma sessão de treinos.
Mesmo com a agenda apertada, ela faz questão de envolver as filhas nesse processo. “Minhas filhas vão comigo aos treinos, e estão crescendo vendo que a mãe delas não desiste. Quero que elas sejam o que quiserem ser e estejam onde quiserem estar. Luto para que sejam mulheres fortes e felizes“, afirma a atleta. Suas três filhas, de 11, 6 e 2 anos – sendo uma delas autista – já começam a se interessar pelas artes marciais, inspiradas pela determinação da mãe.
Apoio e desenvolvimento
Alison Jorge Muniz de Oliveira, professor de MMA da Escola de Artes Marciais Alison Oliveira, conheceu Mayara durante suas aulas de Muay Thai e acompanhou sua evolução nas competições. “Ela se destacou desde o início. Quando ela expressou vontade de migrar para o MMA, eu a incentivei, mas sempre ressaltando a importância da preparação adequada. A Mayara tem técnica e força de vontade, e isso é fundamental no esporte”, explica o treinador.
Néri Sassaki, empresária e parte da equipe de Mayara, comenta sobre o potencial da atleta. “Esse evento que ela vai participar tem visibilidade, estarão presentes olheiros do UFC. Quando treinamos, buscamos talentos, e a Mayara é um desses talentos. O comprometimento dela é visível e inspira todos ao seu redor”, comenta.
O papel da família
Lucas de Andrade, esposo de Mayara, compartilha como tem sido apoiar sua esposa na carreira esportiva. “Para nós, é tudo novo. Existem desafios, mas estamos juntos. É difícil para mim vê-la lutando, mas estamos aqui todos os dias. Treino junto com ela para estar à altura e apoiar em tudo”, comenta.
Mayara Rodriguez não vê limites para o que pode alcançar, e quer inspirar outras mulheres a seguirem o mesmo caminho. Conciliando os desafios, ela acredita que sua história pode ser uma fonte de motivação. “Percebi que através do esporte que amo, posso inspirar outras mulheres a buscarem seus objetivos, sem medo de ser feliz. Sou mulher, sou esposa, sou comerciante, sou mãe e mãe de autista, cuido da minha casa, faço comida, lavo roupa, como toda dona de casa, mas não deixo de estar onde quero estar: no octógono“, conclui Mayara, que sonha em se tornar uma lutadora profissional dentro de um ano.