Novo terminal portuário da Klabin fortalece Paranaguá como o principal porto da empresa


Por Luiza Rampelotti Publicado 23/03/2023 às 18h48 Atualizado 18/02/2024 às 07h35

Em 2019, quando a Klabin arrematou o espaço de 27 mil metros quadrados (PAR-01), destinado à movimentação de celulose, no lado oeste do Porto de Paranaguá, pelo valor de R$ 1 milhão, ela prometeu transformar o terminal no melhor modelo de logística de celulose do mundo. Para isso, sua obrigação era investir R$ 87 milhões no local, além de realizar pagamentos ordinários mensais no valor de R$ 234,3 mil pela ocupação.

No entanto, quase quatro anos depois, a empresa investiu R$ 160 milhões, quase o dobro do que o exigido, para cumprir com a promessa e ter um terminal que seja referência para o Brasil por, pelo menos, os próximos 22 anos – já que, em 2019, a Klabin arrematou a área por 25 anos. Agora, na última quarta-feira (22), o terminal oficializou o início das operações em uma cerimônia que contou com a presença do governador Ratinho Junior (PSD), do secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrizio Pierdomenico, do diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, além de membros da diretoria da Klabin, como Cristiano Teixeira e Paulo Galvão.

Com capacidade de receber um milhão de toneladas de celulose e papel por ano, o terminal recebe o descarregamento de celulose de fibra curta e longa, celulose fluff e papel, da unidade Puma da companhia, localizada em Ortigueira (PR), e da unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR), e realiza a exportação pelo Porto de Paranaguá.

Para essa operação logística, o novo terminal está estrategicamente posicionado – há conexão ferroviária direta com a fábrica da Klabin em Ortigueira. Desta forma, as cargas vêm à cidade de trem, diminuindo o fluxo de caminhões nas rodovias e vias de Paranaguá.

História antiga

O projeto de um novo terminal da Klabin no Porto de Paranaguá não é recente. A ideia surgiu em 2011, quando o diretor geral da companhia, Cristiano Teixeira, assumiu essa posição. Ele relembra que, na época, o atual secretário nacional de Portos, Fabrizio Pierdomenico, atuava como consultor portuário e foi contratado pela empresa para auxiliar no plano.

Outra coincidência citada por Cristiano é que, na mesma época, quando executivos da Klabin vieram ao Porto de Paranaguá para falar sobre a ideia, encontraram, primeiramente, o então assessor Luiz Fernando Garcia, atual diretor-presidente.

Cristiano Teixeira é o diretor geral da Klabin. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

Esta inauguração é um marco na história da Klabin; foi uma aventura, mas deu tudo certo, porque nesse estado tudo dá certo”, disse o presidente do Conselho de Administração da empresa, Paulo Galvão.

Mas, até dar certo, foram, praticamente, oito anos de discussão para que, então, em 2019, a empresa fosse a vencedora do leilão do PAR-01, área perfeita para a instalação do empreendimento. “Um dia esperado há muito tempo. Foram onze anos até chegar nessa data. Em 2011, a Klabin, com muita vontade, apresentou um projeto para o porto. Faltaram mudanças legais que fizeram com que o processo fosse sendo atrasado, mas o governador Ratinho Junior, em 2019, teve o empenho de proceder com a licitação”, disse Garcia.

Após o arremate do leilão, a empresa deu início à construção do armazém em junho de 2021, com a conclusão no final de 2022 e início das primeiras operações em dezembro, antes mesmo da inauguração oficial.  

Concessão de áreas pela Portos do Paraná começou com a Klabin

De acordo com ele, apesar da complexidade do processo, a espera valeu a pena, uma vez que quatro anos depois foi possível inaugurar “um dos terminais mais sustentáveis do Brasil”. Vale destacar que o leilão do PAR-01 foi o primeiro realizado pela Portos do Paraná, com autonomia na gestão; depois, aconteceu o do PAR-12, em 2020. Em 2022, o leilão do PAR-32 e, em fevereiro deste ano, do PAR-50, que, sozinho, prevê o investimento de mais de R$ 338 milhões na área.

Diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

O diretor-presidente da Portos do Paraná avaliou que os processos de concessão de áreas portuárias pertencentes à empresa pública são positivos para Paranaguá, para o Litoral e para o estado. “O porto trocou concreto por investimentos. Somente a Klabin investiu mais de R$ 160 milhões, porque acredita no Paraná. Durante a execução da obra, foram 180 empregos gerados; agora 170 novos postos de trabalho diretos e indiretos com a operação do terminal. Ganha o município, o Litoral e o estado, uma geração consistente de receita e empregos para toda a comunidade”, comentou.

Garcia ainda relembrou que a Klabin começou a exportar pelo Porto de Paranaguá em 2016, quando foram exportadas 60 mil toneladas em dois meses. No mesmo ano, a companhia também inaugurou sua unidade de logística na cidade, localizada no KM 5 da BR-277. Agora, nos primeiros dois meses de 2023, já com terminal portuário próprio, a empresa exportou 130 mil toneladas.

