Manifestantes lotam sessão da Câmara dos Vereadores e rogam por justiça; “Perdi um pedaço de mim”, diz mãe da jovem Sayume


Por Redação Publicado 08/03/2023 às 13h57 Atualizado 18/02/2024 às 06h20

Na segunda-feira (6), cerca de 80 manifestantes se reuniram em frente à Câmara Municipal de Paranaguá para pedir segurança e demonstrar repúdio aos atos criminosos que resultaram na morte da jovem Sayume Albini, assassinada na madrugada de sábado (4).

Dioneia é a mãe da jovem Sayume, assassinada na madrugada de sábado (4) em uma tabacaria, em Paranaguá. Foto: Kaike Mello/JB Litoral

Durante o ato, as faixas exibidas por familiares, amigos e moradores pediam socorro às autoridades de segurança do município. Após a manifestação na via pública, os integrantes do protesto acompanharam a sessão na Câmara.

Também presente na manifestação, a mãe da jovem assassinada, Dioneia dos Santos Modesto, falou sobre a dor e a revolta de perder a filha, que completaria 21 anos no dia 19 deste mês. “Ela não tinha nada a ver com essa guerra de facção que está acontecendo (…) Tem muita mãe chorando, perdendo seus filhos e a gente quer justiça. Essa Câmara tem que fazer alguma coisa, a gente está com medo de sair na rua. Nossos filhos são jovens, querem sair, se divertir e não podem mais porque tem loucos e monstros soltos na rua que, a qualquer hora, podem fazer algo contra eles. Eu perdi um pedaço de mim, me tiraram minha filha, que fazia faculdade, ia se formar e estava para completar 21 anos no dia 19 deste mês. Ela conquistou seu carro próprio agora, com dinheiro do seu próprio esforço. Ela fazia estágio, trabalhava em dois serviços e tinha muitos sonhos pela frente“, lamenta a mãe da vítima.

Investir em políticas públicas para os jovens


Durante a sessão, a vereadora Vandecy Dutra (PP), que se solidarizou com Dioneia, falou sobre a importância de investir em políticas públicas para que os jovens não entrem no mundo do tráfico. “A violência aumentou consideravelmente em nosso município e nós sabemos o porquê (…) O tráfico de drogas está aqui, o porto está ali, o dinheiro fácil também. Nós precisamos trabalhar na raiz do problema, com políticas públicas para conter isso, investir na educação das nossas crianças e dos nossos jovens para evitar que esses atos de violência aconteçam. É formar na identidade, no âmago da educação, lares sem violência. (…) Eu tenho filhos jovens e cada vez que eles saem, eu fico preocupada. Portanto, presto minha solidariedade e meus sentimentos para todos aqueles que estão sofrendo e digo que estamos juntos nessa luta, ela é de todos nós. Sayume sempre será lembrada e essa morte não será em vão. Lutaremos para uma sociedade mais justa, pacífica e igualitária para todos“, concluiu a vereadora.

O delegado de Polícia Civil Nilson Diniz, que também é vereador, reafirmou seu compromisso na luta contra o crime organizado no município. “Esse final de semana foi muito triste para todos nós, em virtude do falecimento da jovem Sayume, de 20 anos de idade, e em especial para todos aqueles que trabalham com segurança pública. É impossível participarmos de um evento triste como esse na nossa cidade sem nos sensibilizarmos. A Polícia Civil desde a madrugada de sábado trabalhou ininterruptamente para prender e responsabilizar os autores desse homicídio. Dois dos três envolvidos já foram identificados e as respectivas cautelares já foram pedidas“, disse.

Legislação não evolui


O delegado refletiu sobre as causas do aumento da criminalidade na região. “O problema não é só de segurança pública. O problema é da legislação, que é a mesma desde 1941 e não evoluiu com a sociedade. Hoje temos diversas brechas legislativas que permitem que bandidos de altíssima periculosidade caminhem em torno de nós e pratiquem crimes bárbaros como esse“, explicou.

A sessão da Câmara ficou lotada na segunda-feira (6). Foto: Kaike Mello/JB Litoral

Desde janeiro, a Polícia Civil investiga uma série de assassinatos em Paranaguá. Ao longo da semana passada, os agentes da instituição realizaram buscas e apreensão de integrantes das organizações criminosas à frente do tráfico.

“(…) Nem que eu tenha que sacudir essa cidade e colocar ela de cabeça para baixo, eu garanto que vamos prender esses criminosos. Fomos nós que desconstituímos o tribunal do crime em Paranaguá. Nós prendemos todos os integrantes do primeiro comando da capital (PCC) no ano de 2018, aqueles que cortavam as cabeças das vítimas. Nós não temos medo de enfrentar qualquer vagabundo que se aventure nesse município“, frisou o delegado, ainda em discurso no plenário.

Por fim, Nilson Diniz reiterou seu compromisso com a busca e prisão do criminoso que matou a jovem estudante. “Não vamos ceder para a violência. Vocês estarão aqui presentes quando anunciarmos a prisão desse vagabundo. Dele e de todos os outros que vem ceifando vidas aqui no município. Vamos fazer o que for preciso para tornar essa cidade melhor e mais segura para todos“, concluiu o vereador.

Após o fim dos discursos no plenário, os manifestantes se dirigiram à Rua Júlia da Costa, onde está localizada a Prefeitura de Paranaguá, e encerraram o ato pacífico por volta das 20h.