Motoristas denunciam dupla função e falta de segurança com a saúde, após decreto
Motoristas de ônibus da empresa Viação Graciosa, que fazem o trajeto Paranaguá-Curitiba e vice-versa, estão enfrentando um dilema depois do decreto baixado pela Prefeitura de Paranaguá.
O documento proíbe a abertura dos guichês de vendas de passagem no Terminal Rodoviário Municipal e, com isso, eles estão exercendo dupla função, pois têm que fazer a venda de passagens e, ao mesmo tempo, perdem o controle dos cuidados sanitários no combate à Covid-19.
A denúncia de dupla jornada veio a público depois que o Guarda Civil Municipal (GCM) e vereador, Francisco Leudomar Nóbrega dos Santos (Avante), expôs a situação em sua rede social, na quarta-feira (06).
Os funcionários da Viação Graciosa procuraram Nóbrega para relatar o que estava ocorrendo e pediram que averiguasse o caso. Para ter uma noção dessa situação, o vereador foi até Curitiba para ver o que se passa na viagem. “Tirei o dia para fazer essa correria, pois queria comprovar isso de perto. Esse decreto da prefeitura faz com que a empresa explore os motoristas, obrigados a vender passagens sem cobrar taxa de embarque. A ordem da Viação Graciosa é que não deixem passageiros para trás, porque a empresa está em crise”, disse.
O que preocupa, também, segundo o denunciante, é que durante o deslocamento até a capital do Estado ou na volta para o litoral, os motoristas pegam outros passageiros nos pontos de parada, ficando vulneráveis ao coronavírus, já que as medidas de segurança à saúde deles são tomadas apenas no terminal de embarque. “Em Paranaguá, eles têm todo o controle na rodoviária, isso é bom. O problema é que depois que sai do terminal, o motorista não tem mais esse controle. Em Curitiba é pior ainda, porque eles não têm nem aparelho para fazer a verificação da temperatura. Eles só pedem para o pessoal colocar a máscara. Então, vem quem quer para a nossa cidade sem qualquer tipo de fiscalização”, relatou.
Indignação de um motorista
Por meio de uma mensagem de texto, direcionada a Nóbrega, um motorista não identificado relatou a situação caótica que vive. Preocupado com a proliferação da doença e sobrecarregado com o acúmulo de função, ele disse que nada está sendo feito para amenizar o problema. “Estamos vendendo passagens com aglomerações de pessoas na porta do ônibus. Atendemos os passageiros no caminho sem álcool em gel. Ninguém faz nada”, desabafou.
Procurada pelo JB Litoral, a Viação Graciosa, por meio do diretor adjunto da empresa, Carlos Cesar Schaedler, informou que as vendas de passagem na porta dos veículos são efetuadas pelo emissor da Graciosa, e não pelos motoristas. Segundo Schaedler, somente nos pontos, após a saída da rodoviária, é que os profissionais, como sempre fazem, ficam responsáveis pela retirada dos bilhetes. Com relação à higiene, ele afirmou que é disponibilizado o álcool em gel para os clientes, com proibição de acesso de passageiros sem máscaras ao ônibus.