Isso representa muito para o município. E esse é o papel da autoridade portuária, prover infraestrutura para que aqueles que acreditam no Paraná tenham condições de realizar investimentos com tranquilidade. Hoje, esse lado oeste do porto, que há cinco anos era um pátio de concreto, representa o futuro do Porto de Paranaguá. Esses investimentos vão trazer, cada vez mais, desenvolvimento para o Litoral e, em especial, para Paranaguá”, afirmou.

Terminal foi definido como modelo a ser seguido

O terminal é muito importante na estratégia de crescimento da companhia, e visa consolidar Paranaguá como seu porto principal, garantindo a sustentabilidade nas exportações da empresa para investimentos futuros. “Estamos pensando no futuro e na dimensão dos nossos projetos. A Klabin tem a missão de crescer, de continuar seus 123 anos de crescimento e empreendedorismo. Estamos aqui para ficar”, falou Paulo Galvão.  

Ele ainda detalhou que o terminal se trata do começo de uma maximização da cadeia de valor da companhia, que pretende investir ainda mais e, consequentemente, gerar emprego, aumento de impostos e desenvolvimento na região.

Secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrizio Pierdomenico, também esteve presente na cerimônia. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

O investimento feito pela Klabin também rendeu elogios do secretário nacional de Portos, Fabrizio Pierdomenico, que decretou que o terminal da companhia é modelo a ser seguido pelas demais empresas.  “O que eu vejo é tecnologia. Quero que, daqui para frente, nenhum terminal de celulose a se instalar no país seja inferior a esse, pois ele é motivo para ser reproduzido em todos os nossos portos, não só na questão da celulose, mas também na sustentabilidade. É disso que precisamos”, disse.

Ele ainda destacou que o terminal da Klabin representa valor agregado, riqueza para o país, geração de emprego e renda – o que definiu como as metas do presidente Lula (PT) para sua gestão. “A meta do presidente Lula é a geração de emprego e renda para a população brasileira. Nós vamos, de forma sustentável, com projetos como esse, garantir que o setor portuário continue dando as respostas para a economia do estado”, concluiu.

Paraná como central logística da América do Sul

Falando sobre a economia do Paraná, o governador Ratinho Júnior celebrou o momento vivido pelo estado, o qual avaliou como “uma somatória de boas notícias”. Ele destacou que grandes investimentos vêm acontecendo no Paraná.

A Klabin faz parte desse bom momento que o Paraná vive. O estado passou o Rio Grande do Sul no PIB, hoje somos a 4ª economia do país; há muitas décadas lutávamos por isso. Além disso, fomos reconhecidos pela OCDE como região do mundo referência em sustentabilidade. Tudo isso nos ajuda a fazer um grande trabalho de melhorar a qualidade de vida da população e atrair investimentos para cá”, disse.

Ele ainda revelou os planos de transformar o Paraná na central logística da América do Sul. “Esse terminal logístico da Klabin vem de encontro a tudo aquilo que estamos fazendo desde 2019. Nosso grande projeto é transformar o estado na grande central logística da América do Sul. O Paraná está no centro de 70% do PIB da América do Sul, geograficamente falando, isso representa um mercado de um trilhão e 800 bilhões de dólares”, explicou.

Porto está sendo preparado para atender a demanda audaciosa

Para trazer à realidade o projeto audacioso, Ratinho Júnior contou que tem buscado implementar grandes planos – a maior parte deles relacionados ao Porto de Paranaguá. Por exemplo, a concessão rodoviária do Paraná, que aguarda a autorização do Governo Federal para ser leiloada – a BR-277, principal acesso ao porto parnanguara está incluída.

Além disso, há, também, o projeto do novo Moegão do Porto de Paranaguá, com custo de quase R$ 600 milhões, que fará com que o porto passe do descarregamento de 200 vagões por dia, para mais de 900, ampliando em quase cinco vezes a capacidade portuária. A construção do empreendimento, que já foi licitado, deve começar em maio.

Temos, também, o segundo projeto para o porto, que é o Corredor de Exportação. E, além disso, a Nova Ferroeste, que vai ser o maior ramal e o maior projeto férreo logístico para o transporte de grãos e proteína animal, ligando Maracaju (MS) até o Porto de Paranaguá, fazendo um ramal para Foz do Iguaçu e outro para Santa Catarina, porque queremos trazer toda aquela produção de proteína animal para desembocar aqui no porto. Com isso, faremos essa grande canalização de logística para o Porto de Paranaguá ser a grande referência no Brasil”, disse.  

Governador Ratinho Junior falou sobre os investimentos no estado que beneficiam os portos do Paraná. Foto: Rafael Pinheiro/JB Litoral

De acordo com ele, a nova descida para o Porto de Paranaguá, que deve custar US$ 2,5 bi para sair do papel, está muito próxima de ser realizada. Ratinho afirmou que os projetos executivo e de viabilidade técnica estão prontos, bem como o estudo de viabilidade econômica, além das audiências públicas já terem sido realizadas. “Só estamos esperando a licença prévia do Ibama para começar essa grande obra, que é o maior projeto férreo do Brasil na atualidade”, finalizou.