Pontal no topo do ranking: Rodrigo Cordeiro, bicampeão da Costeira Race, leva a cidade para o mapa nacional da pesca esportiva
A história de Rodrigo Cordeiro é uma prova de que a vida, como o mar, é imprevisível e cheia de surpresas. Ele desafiou as ondas da vida e encontrou seu lugar de destaque no mar, só que não como surfista profissional, como muitos imaginariam, mas em um campo diferente: a pesca esportiva. No início deste mês de maio, ele alcançou o auge ao vencer a Costeira Race Verão 2024, se destacando entre mais de 100 competidores de todo o Brasil, e se tornando o único bicampeão geral da histórica da competição, colocando Pontal do Paraná em destaque no cenário nacional da pesca esportiva.
O legítimo caiçara
Nascido e criado na Ilha do Mel, paraíso para os amantes do surfe e natureza, Rodrigo carrega em si a alma do mar, como um legítimo caiçara. Ainda jovem, ele já se destacava como surfista profissional, buscando seu espaço entre os melhores do país. “Tentei me dedicar ao surfe por mais tempo, mas naquela época, era um caminho difícil, não era tão lucrativo como hoje“, relembra.
A música, então, se tornou seu refúgio. Por uma década, ele tocou em bares da Ilha do Mel, Curitiba e das praias do Litoral. Além disso, também passou a empreender, foi proprietário de estabelecimentos na ilha.
Mas o destino lhe reservava um novo chamado. Há pouco mais de 10 anos, Pontal do Paraná se tornou seu novo lar, o palco de uma nova etapa em sua vida. Ali, Rodrigo encontrou um novo rumo, um terreno fértil para sua capacidade de empreender.
“Comecei com um trailer pequenininho, de dois por dois, e hoje, graças a Deus, temos um negócio bem grande aqui. Temos três empreendimentos em Pontal do Paraná. Deu super certo“, conta ao JB Litoral.
Impulsionado pela inspiração de seu pai, o pescador Targino, Rodrigo construiu uma carreira que une música, surf, empreendedorismo e sua dedicação à pesca.
Início na pesca
A pesca artesanal, sempre presente em sua vida como um hobby, uma atividade que o conectava à natureza e à tradição de sua família, ganhou um novo significado. A influência de amigos, que o introduziram ao mundo das iscas artificiais, despertou nele uma paixão irresistível. Mas foi a influência de seu pai, Targino, um pescador de 83 anos, que realmente o impulsionou.
“Quem me incentivou foi meu pai, seu Targino. Ele está com 83 anos, mas sempre foi um pescador muito bom. Só que é o pescador de isca natural. E claro, eu saindo para pescar com ele não teria como não aprender a pescar, né? Porque o cara é o rei da pesca aqui na região. Então ele foi a minha grande motivação“, confessa Rodrigo.
Costeira Race
A Costeira Race, um campeonato online que desafia os pescadores de todo o Brasil, se tornou o palco perfeito para ele mostrar seu talento. O formato da competição exige filmagens detalhadas da pescaria e precisão na medição dos peixes.
Rodriga revela que demorou para participar da competição porque se intimidava com o fato de o campeonato ser aberto para pescadores esportivos de todo o país. “Eu falava: ah, não vou nem entrar. Mas pensei bem e decidi participar em 2023, afinal, eu estava pegando uns peixes gigantes”, conta.
E sua confiança trouxe resultados positivos. Em sua primeira participação na competição, em 2023, ele conquistou o título, vencendo as três categorias principais: Esportivo, Brigadores e Geral, um feito inédito. Já neste ano, no verão de 2024, ele repetiu o feito, desta vez vencendo a categoria Geral, somando 654 pontos, em uma disputa ainda mais acirrada contra os melhores pescadores do país.
“Este ano, ganhar de novo, na categoria geral, foi um negócio que me deixou bem mais feliz que a primeira vez, porque no primeiro campeonato que participei não tinha tanta gente boa quanto agora neste verão“, revela, reconhecendo o alto nível da competição.
O pescador esportivo e empresário explica como funciona a competição online. “Você tem que fazer o vídeo bem filmado, é rigoroso. Precisa estar na lancha, pescando com uma câmera boa ou levar alguém para filmar. No meu caso, eu tenho minha GoPro, meus equipamentos de filmagem, mas sempre estou com meu irmão. Tem que filmar o peixe na água, você brigando com o peixe ali e aí puxando ele para dentro do barco, mostrando que o peixe está bem vivo. E aí tem que colocar ele na régua própria do campeonato. Depois que você medir, tem que falar a senha, porque sem a senha também não vale nada”, explica, mostrando que não é porque a competição é online, que o trabalho é fácil.
Reconhecimento nacional
O bicampeonato catapultou Rodrigo Cordeiro para um novo patamar, trazendo reconhecimento nacional e patrocínios, abrindo portas para um futuro promissor. O pescador que antes buscava seu lugar no mar, agora inspira outros a trilhar o caminho da pesca esportiva, a construir uma carreira nesse universo.
A próxima onda que ele irá enfrentar será a de trazer um evento de pesca de alto nível para sua região, um projeto ambicioso que tem o potencial de impulsionar o turismo e a economia local. “Minha vontade é trazer uma etapa de um campeonato para Pontal, ou de repente até para Paranaguá, na Ilha do Mel. Fazer um campeonato bem legal, porque o turismo da pesca é muito bom. É um turismo que tem dinheiro“, explica, com entusiasmo, a visão de um futuro brilhante para o esporte na região.