Morretes redescobre Quarito: personagem símbolo da educação ambiental retorna após 25 anos

A iniciativa revive o personagem e busca despertar o interesse das crianças pela preservação do meio ambiente, enquanto relembra um tempo em que a leitura impressa era a principal forma de entretenimento.


Por Luiza Rampelotti Publicado 11/06/2024 às 18h20

A nostalgia tomou conta da Escola Municipal Miguel Schleder, em Morretes, na última segunda-feira (10), com o retorno do Quarito, personagem símbolo da educação ambiental do município, após 25 anos de hiato. A iniciativa, idealizada pela marca de moda sustentável Mata Nativa, em parceria com o ilustrador Constantino Stopinski Filho, revive o personagem e busca despertar o interesse das crianças pela preservação do meio ambiente, enquanto relembra um tempo em que a leitura impressa era a principal forma de entretenimento.

A ideia de resgatar o Quarito é porque ele tem tudo a ver com a nossa marca“, explica o empresário Everton Luís Schimure. “A Mata Nativa é uma marca de moda sustentável que preserva o meio ambiente e aborda todas essas questões ambientais e de sustentabilidade. O Quarito era um personagem que estava engavetado desde 1998 e fez parte da nossa infância, pois somos morretenses. E essa nostalgia foi um dos motores do projeto“, completa Isaac Miranda, também da Mata Nativa.

A dupla conta que a ideia surgiu durante a Festa Feira de Morretes, que aconteceu de 31 de maio a 9 de junho, coincidindo com a Semana Mundial do Meio Ambiente. “Tínhamos a ideia de trazer o Quarito de volta, então, conversamos com o Constantino, escrevemos a história, ele ilustrou e fizemos a distribuição do gibi para as crianças na festa“, conta Everton.

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Em parceria com a Mata Nativa e o ilustrador Constantino Stopinski Filho, o personagem volta para despertar o interesse das crianças pela preservação do meio ambiente. Foto: Juan Lima/JB Litoral

O ‘nascimento’ do Quarito

O entusiasmo pela volta do Quarito também é compartilhado por Constantino Stopinski Filho, o criador do personagem. “O Quarito foi um personagem criado para a Prefeitura de Morretes na década de 90. O secretário de Meio Ambiente da época resolveu fazer um programa para preservação e limpeza de rios e organização do lixo. Então, me convidou, porque eu já era conhecido aqui como desenhista, pintor, chargista de jornal, fazia uma porção de coisas. Ele me convidou para umas reuniões e surgiram muitas ideias. Uma delas foi criar um personagem e uma revistinha, um gibizinho“, detalha o ilustrador.

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Constantino Stopinski Filho é o criador do personagem, que surgiu na década de 90. Foto: Arquivo pessoal

Constantino explica a origem do nome Quarito. “Eu sugeri criar um indiozinho, o morador mais antigo da região. Surgiram nomes como Nhundiaquarinha e Morretinho, até que escolhemos Quarito. ‘Quara’ significa refúgio, e ‘Nhundia’ é um bagre, seja do mar ou do rio, então Nhundiaquara significa refúgio de peixes. O ‘ito’ é um sufixo que indica pequenez. Assim, Quarito é uma mistura da linguagem indígena com o português. O personagem é um indiozinho das águas do rio Nhundiaquara que começa a conversar com as crianças“, explica.

O ilustrador relembra que, durante o período em que o gibi foi entregue às crianças, foram impressas cerca de cinco edições que tratavam sobre vários assuntos de meio ambiente. “Fazia muito sucesso nas escolas, apesar de ser uma linguagem um pouco mais pesada para as crianças no começo. Com o tempo, fomos melhorando, tornando mais lúdico, e as crianças gostavam do desenho e da ideia do indiozinho que surge da água e conversa com elas, e no final todo mundo fica feliz. Essa é a ideia do Quarito“, complementa.

Retorno do personagem

A alegria do ilustrador é evidente ao falar sobre o retorno do personagem. “Ficou muito tempo parado, e agora o pessoal da Mata Nativa relembrou o Quarito, está ressuscitando-o. Na verdade, ele não morreu, né? Estava sempre mergulhando. Agora está voltando. Então, fiquei animado também, depois de de mais de 25 anos, voltar com o Quarito para novos projetos de meio ambiente. Acredito que ele vai fazer o mesmo sucesso entre as crianças“, diz.

Constantino ressalta que, mesmo em uma era tão digital, a revistinha impressa e o jornal em papel continuam sendo muito relevantes e atraentes nos dias de hoje. “Quanto ao Quarito, hoje podemos considerá-lo um pequeno refúgio, um oásis de tranquilidade. Um ambiente bem cuidado é, sem dúvida, um pequeno refúgio“, conclui.

A iniciativa conta com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e da direção da Escola Municipal Miguel Schleder, que recebeu a primeira edição deste retorno do Quarito.

Adriana Assumpção, secretária municipal de Educação, demonstra entusiasmo com a parceria público-privada e o resgate histórico do personagem. “Essa iniciativa é muito importante para a nossa gestão, que sempre busca trabalhar em conjunto com a iniciativa privada. Além disso, estamos muito felizes em resgatar o Quarito, um personagem que faz parte da história de Morretes e que com certeza vai encantar as crianças“, afirma.

Tatiana Sellmer Lopes, diretora da Escola Municipal Miguel Schleder, também celebra o retorno do Quarito, destacando a importância de proporcionar às crianças contato com a leitura impressa e histórias que valorizam o meio ambiente. “É um material rico, criado por pessoas da nossa cidade, e que vai incentivar a leitura e a conscientização ambiental, especialmente em uma época em que as crianças estão tão acostumadas com o mundo digital”, ressalta a diretora. “Essa volta do Quarito se encaixa perfeitamente com os projetos da escola, que já trabalham a preservação ambiental e a criação de histórias em quadrinhos, inclusive com os alunos autistas”, completa.

A volta do Quarito também foi comemorada por Josélia da Costa Carvalho, professora há 38 anos e 12 anos na Escola Municipal Miguel Schleder. Com um sorriso nos lábios, ela conta que conhece o personagem desde sua primeira edição, nos anos 90. “É muito bom vê-lo de volta para essa nova geração de morretenses. Ele é um personagem querido aqui, que representa o nosso Rio Nhundiaquara, e que nos lembra da importância de cuidar da natureza. É fundamental trabalharmos a preservação ambiental desde cedo, para que as crianças sejam as guardiãs do nosso futuro”, conclui a professora.

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