Pandemia aumenta oportunidades de trabalho para motoristas via aplicativo
A pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, instalada em março no mundo todo, fez com que um grande número de pessoas ficasse em casa, devido às medidas de isolamento social determinadas pelos países, para evitar a disseminação da doença. Em consequência da diminuição da população nas ruas, o mercado foi afetado, em especial as companhias que realizam seus negócios nesse ambiente.
É o caso da Uber, empresa multinacional que conecta, de forma simples, motoristas de transporte privado e usuários, por meio de um aplicativo instalado no celular. Além disso, o serviço oferece corridas com preços mais acessíveis aos passageiros e com um padrão de qualidade diferenciado.
Em março, a companhia confirmou, em reunião com acionistas, uma queda abrupta de até 70% na quantidade de corridas realizadas em grandes cidades atingidas pela pandemia. Porém, Paranaguá parece estar seguindo no sentido contrário no que diz respeito à diminuição da procura pelo serviço.
Até mesmo motoristas parceiros do aplicativo e que residem em outras cidades estão vindo para o município oferecer as corridas, isto porque a demanda por aqui é grande. É o que explica o curitibano Cristian de Souza, que vem à cidade, diariamente, trabalhar.
“Resolvi procurar outras regiões para trabalhar, pois Curitiba está com muitos motoristas e acabamos ficando por muito tempo a espera. Cidades como Paranaguá, Joinville e Ponta Grossa estão tendo uma boa aceitação”, comenta.
Segundo ele, esse aumento no número de motoristas na capital se deu porque o coronavírus acabou gerando uma crise econômica que tem provocado milhares de demissões, e parte dessas pessoas que ficaram desempregadas, decidiram buscar na Uber uma forma de fazer dinheiro.
O motorista afirma, ainda, que, de certa forma, a pandemia acabou contribuindo para o crescimento desse mercado de trabalho em algumas áreas, pois muitas pessoas estão evitando utilizar o transporte público. “Aqui na cidade, a concorrência é somente com os taxistas, então existem muitos clientes”, esclarece.
“Retorno financeiro compensa”
Cristian explica que, apesar de ser um trabalho informal, já que os motoristas de aplicativos não possuem vínculos trabalhistas com as empresas, ainda assim, o retorno financeiro é compensatório. No entanto, ele destaca que não existe nenhum tipo de benefício ou garantia de direitos.
“Financeiramente compensa, mas, se nós, de aplicativos, pagássemos algum imposto, teríamos, de alguma forma, benefícios. Da forma com que trabalhamos, não possuímos, também, nenhum direito. Com relação a salário, também não temos, pois só tem quem possui registro na carteira, mas os ganhos são bons”, diz.
Antes de ser motorista de aplicativo, Cristian iniciou como taxista em 2011. “Era uma situação espetacular, eu trabalhava muito. Nesse ramo de transporte, além do ônibus existia somente os táxis, depois que vieram os aplicativos para autônomos”, relembra.
Oito anos depois, em dezembro do ano passado, ele decidiu sair do táxi e começar sua empreitada na Uber. “Resolvi parar de trabalhar com o táxi devido ao grande custo que havia por causa das taxas e diárias. Eu já não tinha mais como pagar, então chegou em uma situação em que precisava escolher entre pagar a diária ou levar dinheiro para casa”, conta.
Após migrar para os aplicativos, ele afirma que não se arrepende. “Estou feliz, tenho mais liberdade e posso decidir para onde ir sem ter que pedir para ninguém. Além disso, o principal é a aceitação da população, que vê na Uber uma empresa de qualidade e referência”, destaca o motorista.
Cristian conclui com um pedido de paz entre motoristas de aplicativos e taxistas. “A gente precisa olhar para o próximo sem pensar que ele é ou pode ser meu adversário, concorrente ou inimigo. Na verdade, há espaço para todos, pois o transporte nunca para”, finaliza.