Moradores do Litoral protestam contra vereador Celsinho das Alface, acusado de matar cachorro com um tiro


Por Luiza Rampelotti Publicado 27/12/2022 às 15h45 Atualizado 18/02/2024 às 01h20

Era tarde desta segunda-feira (26), por volta das 17h30, quando Adilson Serenário Barbosa deu falta de sua cadela Pipoca. Ele estava no bairro Rio do Pinto, em Morretes, visitando a obra da casa de sua sobrinha, quando percebeu o sumiço do animal.

Ele andou pela região, na Rodovia Miguel Buffara, quando avistou a cadela caída, agonizando e sangrando, e, ao lado dela, o vereador de Morretes, Celso Ferreira de Souza (PROS), o Celsinho das Alface. “Vi minha cadela sangrando na região do estômago, perguntei o que tinha acontecido, e ele disse que não tinha feito nada”, conta Adilson.

No entanto, ele afirma que a fama do vereador é a de “matador de cachorro e gato” e, por isso, seu irmão, Adriano Serenário Barbosa, que estava junto dele, questionou novamente o que havia acontecido. “Então ele confessou que matou, e disse que comprava outro cachorro. Ele contou que ela estava correndo atrás das galinhas dele; ele matou minha cadelinha simplesmente porque ela correu atrás de uma galinha. A casa dele não tem cerca, as galinhas ficam soltas”, disse o dono da Pipoca.

Segundo Adilson, enquanto ele foi até a residência buscar o celular para ligar para a Polícia Militar, o vereador Celsinho pegou a cadela e jogou nos fundos do quintal, em uma área de mata.

Quando voltei com o celular, ele estava correndo com ela. Ele teve a capacidade de, além de assassinar a cachorrinha, pegar ela, ainda viva, agonizando, correr pros fundos da propriedade e jogar ela pro mato, como se fosse lixo”, lamentou.

Adilson é morador de São José dos Pinhais e está em Morretes passando as férias na casa do irmão. Nas redes sociais é possível ver o amor da família pela Pipoquinha, como era carinhosamente chamada. Já fazia quase cinco anos que a cachorrinha vivia com eles e, em dezembro, ela havia completado cinco anos.

Informações do B.O.

Depois de toda a situação, a Polícia Militar chegou ao local. No Boletim de Ocorrência, os militares informam que, segundo informações colhidas no local, o vereador teria corrido atrás do animal com um pedaço de madeira e, após algum tempo, teria se apossado de uma arma e efetuado um disparo contra o cão; não contando que nesse interim de tempo o dono do animal já estivesse realizando buscas pelo mesmo.

Quando o senhor Adilson declarou que iria acionar a PM, o autor do fato teria declarado que compraria outro cachorro para substituir ou até mesmo reparar o ocorrido (…) o vereador teria recolhido o animal e corrido para os fundos da propriedade, o lançando em uma mata. Após o ocorrido, Celsinho teria se evadido do local em seu veículo, tendo se apresentado como seu representante o advogado Aurélio Cesar Savi dos Santos, onde, ao ser perguntado sobre as informações referentes ao fato, o mesmo declarou que apresentaria seu cliente em data oportuna junto à Delegacia de Polícia para esclarecimentos e demais procedimentos que se julgarem necessários ao caso”, diz o B.O.

No documento também consta que o advogado de Celsinho afirmou que o disparo efetuado pelo vereador teria sido de uma espingarda de pressão, a qual seria apresentada na delegacia nesta terça-feira (27).

A repercussão do caso foi tanta, que a Polícia Civil do Paraná (PCPR) também já está investigando a situação. “A PCPR está investigando uma situação de maus-tratos a um cachorro, ocorrido na segunda-feira (26), em Morretes. O suspeito, um vereador da cidade de 40 anos, teria atirado contra o animal. Foram realizadas perícias e a PCPR está realizando diligências a fim de esclarecer o fato”, informou o órgão de segurança.

O que diz Celsinho das Alface

Ao JB Litoral, o vereador se defendeu dizendo que “nunca quis fazer mal a animal algum” e que o cachorro teria atacado seu filho, de 7 anos. “Eu tentei afugentar o cachorro com um rifle de pressão, para não deixar o cachorro morder meu filho, e sem querer o animal acabou alvejado, culminando nessa tragédia”, disse.

Celsinho disse que não teve a intenção de matar o animal. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Manifestação nesta terça (27)

Inconformados com a situação e pedindo por justiça, familiares de Adilson, moradores de Morretes e instituições de defesa aos animais de Paranaguá, marcaram uma manifestação para esta terça-feira (27), às 18h30, em frente à Prefeitura de Morretes. A saída de Paranaguá será às 18h, e as pessoas que quiserem participar do protesto podem se encontrar em frente à Polar Estudante (rua Comendador Correia Júnior, 76 João Gualberto).

Além disso, foi criado um abaixo-assinado virtual pedindo a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e afastamento temporário do vereador Celsinho das Alfaces. “O presente abaixo assinado tem por objetivo colher assinaturas para formalizar pedido de instauração de comissão parlamentar de inquérito endereçado ao Presidente da Câmara Municipal de Morretes/PR. Além disso, o pedido também versa sobre o afastamento temporário do Vereador Celso Ferreira de Souza (PROS), em virtude da morte da cachorrinha chamada ‘Pipoca’, confessadamente morta pelo vereador”, informa.

Para assinar o abaixo-assinado, basta clicar aqui.