Porto de Paranaguá é celeiro de empresas de sucesso: conheça a história de Diomar Bozi, dono da Sudmar


Por Luiza Rampelotti Publicado 17/03/2023 às 16h37 Atualizado 18/02/2024 às 07h10

Abrigando o maior porto graneleiro da América Latina, é fácil compreender porque a economia de Paranaguá gira em torno do setor portuário. Dados do Ministério do Trabalho apontam que a atividade é a maior geradora de empregos na cidade e, todos os meses, injeta R$ 33 milhões em salários.

Mas, além disso, há uma grande contribuição através dos impostos. No município, 15% de tudo que é arrecadado pelo poder municipal vem de empresas que atuam no porto.

Com um cenário tão favorável, é natural que surjam empresas no ramo e, aquelas que perseveram, se consolidem. Este foi o caso da Sudmar Transporte Rodoviário de Cargas, de propriedade do parnanguara Diomar Pereira Bozi.

De pai para filho

Com uma história profissional iniciada ainda na pré-adolescência, Diomar enfrentou tantos reveses que poderiam desanimar até a mais persistente e sonhadora pessoa, mas não a ele. Nascido na Colônia Santa Cruz, área rural de Paranaguá, aos 12 anos se viu com a responsabilidade de assumir o negócio da família, pois o pai biológico faleceu.

Quando meu pai morreu, ele madurava banana no sítio e levava para a cidade de carroça. Assumi e resolvi melhorar o negócio, então, fiz um rolo com um rapaz e dei carroça, cavalo, galinha, porco, tudo o que tinha, e troquei por uma rural, mas como era uma criança, não tinha carteira, então tive que contratar um motorista que trazia as bananas para Paranaguá”, relembra.    

No entanto, não passou muito tempo e Diomar sofreu o primeiro queda profissional. O veículo comprado quebrou na estrada e, chateado, ele vendeu a Ford Rural com tudo o que tinha dentro, inclusive as bananas. 

Nascido e criado na Colônia Santa Cruz, zona rural de Paranaguá, muito cedo Diomar assumiu a responsabilidade do negócio da família, já que seu pai faleceu. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

Voltei à estaca zero. Vim para Paranaguá e fui trabalhar de servente de pedreiro com um primo. Ele tinha vontade de ter um comércio de verdura e fez uma pequena quitanda para mim na Vila Cruzeiro. Ali deu certo e decidi alugar um box no Mercado Municipal, mas não foi muito legal e acabei desistindo”, conta Diomar.

Da derrota ao próprio negócio

Eis o segundo baque. Diomar precisou voltar para o sítio, na Colônia Santa Cruz, mas não demorou muito e logo voltou para a cidade, onde começou a trabalhar de servente de pedreiro por conta própria. Foi bem nesta época que ele conheceu sua esposa, Suze Bozi.

A gente se conheceu no ônibus escolar porque íamos para escola à noite. Logo começamos a namorar e ele perguntou se eu tinha vontade de abrir uma banca de frutas e verduras. Comentei que nunca tinha pensado nisso, mas nós fomos tentar”, relembra Suze.

Com a namorada, Diomar encontrou um ponto perfeito para dar início ao mais novo empreendimento: na Avenida Roque Vernalha. No local, bem próximo ao Porto dos Padres, já existia uma quitanda de frutas e verduras.

Procurei o proprietário, seu Roberto Bertolace, e perguntei se ele tinha interesse em alugar o ponto. Ele me perguntou para quem era, porque eu era muito novo, mas disse que conseguiria tocar e ele me deu o voto de confiança”, diz.

Roberto Bortolace, Suze e Diomar Bozi se reencontraram décadas após o casal alugar o ponto comercial que se transformou em casa. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral


O novo comércio ficou sob a responsabilidade da então namorada, já que Diomar ficava encarregado de buscar as frutas e verduras. Suze morava com os pais no Morro Inglês, zona rural, e ia para Paranaguá todos os dias de ônibus. Até que um dia aconteceu uma greve de motoristas e ela não conseguiu voltar para casa. Aí começou a ‘vida de casado’ para o casal.

Como ela não conseguiu voltar para casa, falei para ficar lá na quitanda, e, ali, fizemos um barraquinho para morar e começamos a morar juntos”, conta Diomar.

Da quitanda à mercearia

Toda a história relatada acima aconteceu há cerca de 30 anos. No mesmo período, Diomar resolveu comprar uma kombi e também ir para a rua vender verduras. Suze ficou na banca da Roque Vernalha e ele vendia na rua, no alto falante, enquanto um irmão cuidava de outra barraquinha de frutas.

Com a kombi, eu passava muito nesse bairro onde está a Sudmar hoje, no Parque São João. Um dia vi esse terreno para comprar, negociei, emprestei dinheiro de um, de outro, e comprei. Aqui comecei a construir uma mercearia. Para a minha surpresa, no primeiro dia que abri, fui para a Ceasa e, quando voltei, já tinha vendido muita coisa”, comenta.

Juntos, o casal que dá nome à empresa – Su, de Suze, e Dmar, de Diomar – superou as dificuldades e conquistou o sucesso. Foto: Felipe Luiz Alves/JB Litoral

Com o sucesso da mercearia, Diomar decidiu investir em mais um veículo. Ele comprou um caminhão usado, mas relembra que o investimento não deu certo. Como o frete, na época, estava ruim, ele tirou a carroceria, colocou uma caçamba e começou a trabalhar na cooperativa, onde passou a puxar farelo.

Da mercearia à Sudmar Transporte

Um tempo depois, apareceu outro caminhão para vender, então dei aquele e mais um dinheiro e comprei. Assim comecei a fazer umas viagens por perto. Mais um tempo depois, comprei outro caminhão e passei aquele para um motorista e fui viajar com este segundo. Continuei, o serviço foi abrindo as portas, as coisas foram acontecendo, e comprei o terceiro caminhão. Em 2001, comprei o primeiro cavalinho”, narra.

A Sudmar surge, oficialmente, em 2005, quando Diomar já fazia o serviço de transporte de carga. A mercearia, localizada no Parque São João, se transformou no escritório da empresa.

Em 2007, ele conquistou o primeiro caminhão zero quilômetro. “Eu tinha feito um consórcio, nos anos 2000, já tinha até quitado, até que, em 2006, teve um evento do consórcio e, nesta ocasião, chegou o caminhão, no meio da fumaça e tudo. Até chorei quando o vi, lembrei de tudo o que já tinha passado para chegar naquele momento”, conta.

Depois, em 2008, a empresa começou a buscar mais clientes através de um representante comercial. Em 2008, Diomar pegou o segundo caminhão zero quilômetro, em 2009 foram mais dois e, a partir daí, a Sudmar só cresceu.

Hoje temos aproximadamente 100 funcionários, cerca de 50 caminhões e um total de mais de 100 equipamentos. Nosso segmento é no contêiner e carga solta, mais o cross docking do nosso pátio, armazenagem de mercadoria, carga fracionada, carga dedicada, além de todas cargas de importação e exportação. Temos filial no porto de Itapoá (SC) e atendemos a todos os portos do Paraná, Santa Catarina e o porto de Santos (SP)”, conclui Diomar Bozi.

Assista ao vídeo completo sobre a história de Diomar Bozi