Pessoas em situação de rua são as mais vulneráveis ao coronavírus
Desde a chegada do novo coronavírus, a Covid-19, ao Paraná, o Governo do Estado e os municípios estão tomando várias medidas para evitar a sua propagação, entre elas, decretos determinando que todos fiquem em casa e comércios sejam fechados para que não haja aglomeração de pessoas.
Dentro dessas medidas, pouco se fala das pessoas em situação de rua, que são as mais vulneráveis ao contágio do coronavírus. É o caso, por exemplo, de Constance, natural da Argentina, que faz malabarismo nos semáforos das ruas de Paranaguá.
Ela contou ao JB Litoral que, até o momento, não recebeu nenhuma orientação sobre os cuidados necessários para evitar a contaminação, e até mesmo informações sobre os serviços de assistência social oferecidos a esse público, realizados pelo Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop).
Além da Argentina, outros três homens relataram a mesma situação, entre eles, um brasileiro, natural de São Paulo, e dois compatriotas de Constance.
De acordo com a Prefeitura de Paranaguá, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), servidores e assistentes sociais priorizam pessoas que residam na rua, não as que se utilizam da via pública para obter algum tipo de renda.
Centro POP poderá ser usado
A secretaria informou, ainda, que se eles fizerem o cadastro no Centro Pop, sendo malabaristas, ou não, passarão a contar com todos os serviços disponíveis. O Centro Pop fica na Avenida Gabriel de Lara, 1088, próximo ao Posto Paranaguá.
Questionados sobre a possibilidade de encaminhá-los ao país ou estado de origem, a Semas disse que tal medida só pode ser realizada se a pessoa fizer a solicitação. “Esta situação nunca ocorreu e sim para viagem dentro do país, mas que isso acontece somente se o usuário fizer a solicitação. A partir daí é feito contato com a família para analisar o restabelecimento de vínculo. Existe, também, a confirmação de oportunidade de emprego, que gera pedido para viagem e assim é fornecida a passagem. É importante reafirmar que a condição dessa pessoa estar em situação de rua e vir para cá é por vontade própria, e dificilmente querem voltar. A legislação determina que esse direito tem que ser respeitado”.
Moradores de rua
Além das pessoas em situação de rua, que buscam alternativas para pagar pernoites em pensões, existe também a preocupação com os que passam dias e noites ao relento.
Nesse caso, o Governo Federal definiu algumas medidas para enfrentamento da emergência em saúde pública decorrente do novo coronavírus. De acordo com a Portaria 337/2020 do Ministério da Cidadania, o Estado deve garantir a oferta regular de serviços e programas socioassistenciais voltados à população mais vulnerável e em risco social.
Com isso, o JB Litoral questionou a Prefeitura sobre o atendimento prestado pela Semas a essa população. Em nota, ela informou que “está sendo organizada a questão do acolhimento temporário das pessoas em situação de rua, nos próximos dias, devido à pandemia de coronavírus. Já foram realizadas reuniões com elas, no Centro Pop, na semana passada, para tratar da questão, com orientação sobre os cuidados que devem ter, como lavagem das mãos. Também foram repassados equipamentos de proteção individual (EPIs) aos profissionais que atuam no espaço, sendo repassadas diariamente medidas para melhorar o atendimento”.
Após questionamentos feitos pela reportagem do JB Litoral, a prefeitura informou, por meio das redes sociais do prefeito Marcelo Elias Roque (PODEMOS), que a equipe responsável por este setor, junto as secretárias de Assistência Social (Semas), Esportes (Sespor) e Segurança (Semseg), preparou o Ginásio de Esportes Joaquim Tramujas, para que moradores em situação de rua possam ser acolhidos neste período de pandemia do COVID-19. “Não podemos deixar essas pessoas sem um lugar para o isolamento social”, postou o prefeito.